SEGURANÇA PÚBLICA E
MEDO!
Pe. Gilberto Kasper
Mestre em Teologia
Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Bioética, Ética e
Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro de Estudos da
Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro do
Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da Paróquia
Santa Tereza de Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese
de Ribeirão Preto e Jornalista.
Nos
Evangelhos, Jesus insiste em afirmar, que o Reino de Deus é um Reino de
Justiça. Portanto, onde não há justiça, não há reino. Temos assistido notícias
nas últimas semanas, de invasões ousadas em prédios, condomínios e outros tipos
de imóveis, residenciais ou comerciais, que nos deixam muito preocupados e
trazem à tona novamente o questionamento: onde está a Segurança Pública? Voltamos
a sentir muito medo!
A
segurança pública não garante mais “segurança” ao cidadão. Produz medo. E o
medo nos rouba a paz, porque cresce, em nossas relações interpessoais, a
incredulidade. As fobias, os traumas, as crises de medo em geral e sobre o
futuro, e as indecisões do presente, nos fecham para todas as experiências que
deveríamos ter com Jesus Cristo. O medo é uma das fortalezas que mais está
presente em nossa mente. As pessoas tem medo umas das outras. Inverteu-se o espaço
da liberdade. Há medo na família, na escola, no trânsito, na padaria, na igreja
e em todos os lugares.
Falar
em Segurança Pública neste contexto nos questiona seriamente. Houve uma
inclusão do crime organizado que aprisiona os cidadãos de boa vontade. As tantas
casas de detenção construídas nos últimos anos, inclusive as de segurança
máxima, oferecem mais liberdade – incutindo medo – do que os inúmeros –
centenas de condomínios fechados, que viraram, por sua vez, prisões de seus
habitantes.
O
tráfico de drogas, de armas e as tantas corrupções de agentes de segurança,
questionam e colocam em risco a vida de pessoas inocentes, que sentem medo de
ir e vir, de dormir e não acordar.
Entre
tantas tragédias que a mídia nos elenca diariamente, vivemos uma experiência
ímpar, que passou bem perto de familiares e amigos. Uma senhora trabalhadora,
honesta e sofredora, mãe de quatro filhos, perdeu numa mesma tarde de domingo o
marido e o filho mais velho, que nadando embriagados num rio, morreram
afogados. Ela não suportou a perda e sofreu um derrame cerebral. Seis meses
depois, inerte à mesa, o filho alimentava-a, dando-lhe o almoço na boca. Ela
não se mexia. A filha mais nova, de apenas 16 anos, envolvida com um traficante
de drogas, apareceu com o namorado. Este matou o jovem de 27 anos, que
alimentava a mãe, com três tiros, e, o rapaz caiu morto sobre o colo da mãe. O
outro irmão, de 19 anos, reagiu e também foi morto, caindo sobre o irmão. Dona
Zulmira, com dois filhos mortos sobre o colo, só conseguia olhar para eles,
pois já não se mexia, nem para um último abraço, devido ao derrame. Uma
verdadeira “Pietá” – Nossa Senhora da Piedade – de nossos tempos.
Enquanto
não investirmos na educação com sabedoria, a injustiça e a insegurança
públicas, geradoras de medo, ao invés de amor fraterno que gera a paz, o medo
de viver dentro da própria casa, ou de ser alvo de balas perdidas, continuarão.
Precisamos
nos abrir, permitir que Deus tenha acesso ao nosso coração, para que Ele
trabalhe livremente, sem o tão cruel medo em nossas vidas!
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