VIDA
PÚBLICA!
Nosso primeiro Bispo Diocesano, Dom Alberto José Gonçalves, foi
Deputado Estadual do Paraná, Deputado Federal e Senador. Diremos que isso foi
no século passado. Ouve-se de bons lábios cristãos católicos, que Religião e
Política não se misturam. Não obstante no século XXI e Terceiro Milênio da Era
Cristã, muitos de nossos bons Cristãos Católicos ainda são da opinião de que o
lugar do Padre é na Sacristia e que não deve se “meter na política”.
Antes do Concílio Ecumênico Vaticano
II, havia três autoridades nas cidades de nosso imenso País, especialmente no
Interior: O Vigário, o Prefeito e o Juiz, não necessariamente nessa ordem. A
partir do mesmo Concílio a Igreja Católica vem incentivando seus fiéis, através
do Magistério, das Conferências Episcopais, especialmente “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil sempre se manifestou sobre
questões políticas”. Como Mãe e Mestra, a Igreja não tem medido esforços na
formação de consciência política, consciência cidadã e consciência crítica,
resgatando através do diálogo respeitoso a dignidade do povo, buscando à luz do
Evangelho, o resgate do Reino de Deus, que é um reino de justiça.
É bem verdade que não devemos
confundir Homilias com Discursos Políticos e muito menos sermos partidários
políticos. Mas nossa Igreja se declina sobre a afirmação do Documento de
Aparecida, n. 395: “A Igreja se sente
chamada a ser ‘advogada da justiça e defensora dos pobres diante das
intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu’. Para
cumprir essa missão, a Igreja incentiva os fiéis a interagir com a política”.
Já o Papa Francisco na Evangelii Gaudium, n. 183 afirma que não
podemos ficar indiferentes diante dos desafios que se nos impõem os Poderes
Constituídos, e que “Uma fé autêntica –
que nunca é cômoda nem individualista – (passiva ou intimista, mera
cumpridora de preceitos, sem que a fé seja confrontada com obras e compromisso
de mudança daquilo que não vai bem)
comporta sempre um desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra
um pouco melhor depois da nossa passagem por ela”.
São inevitáveis determinadas
expressões como poder e cargos,
embora confesse tais denominações inconvenientes seja na política, como na
sociedade, uma vez que qualquer detenção de poder, ou deferimento de qualquer
cargo, tanto na política, e mais ainda em nossas atividades pastorais, se não
for convertido em serviço, certamente será de dimensões desastrosas tanto para
quem os detém, quanto para quem deles deveria ser beneficiado. Aqui prevalece o
mandamento dado pelo próprio Cristo naquela noite em que instituiu a
Eucaristia, a alma da Igreja: “Se eu, o
Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos
outros. Deixei-vos o exemplo, para que façais assim como eu fiz para vós” (Jo 13,14). “Eu vos dou um novo
mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis
amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se
vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35). “Quem quiser ser grande,
seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos” (Mc 10,43-44).
Me parece vergonhoso o que temos
assistido em nosso Congresso Nacional – Câmara de Deputados e Senado: leis que
anistiam os partidos e congressistas que cometeram crimes eleitorais, ignorando
a Lei da Ficha Limpa; o inconformismo com a exigência de mínima transparência
em relação às emendas parlamentares, especialmente as tais “Emendas PIX”; leis
que visam somente a “zona de conforto dos legisladores” em detrimento de quem
os elegeu; a infiltração de milícias e PCCs nos partidos antes sérios e nem por
último a ganância da impunidade parlamentar, deixando os congressistas à
vontade de crimes, desde os mais medíocres aos mais graves. Há quem diga: “Quer
roubar, matar, cometer os mais diversos delitos, sem ser condenado, seja
deputado”! Nem todos são assim, mas poucos escapam de sê-lo lamentavelmente.
Por isso, precisamos estar sempre muito atentos em quem votaremos, até nas
próximas eleições a Prefeitos e Vereadores!
Poder e cargos na vida pública, se
não convertidos em serviço desinteressado, adoece nossas Instituições e impõem
pesados fardos sobre o povo de uma Nação!
Pe.
Gilberto Kasper
Teólogo
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