O CONCÍLIO E O ECUMENISMO!
Parte I
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
O Decreto sobre o Ecumenismo “UNITATIS
REDINTEGRATIO” (UR) foi
oficialmente promulgado no dia 21 de novembro de 1964 pelo Papa São Paulo VI, que
teve como resultado 2.137 votos a favor e 11 contra, por parte dos Padres
Conciliares.
O Concílio Vaticano II foi o
vigésimo primeiro concílio ecumênico. Os oito primeiros ocorreram no primeiro
milênio e trataram principalmente sobre a cristologia e a pneumatologia. Os
seguintes, que tiveram como protagonistas principalmente os bispos do Ocidente
– costuma-se datar a separação declarada entre Constantinopla e Roma do ano
1054 – e que ocorreram na Idade Média, se pautaram muito mais por questões de
disciplina eclesiástica.
Ao recebermos o “Itinerário Sinodal”
para a Fase Arquidiocesana da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos
Bispos 2023 convocado pelo Papa Francisco, nosso Arcebispo Metropolitano, Dom
Moacir Silva, escreveu: “O presente texto está em plena conformidade com o
Documento Preparatório: ‘Para uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e
missão’ e o Vade-mécum para o Sínodo sobre a Sinodalidade; este Itinerário foi
preparado pela nossa Comissão Especial para o Sínodo”. Já a Comissão Especial
para o Sínodo em sua apresentação e saudação inicial afirma: “A Igreja
reconhece que a sinodalidade é parte integrante da sua verdadeira natureza. Ser
Igreja sinodal exprime-se nos Concílios ecumênicos, nos Sínodos dos Bispos, nos
Sínodos diocesanos e nos Conselhos diocesanos e paroquiais. Há muitas maneiras
pelas quais já experimentamos formas de ‘sinodalidade’. No entanto, ser Igreja
sinodal não se limita a estas instituições já existentes. De fato, a
sinodalidade (que significa caminhar juntos) não é tanto um
acontecimento ou um slogan, mas um estilo e uma forma de ser pela qual a Igreja
vive a sua missão no mundo. A missão da Igreja exige que todo o Povo de Deus
esteja num caminho em conjunto, com cada membro a desempenhar o seu papel
crucial, unidos uns aos outros. Uma Igreja sinodal em comunhão para prosseguir
uma missão comum por meio da participação de cada um dos seus membros” (Itinerário Sinodal da
Comissão Especial para o Sínodo p. 04 e 06).
O Sínodo é sem dúvida, uma revisita ao Concílio Ecumênico Vaticano
II. O Documento Preparatório recorre aos pilares da Comunhão e Participação que
conduziram a IIª Conferência Episcopal Latino-americana e Caribenha de Puebla
em 1979, bem como ao pilar da Missão que norteou a Vª Conferência de Aparecida
em 2007. Minha reflexão pretende retomar a questão do Ecumenismo na Igreja, de
certa forma esquecida, excluída e rechaçada por razoável número de fiéis
católicos, seja por inocente ignorância, seja por convicção de não aceitarem o
diálogo inter-religioso, mesmo sabendo que Deus quer uma “Igreja Sinodal” e por
conseguinte, uma Igreja madura e disposta ao diálogo também com o “diferente”!
Geralmente quando se fala sobre o CONCÍLIO VATICANO II omite-se o termo “Ecumênico”. Nunca me
atrevi a emitir juízos ou críticas do por que da omissão. Apenas me intrigava o
fato de principalmente nós, os católicos, omiti-lo. Passei então a ouvir fiéis
de nossas Comunidades de Fé, como Agentes de Pastoral, Pessoas comprometidas
com o crescimento de nossa vida eclesial, e percebi que a maioria ignora
tratar-se de um CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II. Não me
surpreendi, porque a história deste decreto é bastante complicada. O problema
do ecumenismo foi sentido vivamente pelos Padres conciliares, cujas propostas
se referiam ao ecumenismo em geral, aos meios de conseguir a união, aos
problemas específicos dos ortodoxos, anglicanos e protestantes, à communicatio in sacris¹ etc.
(A segunda Parte do Artigo
será publicada na próxima edição)
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