terça-feira, 31 de dezembro de 2024

São Silvestre I, o Papa que “recebeu” a Igreja de Constantino - 31 de dezembro

 

São Silvestre I, o Papa que “recebeu” a Igreja de Constantino

Origens
São Silvestre I apagou-se ao lado de um Imperador culto e ousado como Constantino,

 o qual, mais do que o servir, teria, antes, servido – se dele, da sua simplicidade e 

humanidade, agindo por vezes como verdadeiro Bispo da Igreja, sobretudo no Oriente,

 onde recebeu o nome de Isapóstolo, isto é, igual aos apóstolos.

A Intromissão de Constantino
Na realidade, nos assuntos externos da Igreja, o Imperador considerava-se acima dos

 próprios Bispos, o Bispo dos Bispos, com inevitáveis intromissões nos próprios 

assuntos internos, uma vez que, com a sua mentalidade ainda pagã, não estava 

capacitado para entender e aceitar um poder espiritual diferente e acima do civil ou

 político.

A prudência de São Silvestre I
E, talvez, São Silvestre I, na sua simplicidade, tivesse sido o Papa ideal para a 

circunstância. Outro Papa mais exigente, mais cioso da sua autoridade, teria irritado 

a megalomania de Constantino, perdendo a sua proteção. Ainda estava muito viva a

 lembrança dos horrores que passara a Igreja no reinado de Diocleciano, e São 

Silvestre I, testemunha dessa perseguição que ameaçou subverter por completo a 

Igreja, preferiu agradecer este dom inesperado da proteção imperial e agir com 

moderação e prudência.

São Silvestre I, 33º Papa da Igreja Católica

Medida exorbitante de Constantino
Constantino terá certamente exorbitado, mas isso ter-se-á devido ao desejo de manter

 a paz no Império, ameaçada por dissensões ideológicas da Igreja, como na questão

 do donatismo que, apesar de já condenado no pontificado anterior, vê-se de novo

discutido, em 316, por iniciativa sua.

Agitação de Ario
Dois anos depois, gerou-se nova agitação doutrinária mais perigosa, com origem na 

pregação de Ario, sacerdote alexandrino, que negava a divindade da segunda Pessoa 

e, consequentemente, o mistério da Santíssima Trindade. Constantino, inteirado da 

agitação doutrinária, manda mais uma vez convocar os Bispos do Império para 

dirimirem a questão. Sabemos pelo Liber Pontificalis, por Eusébio e Santo Atanásio,

 que o Papa dá o seu acordo e envia, como representantes seus, Ósio, Bispo de 

Córdova, acompanhado por dois presbíteros. Ele, como dignidade suprema, não se 

imiscuiria nas disputas, reservando-se à aprovação do veredito final. Além disso, não

 convinha parecer demasiado submisso ao Imperador.

Heresia de Ario
Foi o primeiro Concílio Ecumênico (universal) que reuniu em Niceia, no ano 325, mais

 de 300 Bispos, com o próprio Imperador a presidir em lugar de honra. Os Padres 

conciliares não tiveram dificuldade em fazer prevalecer a doutrina recebida dos

 Apóstolos sobre a divindade de Cristo, proposta energicamente pelo Bispo de 

Alexandria, Santo Atanásio. A heresia de Ario foi condenada sem hesitação; e a

 ortodoxia trinitária ficou exarada no chamado Símbolo Niceno ou Credo, ratificado por

 São Silvestre I.

O final de um grande Pontificado

Inauguração de Constantinopla
Constantino, satisfeito com a união estabelecida, parte no ano seguinte para as 

margens do Bósforo onde, em 330, inaugura Constantinopla, a que seria a nova 

capital do Império, eixo nevrálgico entre o Oriente e o Ocidente, até a sua queda em

 poder dos turcos otomanos em 1453.

Doação Constantiniana
Data dessa altura a chamada doação constantiniana, mediante a qual o Imperador 

entrega à Igreja, na pessoa de São Silvestre I, a Domus Faustae, Casa de Fausta,

 sua esposa, ou palácio imperial de Latrão (residência papal até Leão XI), junto ao 

qual se ergueria uma grandiosa basílica de cinco naves, dedicada a Cristo Salvador e,

 mais tarde, a São João Batista e São João Evangelista (futura e atual catedral 

episcopal de Roma, S. João de Latrão). Mais tarde, doaria igualmente a própria

 cidade.

