São Marcelo mártir
O martírio de são Marcelo está estreitamente ligado ao de são Cassiano, e sua Paixão é um belo exemplo de
autenticidade, graças a sua prosa enxuta, essencial e sem digressões, sem os enriquecimentos usuais na história
dos primitivos cristãos.
Marcelo era um centurião do exército romano da guarnição de Tânger. Como tal foi enviado a participar
dos festejos do aniversário do imperador Diocleciano. Era sabido que em tal circunstância os participantes
deviam honrar uma estátua do imperador com um gesto (lançar incenso no braseiro posto a seus pés) que
os cristãos consideravam idolátrico.
Marcelo recusou-se a fazê-lo e, para mostrar-se coerente, retirou as insígnias de centurião, jogou-as aos
pés da estátua e se declarou cristão. Por muito menos isso seria passível da pena capital.
Foi chamado o escrivão para que redigisse uma ata oficial sobre a rebeldia do centurião. O funcionário
— em latim, exceptor — recusou-se a redigir as atas processuais. Imitando o centurião Marcelo, jogou
fora a pena, protestou pela injustiça perpetrada contra os inocentes, condenados à morte por adorarem
o único e verdadeiro Deus, e declarou-se também ele cristão.
Foram ambos aprisionados e poucos dias depois sofreram o martírio: Marcelo em 30 de outubro, e Cassiano
em 3 de dezembro. O poeta Prudêncio dedica-lhes um hino.
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