Primeiro grupo de motociclistas católicos do Brasil fundado em maio de 2016. REGISTRADO NO TOMBO DA PARÓQUIA DE SANTA ÂNGELA DE RIBEIRÃO PRETO
segunda-feira, 23 de maio de 2022
Padre Gilberto Kasper - comentário
A IGREJA NÃO PODE SER COMPREENDIDA COMO SUPERMERCADO DE SACRAMENTOS!
Pe. Gilberto Kasper
pe.kasper@gmail.com
Mestre em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia Santa Tereza de Ávila, Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Meus próximos artigos pretendem tratar de inúmeros pedidos, começando pela procura de Batizados. São pessoas muito queridas que enviam mensagens por WhatsApp, E-mail ou que ligam pedindo informações sobre o que é necessário para batizarem seus filhos. Com muita ternura respondo que não trato a celebração de batizados, a não ser pessoalmente. Mesmo assim pergunto à qual Comunidade Paroquial pertencem e qual Igreja frequentam. Impõem-se de pronto um silêncio do outro lado da linha. Depois de repetir a pergunta, as respostas são as mais estranhas possíveis: uns dizem que não participam de nenhuma Paróquia, outros afirmam participar de Missas em Paróquias diversas de acordo com sua disponibilidade, e outros ainda dizem que na Paróquia que frequentam ou não há horários disponíveis ou não foram aprovados para batizar seus filhos.
Alguns aceitam uma conversa preliminar presencial, já outros desligam o telefone com a impressão de descontentamento, e ainda outros somem porque não participam de nenhuma Comunidade. O Batizado, a não ser em casos emergenciais, deve sempre ser celebrado juntamente com a Comunidade de Fé, Oração e Amor. O Batismo, sendo o primeiro Sacramento da Iniciação Cristã, é a porta de entrada para a grande Família de Deus. A criaturinha batizada, mergulhada na Pia ou Bacia Batismal, celebra seu segundo parto, nascendo do útero da Igreja. Pais, Padrinhos e Familiares renovam naquela ocasião suas próprias Promessas Batismais, prometendo educar na mesma fé, que eles um dia receberam, a criança, agora adotada como filhinha de Deus!
Quando, nas celebrações dos Batizados pergunto aos pais e padrinhos, se sabem o dia em que foram batizados, a maioria diz “não”. Fico triste, porque se não sabem o dia do batismo, como podem afirmar que o celebram e que o vivem, conscientemente, inseridos e comprometidos numa Comunidade?
Gosto de comparar a fé recebida no Batismo, contando uma pequena estória: Um moço pretende noivar com a menina por quem se sente apaixonado. Vai à casa dos pais dela para pedi-la em noivado. Antes passa numa joalheria para comprar o anel de noivado. A atendente que lhe vende um belíssimo anel de brilhantes, embrulha-o num lindo estojo aveludado e faz um bonito pacotinho de presentes, com fitinha e o selo da joalheria. Já na casa da menina, o rapaz faz o pedido e entrega-lhe o pacote com o anel de noivado. A moça fica encantada com o embrulho. Nem se dá o trabalho de abrir o lacinho e desembrulhar o estojo que contém o anel de brilhantes. Recebe o pacote e corre para escondê-lo na última gaveta de sua camiseira, a fim de que ninguém o encontre. Fica lá escondido e somente ela sabe onde o guardou. É exatamente o que muitos fazem com a fé (aqui comparada ao anel de brilhantes) recebida no dia do seu batismo. Escondem-na e ninguém mais verá, como o anel que deveria brilhar no dedo da moça, a fé não é demonstrada a mais ninguém. Fé que não brilha é fé sem obras. É fé ensimesmada!
Ao final de cada batizado costumo entregar uma Bíblia aos pais, lembrando que eles são os primeiros catequistas de seus filhos. A maioria terceiriza a catequese dos filhos, como terceirizam o aprendizado da alfabetização, da natação e de tantas outras atividades, quando a criança já aprendeu a andar, falar e até a cantar as músicas de cantoras famosas.
É na Comunidade de Fé, Oração e Amor que as Famílias encontram suporte para acolher, inserir e transmitir os valores religiosos aos seus filhos. Numa das Comunidades em que sirvo, um menino de um aninho de idade acompanha os pais às celebrações todos os sábados. O pai toca violão e serve a Comunidade através do Ministério da Música. Já a mãe participa cuidando do filhinho, que corre de um lado a outro expressando uma alegria imensa e gesticulando as mãozinhas, como que rezando e cantando com a Comunidade. Logo esse menino, a exemplo dos pais, estará servindo sua Comunidade, porque se sente acolhido e amado por ela. Já os que depois dos batizados “sumiram”, talvez continuem compreendendo a Igreja como supermercado de sacramentos, e isso precisa mudar!
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