Páscoa
Depois de um longo pontificado (de 314 a 335), cheio de acontecimentos e

 transformações profundas na vida da Igreja, morre São Silvestre I, no último dia do 

ano 335, dia em que a Igreja venera a sua memória. São Silvério foi sepultado no 

cemitério de Priscila. Os seus restos mortais foram transladados por Paulo I (757-767)

 para a igreja erguida em sua memória.

Minha oração

“Ó grande defensor da fé, ilustre sábio da doutrina, defendei o povo fiel do mal das

 heresias, das mentalidades mundanas e de tudo o que nos circunda contra os valores

 humanos. Te rogamos a lucidez da doutrina e a graça de amar o Deus verdadeiro e

 servir a única Igreja. Amém.”

São Silvestre I, rogai por nós!

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 1,1-18

 Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 

1,1-18

No princípio era a Palavra,
e a Palavra estava com Deus;
e a Palavra era Deus.

No princípio estava ela com Deus.

Tudo foi feito por ela 

e sem ela nada se fez de tudo que foi feito.

Nela estava a vida, 

e a vida era a luz dos homens.

E a luz brilha nas trevas,
e as trevas não conseguiram dominá-la.

Surgiu um homem enviado por Deus;
Seu nome era João.

Ele veio como testemunha,
para dar testemunho da luz,
para que todos chegassem à fé por meio dele.

Ele não era a luz,
mas veio para dar testemunho da luz:

daquele que era a luz de verdade,
que, vindo ao mundo,
ilumina todo ser humano.

A Palavra estava no mundo
- e o mundo foi feito por meio dela -
mas o mundo não quis conhecê-la.

Veio para o que era seu,
e os seus não a acolheram.

Mas, a todos que a receberam,
deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus
isto é, aos que acreditam em seu nome,

pois estes não nasceram do sangue
nem da vontade da carne
nem da vontade do varão,
mas de Deus mesmo.

E a Palavra se fez carne 

e habitou entre nós.
E nós contemplamos a sua glória,
glória que recebe do Pai como filho unigênito,
cheio de graça e de verdade.

Dele, João dá testemunho, clamando:
"Este é aquele de quem eu disse:
'O que vem depois de mim 

passou à minha frente,
porque ele existia antes de mim' ".

De sua plenitude 

todos nós recebemos graça por graça.

Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, 

mas a graça e a verdade 

nos chegaram através de Jesus Cristo.

A Deus, ninguém jamais viu.
Mas o Unigênito de Deus, 

que está na intimidade do Pai,
ele no-lo deu a conhecer.

Apolônio de Carvalho

"RECOMEÇAR"

#PassaPalavra: (31/Dezembro/2024)

O acto corajoso de recomeçar permite-nos deixar o passado para trás e abraçar um novo presente. É uma oportunidade para aprender com os erros, renovar a esperança e seguir em frente com determinação.

Recomeçar significa abrir as portas para novas oportunidades e definir novos objectivos e metas, criando um novo plano de acção.

Se soubéssemos de antemão as inúmeras vantagens do recomeço, não hesitaríamos em tomar esta decisão, pois com ele vem uma maior confiança em nós mesmos, uma melhor qualidade de vida e desenvolvimento pessoal.

O recomeço, quando feito com amor e por amor, ajuda-nos a sermos pacientes e insistentes nos objectivos, e a não sermos persistentes nos erros; aprendemos a lidar com o medo e a incerteza e a desfrutar de todo o caminho a percorrer e não apenas do destino final.

O nosso passado, bom ou mau, é uma lição; o presente é a realidade e a acção; o futuro ainda é uma promessa.

(Apolonio Carvalho Nascimento)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Sagrada Família, um modelo para a atualidade - 30 de dezembro

 

Sagrada Família, um modelo para a atualidade

Origem
As origens da festa litúrgica remontam ao século XVII. Em 1895, Leão XIII fixou a 

celebração no terceiro domingo depois da Epifania; Bento XV, em 1921, colocou-o na

 oitava da Epifania; e, atualmente, a reforma litúrgica de 1968 fixou-o no domingo 

depois do Natal.

Nomenclatura
A Sagrada Família, como o nome sugere, é “sagrada” e “única” ao mesmo tempo. 

