A
FAMÍLIA QUE REZA UNIDA PERMANECE UNIDA!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
O mês de outubro é por excelência, repleto de celebrações votivas
e um convite aos cristãos, a profundas orações: é o mês missionário,
convidando-nos a rever nossa vocação eclesial como essencialmente missionária e
ministerial. É o mês do rosário, já que
dia 7 celebramos a memória de Nossa Senhora do Rosário. É o mês dedicado à Mãe,
Rainha e Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, bem no dia 12, também
dedicado à Criança. É o mês de Santa Teresa D’Ávila, Protetora dos Professores,
cuja memória celebramos dia 15. É o mês dedicado à Juventude e neste ano, à
abertura do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, dia 10 em Roma pelo Papa
Francisco, nas Dioceses do mundo inteiro, como em nossa Arquidiocese de
Ribeirão Preto por nosso Arcebispo Metropolitano, Dom Moacir Silva, na manhã do
dia 17 e no mesmo dia nas celebrações vespertinas em todas as nossas
Comunidades Paroquiais.
Uma das práticas religiosas que marcou minha infância foi a
recitação diária do terço em família. Todas as noites em Novo Hamburgo (RS), em
torno da mesa de jantar, meus irmãos, eu, nossa mãe e avó paterna, ligávamos o
rádio sintonizando-o na Rádio Independência da cidade São Leopoldo (RS), para
acompanharmos a recitação do terço dirigida pelo Padre Santini, um Padre
Jesuíta, que de joelhos diante do túmulo do Padre João Batista Reus, no
Santuário Sagrado Coração de Jesus, curado pelos Padres Jesuítas do Colégio
Cristo Rei, transmitia ao vivo pela Rádio e era ouvido em todo o Vale do Rio
dos Sinos. Padre Reus, embora não tenha sido canonizado, é venerado por
milhares de graças alcançadas por seus devotos. Entre 20h e 20h30min tudo
parava para juntos rezarmos. Em cada quarto da casa sobre as camas, havia
dependurado um quadro com uma estampa emoldurada da Sagrada Família e em torno
dessa, um grande rosário. Na estampa lia-se a frase: “A Família que reza unida
permanece unida”!
Até meus 13 anos de idade não faltamos nenhuma noite, sentadinhos
em torno da mesa de jantar, para atentos acompanharmos a recitação do terço com
o Padre Santini. Depois disso, em agosto de 1970, chegou à nossa casa a
primeira televisão. Aos poucos essa, a televisão, juntamente com a necessidade
de estudarmos à noite, trabalhando de dia, perdeu-se essa linda prática de
união. Cada membro de nossa família passou a recitar o terço, de acordo com
suas possibilidades.
Os tempos mudaram e com raríssimas exceções, ainda conhecemos
famílias que encontram, pelo menos, meia hora por dia, para rezarem juntas.
Infelizmente as famílias foram colocadas de bruços por uma cruel cultura de
sobrevivência. Uma corrida desenfreada para buscar os recursos necessários e
colocar alimentos sobre a mesa, além do mergulho num consumismo e hedonismo,
que afoga as pessoas em si mesmas.
Quando olhamos nossas assembleias orantes nas celebrações
dominicais, vemos senhoras desacompanhadas de seus maridos, casais sem a
presença dos filhos, isolamentos que demonstram famílias convivendo menos hoje
do que ontem, ou sobrevivendo sob um mesmo teto, como se vive numa pensão
melhorada. A Igreja que é mãe e mestra não tem medido esforços para novamente
promover a unidade de seus filhos, as famílias por inteiro e não de indivíduos
isolados. Porque ainda hoje acredita firmemente que a família que reza unida
permanece unida.
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