Tomás de Aquino
FILOSOFIA
Tomás de Aquino foi um monge dominicano que atualizou o pensamento
aristotélico para a Idade Média, sendo um dos mais importantes filósofos da
Escolástica.
Tomás de Aquino foi um padre católico e discípulo do grande
escolástico Alberto Magno. Ele auxiliou na
reintrodução da filosofia aristotélica no pensamento europeu e
atualizou a teologia cristã junto à filosofia medieval, tendo escrito sobre os
conflitos entre fé e razão existentes no período.
Aquino é o maior representante da Escolástica,
pensamento desenvolvido em um momento de expansão e grande domínio católico na
Europa. Havia, no século XIII, uma iminente necessidade de formação de novos líderes religiosos, o
que impulsionou a formação de escolas e universidades cristãs para a formação
de novos sacerdotes para a Idade Média. As
universidades mais antigas do mundo datam dessa época. Tomás de Aquino
formou-se e lecionou em universidades cristãs desse período.
Suas principais influências são, de um
lado, Platão e Santo Agostinho (que pode ser
considerado um neoplatônico) e, de outro, Alberto Magno e Aristóteles (que representa o pensamento
filosófico grego dominante durante a Escolástica).
Não
pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Leia também: A relação entre filosofia e cristianismo para Justino, o
Mártir
Biografia
Tommaso Aquinate (em latim), ou simplesmente Tomás de Aquino,
nasceu no feudo de Roccasecca, na Sicília, em 1225. Seus
estudos iniciais ficaram por conta de monges beneditinos (conhecidos pelo
extremo rigor com que tratam os estudos e a intelectualidade), tendo ingressado
como seminarista na Ordem dos Dominicanos, em
1244. A vida de Aquino foi dedicada ao estudo e ensino de Filosofia e
Teologia. O filósofo escreveu, ao todo, mais de 60 livros.
Em 1245, o filósofo mudou-se para
Paris, continuando seus estudos seminaristas com o célebre padre e filósofo
Alberto Magno. Em seguida, passou um tempo em Colônia, na Alemanha, entre 1248
e 1252, voltando em seguida a Paris, onde retomou sua pesquisa acadêmica,
visando a alcançar o título de doutor em Teologia, feito que ele conseguiu em
1259.
Entre 1259 e 1274, Aquino
lecionou em vários monastérios franceses e italianos. Concomitante com a sua
atividade docente, desenvolveu notável pesquisa filosófica, que
resultou na escrita de muitos livros, entre
eles Súmula Contra os Gentios, O Ente e a Essência (um
livro que explica grande parte da interpretação de Aristóteles) e Suma
Teológica (talvez a sua obra magna, que não foi concluída, mas
representa uma brilhante parte da Teologia Cristã Escolástica). Aquino também
foi um dos responsáveis pela reintrodução da filosofia aristotélica no
mundo europeu, que durante anos ficou esquecida por conta da proibição católica
aos escritos do filósofo grego pagão.
O
pensamento de Tomás de Aquino
Havia, sobretudo em Paris, uma disputa cabal entre
os intelectuais do século XIII: de um lado, os dialéticos (professores
de Filosofia) defendiam a preponderância da filosofia grega pagã para
as explicações do mundo; de outro, encontravam-se os teólogos cristãos, que
buscavam dar a explicação para o mundo por meio das escrituras sagradas. Aquino
encontrava-se no meio dessa Disputa de Questões ou,
como eles chamavam, Quaestio Disputata.
Esse embate resume a produção
filosófica das universidades mais antigas em seus tempos de gestação. Os
acadêmicos dedicavam-se a debater sobre a primazia de um ou de outro campo.
Havia aqueles que afirmavam a primazia da teologia sobre a pagã filosofia.
Outros afirmavam a primazia do pensamento filosófico. Aquino foi um dos que
defenderam um elo entre a filosofia pagã grega e a teologia
cristã, buscando em Aristóteles elementos para firmar essa ligação, formando o
“pensamento tomista” e o “tomismo aristotélico”.
Uma das maiores influências de
Aristóteles sobre o tomismo encontra-se na distinção entre essência e existência. Para
Aristóteles, não havia procedência formal que conectasse aquilo que existe em
essência a um objeto. Aquino cria um movimento de conexão, sem fazer perder o
preceito filosófico, afirmando que o que existe em essência existe de alguma
maneira, mesmo que ontologicamente.
