QUALIDADE
DE VIDA COM RESPONSABILIDADE!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Quando
leio algumas postagens tão radicais e polêmicas nas Redes Sociais, lembro-me de
minha infância e da qualidade de vida com responsabilidade, que naquele rico
tempo vivíamos. Não estaria na hora de pararmos de “brigar” e revermos nossa
responsabilidade pessoal sobre tudo o que está acontecendo neste “mundo de Deus”?
Tive
uma infância bastante difícil e pobre, porém nem por isso infeliz. Aliás, era
feliz como talvez poucas crianças hoje o são. Órfão de pai aos quatro anos,
minha mãe, meus avós paternos e minha tia Nelcy falecida recentemente, me
transmitiram a mim e aos meus dois irmãos tão queridos, valores essenciais e
educação de berço que nenhum maternal, jardim de infância ou primeiro ano do
ensino fundamental conseguem transmitir.
Havia
tempo para tudo: acordar cedo, ir a pé para a escola, andando cerca de quatro
quilômetros, apresentar tarefas escolares caprichosamente feitas em casa,
varrer as salas de aula de toda a escola, depois das aulas para garantir a
bolsa de estudos, voltar os mesmos quatro quilômetros a pé para casa, almoçar, lavar
a louça, arrumar a casa, fazer as tarefas de aula, que eram diárias, brincar em
torno da casa ou jogar uma hora de futebol no campinho em frente à residência,
tomar banho, rezar, jantar e deitar cedo para o merecido descanso. Estudávamos
em escola particular de religiosas que complementavam a educação básica que um
cidadão de bem precisa cultivar durante a vida inteira. Quando o avô arrendava
algum terreno, íamos também plantar no mesmo: mandioca, abóbora, milho etc. O
dia era tomado de tantas atividades, que quando chegava a noite, estávamos
cansados e logo dormíamos um único sono, o “sono dos inocentes e justos”! A
vida religiosa das famílias entre outras atividades e até imprevistos merecerão
outro artigo.
Diferentemente
de hoje, as residências, mesmo as mais simples de madeira, eram construídas bem
no meio do terreno. Atrás da casa tínhamos uma horta e um pomar, cultivados por
nós mesmos. Não conhecíamos as tais “feiras livres” que existem hoje. As
famílias plantavam, cultivavam e colhiam o necessário para zelarem por uma vida
saudável, sem nenhum agrotóxico. Aproveitávamos o lixo úmido como adubo. Nem
caminhão de lixo passava, porque cada família condicionava o seu próprio lixo:
não havia enchentes por causa de esgotos entupidos e sujos, e até a calçada e a
beira da rua nós mesmos capinávamos. Já em frente à casa tínhamos um jardim de
flores, as mais diversas (minha mãe cultivava as roseiras de sua predileção). Tínhamos,
também, ao redor da casa uma grama bem plantada e cuidada, para não sujar os
alicerces da casa e nem os pés dos “moleques” que tantas vezes se contentavam
de brincar de “esconde-esconde” ou exerciam outros exercícios que evitavam a
obesidade das crianças. Éramos todos fortes, robustos e bem sarados, sem nunca
frequentar alguma academia (nem existiam as academias), mas esbeltos e crianças
bonitas, excluída a “falsa modéstia”!
Os
tempos mudaram e as novas tecnologias passaram a ocupar práticas saudáveis, forçando
crianças, adolescentes, jovens e adultos a hábitos que engordam, deprimem,
isolam as pessoas umas das outras e escondem umas tantas outras atrás de
postagens tão selvagens, cruéis e mentirosas, que difamam, ofendem e violentam
a dignidade de quem está do outro lado, de quem não pensa igual, ou de quem é
até ameaçado de apanhar, caso emita opinião diversa. Ninguém é melhor do que
ninguém. Todas as pessoas têm qualidades e defeitos. Se cada um começar a olhar
do nariz para trás, ou seja, para dentro da própria consciência, talvez se
assuste. Mergulhemos aos porões de nossa intimidade e de uma vez por todas,
passemos a nos respeitar mais. Só assim promoveremos uma melhor qualidade de
vida com responsabilidade!
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