*Fervor de Santo Antônio*
```Meditação```
Trabalhando pela salvação das almas e para a glória de sua Ordem, Santo Antônio não se descuidava de sua própria perfeição. Não ignorava que a carne domina o espírito e quando se deixa dominar por ela um instante, se não renovar as suas provisões, fica logo arruinado. Serviu-se então, desde o primeiro dia de sua vida até ao último, dos meios que todos os santos empregaram para se manter no fervor, quer dizer, na vigilância sobre os sentidos: a oração e a mortificação. Em vão quer-se ir a Deus por um outro caminho; os santos sem esses meios cairiam no relaxamento, seriam privados das graças interiores para si mesmos e dos dons sobrenaturais para o próximo. Santo Antônio rezava com lágrimas e sem cessar. Sem falar no Ofício Divino que rezava sempre com grande piedade, celebrava todas as manhãs os santos mistérios com um fervor verdadeiramente angélico, preparando-se sempre pela oração e meditação. Sempre, durante o dia, elevava seu coração para a Rainha do Céu. Gostava de repetir: Ó gloriosa Soberana! Ó gloriosa Senhora! Era como a respiração de sua alma. De porte grave e doce, costumava dizer, como São Francisco, que a simplicidade é uma prédica. O silêncio, o recolhimento, a vida escondida em Deus faziam suas delícias. Muito austero era seu modo de vida, recusando ao corpo tudo o que não era rigorosamente necessário. Praticava os votos e a obediência regular, com toda perfeição.
_Ó grande Santo Antônio, o profundo conhecimento que tínheis de vós mesmo vos tornava sempre prudente; sabíeis que não se deve presumir de si mesmo, por mais sublime que seja a vocação a que Deus nos destine e os favores que nos faça. Vossa prudência consistia em rezar muito, velar sobre os sentidos, mortificar o corpo e o espírito e praticar, à letra, a regra que abraçastes. Tornastes-vos santo, porque perseverastes no emprego desses meios. Se eu os tivesse empregado com fidelidade e perseverança, estaria hoje muito adiantado na virtude; mas, como confiei em minhas forças, quis ouvir minha preguiça e sensualidade, em uma palavra, porque desejei o fim sem empregar os meios, estou ainda sob o peso de minhas más inclinações._