O BATISMO DO SENHOR!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Concluindo as celebrações natalinas no próximo domingo, festejamos
o Batismo de Jesus. Embora não precisasse ser batizado, o Senhor quis se
solidarizar com todo o povo que buscava o batismo de João. Esta liturgia é
momento favorável para relembrarmos e renovarmos nossos compromissos batismais.
Somos servos do Senhor a serviço da
comunidade e responsáveis por construir uma sociedade justa. Jesus busca, em
João, o batismo. Aí é proclamado “Filho amado de Deus”. A prática da caridade e
da justiça deve ser nosso diferencial diante de Deus.
Em cada batizado que celebro,
costumo fazer três perguntas aos pais e padrinhos: Sabem o dia em que foram batizados? Quem (o padre, diácono ou ministro)
os batizou? São de Igreja, participando de alguma Comunidade de Fé? E quando a
reposta é “NÃO”? Quem não sabe o dia do batizado, também não o celebra,
pelo menos, consciente e livremente. Talvez por tradição, ou porque é hábito da
família. Sem uma Comunidade, que sustente os compromissos batismais, a fé
recebida no dia de nosso batismo esclerosa, resseca, mofa. Já a Festa do
Batismo do Senhor é um insistente convite, de que arejemos nossa fé,
cultivando-a e por meio dela, anunciemos as maravilhas que os dons do Espírito
Santo realizam naqueles que se abrem e se convertem a Ele. Esconder tais dons
significa insensibilidade, indiferença e até omissão. Eis a hora de assumirmos
nossa fé, como dom precioso que nos é dado desde o “Útero da Igreja”, a Pia ou Bacia Batismal!
Podemos nos perguntar se, a partir
do Batismo
de Jesus, procuramos entender e concretizar o nosso batismo. Estamos
dispostos a “mergulhar” no
projeto de Jesus para construir relações humanas dignas, a começar pela
família, no aconchego do lar, na escola, no trabalho, na Igreja, no mundo, com
atitudes solidárias, ecumênicas?
Deus se revelou em Jesus,
confiando-lhe a missão de Servo e Filho amado. Pelo batismo, mergulhamos no
mistério da morte e da ressurreição de Jesus para vivermos a vida nova. Em
Cristo, recebemos o Espírito para a missão e fomos adotados/as como filhos e
filhas de Deus. Somos gerados a cada dia, pelo amor misericordioso e bondade
infinita do Pai, para renovarmos a nossa adesão e o nosso compromisso com o seu
Reino.
Vamos abrir o ouvido do coração para acolher a voz do Pai, que
ressoa dentro de nós, e que declara nossa missão: Tu és minha filha muito
amada, tu és meu filho muito amado.
O Batismo é nosso segundo parto.
Primeiro partimos do útero de nossa mãe. Quando batizados, partimos do útero da
Igreja, preparando-nos à luz da fé que nele recebemos para o parto definitivo,
que se debruça sobre a esperança de que morrendo, partindo do útero da terra,
veremos Deus como Deus é, e isso nos basta. Renovemos nossos compromissos
batismais, buscando viver nosso Batismo na relação com Deus, que nos adota como
seus de verdade, e com os outros, que se tornam nossos irmãos, para
santificar-nos. Todo batizado torna-se um ser divinizado, isto é, candidato à
santidade. Por isso não é nenhuma pretensão descabida, queremos ser santos.
Devemos, isso sim, esforçar-nos todos os dias, para sermos santos.
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