“Santo”, porque cada um dos seus componentes é santo: o Menino é Santo por 

natureza; a Mãe é santa por privilégio; e José é justo pela graça.

A Santidade
A santidade de toda a família é dada pela soma da santidade desigual de cada

 componente individual. “Única”, porque historicamente não houve outra família igual 

nem jamais haverá a mesma. E isso pelo simples fato de que cada membro de uma

 mesma família, como pessoa, não é apenas único e irrepetível, mas também 

exclusivo, pois a predestinação absoluta de Cristo e Maria é uma e única, e a

 santidade de José é declarada oficialmente a partir de Deus.

Sagrada Família: contemplemos a casinha de Nazaré

Empenho da família
O Natal já nos mostrou a Sagrada Família reunida na gruta de Belém, mas, hoje, 

somos convidados a contemplá-la na casinha de Nazaré, onde Maria e José se 

empenham em fazer crescer, dia após dia, o Menino Jesus. Os artistas, muitas vezes,

 o faziam em mil situações e atitudes, colocando a Santíssima Virgem ao lado de seu 

Menino em primeiro plano, ou o bom São José na carpintaria onde a criança também 

aprende o trabalho humano, brincando. Assim, as famílias são chamadas a realizar o 

mesmo para com Deus e seus filhos.

Amor e culto a Deus
Podemos intuir também o imenso acontecimento que se realiza em Nazaré: poder 

amar a Deus e amar o próximo com um único gesto indivisível! Com efeito, para Maria

 e José, o Menino é o seu Deus e o seu próximo mais querido. Foi, portanto, em

 Nazaré que os atos mais sagrados (rezar, conversar com Deus, ouvir a sua Palavra, 

entrar em comunhão com ele) coincidiam com as expressões coloquiais normais que 

toda mãe e todo pai dirigem ao filho. 

Neste dia, somos convidados a refletir sobre a nossa família

O início da história de todas as famílias cristãs
Foi em Nazaré que os “atos de culto devidos a Deus” (os mesmos que, entretanto, se 

celebravam no grandioso templo de Jerusalém) coincidiram com os habituais cuidados

 com que Maria vestiu o Menino Jesus, lavou-o, alimentou-o, entregou-se a seus jogos.

 Foi então que começou a história de todas as famílias cristãs, para as quais tudo

 (os afetos, os acontecimentos, a matéria da vida) pode ser vivido como sacramento: 

verdadeiro sinal e antecipação de um amor infinito. 

Exemplos para as famílias atuais
Certamente, a passagem da “sagrada família” à família humana é muito delicada e

 complexa. O primeiro serve de exemplo para toda família que deseja inspirar-se no 

desígnio autêntico de Deus. Um exemplo que se adapta a cada Personagem: a Cristo,

 autor da Vida e do Amor; a Maria, a primeira discípula; e a José, o primeiro seguidor

 de Maria. A família, em si mesma, constitui o núcleo vital da sociedade e da 

comunidade eclesial. No entanto, tudo depende da fé na sacramentalidade do

 matrimônio que os esposos devem reconhecer, aceitar, amar e permanecer fiéis a ela. 

É preciso escolher o amor

A Escolha 

Hoje, parece que justamente esta característica específica está em crise, para que 

uma nova evangelização ajude o povo de Deus nesta recuperação. Seria desejável 

que os esposos tivessem sempre claro na escolha do amor o belo pensamento do

 Concílio Vaticano II: “a família é o lugar onde as diversas gerações se encontram e

se ajudam mutuamente para alcançar uma sabedoria humana mais completa e

 harmonizar as direitos da pessoa com as demais necessidades da vida social…” 

(GS 52). Para alcançar esta nobre meta espiritual de natureza cristocêntrica, o 

Concílio continua: Esta é uma parte do mistério da Sagrada Família.

Minha oração

“Ó Sagrada Família de Nazaré, ali Deus foi amado e cultuado com os mais altos

 louvores, dai a nós por tua intercessão o mesmo amor e cuidado com Deus. Ao 

mesmo tempo, rogamos ao Pai celeste que derrame nas nossas famílias graças

 especiais a fim de vivermos para transformar a sociedade através do testemunho e

 exemplo. Amém.”

Sagrada Família, rogai por nós!