Para Aquino, a identidade (princípio
fundamental da lógica aristotélica) era o elo fundamental que, ao conectar
a existência e a essência, mostrava o toque divino. A perfeição
divina era capaz de alcançar e de explicar essa relação tão obscura e
intrigante.
Baseado na filosofia aristotélica,
Tomás de Aquino desenvolveu as Cinco Vias que Provam a Existência
de Deus, uma espécie
de regressão causal que, em todos os casos (nos
cinco argumentos), Deus é o princípio. As cinco vias são dispostas
desta maneira:
1.
O movimento do motor
primeiro: em todo o universo, há movimento.
Aristóteles propõe que para o movimento, existe um movente (motor), que dá a
propulsão e o movimento ao corpo movido. Se fôssemos procurar cada movente de
cada movimento, sem conjecturar a existência de um primeiro motor que não foi
movido por ninguém, faríamos um movimento ad infinitum e não
encontraríamos a causa primeira. Portanto, é necessário pensar que há
uma causa primeira (motor imóvel) que colocou o primeiro
movimento em tudo.
2.
A causa não causada,
ou a primeira causa eficiente:
partindo da mesma reflexão que foi desenvolvida na primeira via, é necessário
entender que tudo foi causado no mundo, exceto uma primeira causa. Essa é a
causa prima e ela não teve evento anterior. Foi um primeiro
momento em que uma primeira coisa aconteceu. Essa causa não causada é
Deus.
3.
Ser necessário e
seres possíveis: os conceitos de necessidade e
possibilidade estão em jogo. Existem seres possíveis, que podem ou não
existir. Existem os seres necessários, que, independentemente das
contingências, existem. Os seres contingentes são gerados, existem
e são extintos (deixam de existir). Eles estão em
transformação contínua. Porém, existe um ser que é. Do mesmo modo
que é, sempre foi e sempre será. Esse é o ser necessário e Ele é Deus.
4.
Graus de perfeição: baseando-se na filosofia platônica, Aquino
classifica diferentes graus de perfeição existente entre os seres. Existe uma
espécie de hierarquia entre os graus de perfeição que pode classificar seres
entre a bondade e a nobreza, por exemplo. Para Tomás de Aquino, se há essa
hierarquia, deve haver um padrão de excelência que serve para
a correção dos seres mais evoluídos. Esse padrão é Deus.
5.
Governo supremo: há uma organização das coisas e dos seres
materiais. Os corpos, mesmo que inconscientemente, orientam-se para um
fim. Essa ordenação é um governo supremo, ordenado por Deus.
Acesse também: As condições históricas para o surgimento da Filosofia
Obra
Tomás de Aquino produziu uma vasta obra
escrita, somando mais de 60 livros. Entre os principais, encontram-se a Suma
Teológica e O Ente e a Essência.
·
Suma Teológica: escrita entre 1265 e 1274, período de maturidade
de Tomás de Aquino, a obra trata da existência de Deus, da natureza do homem e
da moralidade. É nesse escrito que são encontradas as Cinco Vias que
Provam a Existência de Deus.
·
O Ente e a Essência: nessa obra, Aquino resolve questões metafísicas
com base na filosofia aristotélica. O pensador propõe que existem duas
categorias lógicas distintas, ente e essência. Enquanto a essência propõe-se a
denominar as coisas, apontando “o que é” cada ser, o ente é o próprio ser.
Influências
·
Agostinho e Platão: Tomás de Aquino foi fortemente influenciado pelo
patrístico Agostinho de Hipona. Não obstante, leva para a
teologia cristã elementos da filosofia grega que, para Agostinho, eram,
sumariamente, retirados da filosofia platônica (daí a denominação de
neoplatonista dada a Agostinho). Porém, Tomás de Aquino vai além e dá à
Escolástica um tom mais aristotélico.
·
Aristóteles: após longo período proibido pelo Index
Librorum Prohibitorum, Aristóteles passou a ser revisitado pelos
escolásticos, por influência, principalmente, de Tomás de Aquino. A influência
aristotélica na obra tomista começa com os ensinamentos de Alberto Magno e
remetem a toda a produção de Aquino.
Frases
·
“Ninguém tende a uma determinada coisa
pelo desejo e pelo estudo, se tal coisa não lhe for previamente conhecida.”
·
"Por seu pecado, os hereges
merecem não apenas ser separados da Igreja, pela excomunhão, mas também do
mundo, pela morte."
·
"A humildade é o primeiro degrau
para a sabedoria."
·
“Deus é uno, simples, perfeito,
infinito, dotado de inteligência e vontade.”
Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia