A ÉTICA
A SERVIÇO DA DIGNIDADE HUMANA!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Quando
falamos de Pessoa Humana, pensamos naquela pessoa criada à imagem e semelhança
de Deus, e não na pessoa que criou Deus à sua imagem e semelhança. Deus é o
criador e a pessoa humana a criatura! Para ter-se noção de Deus, basta
contemplar, por exemplo, a face de uma criança, o rosto enrugado de um ancião,
a carinha sapeca de um adolescente. Buscamos, geralmente, a imagem de Deus em
pinturas de artistas famosos ou esculturas que deram nome aos seus escultores.
Nem por último, ensinaram-nos de que Deus seria um velhinho de barbas brancas.
A Teologia da Criação nos sugere um exercício diferente: buscar a noção de Deus
no outro. Aliás, Cristo não cansou de nos ensinar isso: buscou resgatar a
figura do Pai no rosto sofrido do pobre, do oprimido, do marginalizado e
excluído de sua época histórica. Ele, Jesus Cristo, identificando-se com os
pobres, com as crianças, com os enfermos, deu-nos uma antessala da identidade
do próprio Deus Criador.
É
interessante que este Deus gostou tanto de criar a pessoa humana à sua imagem e
semelhança, que resolveu ser gente também. Fez-se pessoa humana igual em tudo a
nós, menos no pecado. Uma das principais motivações de Deus querer ser Pessoa,
foi para resgatar a dignidade que essa perdera, devido ao pecado da arrogância,
da prepotência, da autossuficiência, deixando Deus falando sozinho, virando-lhe
as costas. E mais ainda: achou lindo a pessoa humana ter mãe! Deus não tinha
mãe e resolveu ter uma também. Parecia bom demais ter mãe! Conservou imaculado
o útero de uma jovem e desse fez seu porta-joias, a fim de nascer, também,
igualzinho ao nascimento da pessoa humana. Teve sua mãe e nasceu como todos nós
nascemos!
Mas
Deus driblou a pessoa diversas vezes. Quis mostrar à humanidade de que basta a
dignidade humana, para ser semelhante a Ele, nosso Criador. Basta a dignidade
humana, para ser realizado e plenamente feliz!
Escolheu nascer numa estrebaria,
com cheiro de feno, entre animais, até porque a sociedade nunca poderia
imaginar que Deus fosse revestido de tamanho despojamento e humildade. Muitos
esperavam que nascesse em algum condomínio fechado, em algum hotel de cinco
estrelas ou maternidade famosa. Mas, segundo João diz em seu Prólogo,
"Veio para a sua casa, mas os seus não o receberam" (cf. Jo 1,11).
Gosto de rezar durante o Ângelus: E a Palavra (Verbo) se fez pessoa (homem) e
habitou entre nós! (cf. Jo 1,14). Não possuía casa própria, andava de cidade em
cidade e aceitava a hospedagem de quem o recebia. Mesmo sendo proclamado Rei
por causa dos sinais que realizou, parou num trono reservado ao pior dos
bandidos, a Cruz! Que rei é este, que é condenado à morte mais escandalosa,
vergonhosa de sua época para os judeus e louca para os romanos? A grande
acusação que o condenou brotou dos corações invejosos dos governantes políticos
e religiosos de seu tempo. Já Herodes não aceitou a ideia de que alguém melhor
do que ele sobrevivesse, motivo pelo qual mandou matar todas as crianças abaixo
de dois anos de idade, nascidas em Belém. Os Sumos Sacerdotes e os Escribas que
interpretavam a Lei de Deus decretam Sua própria sentença: a Cruz!
Mas
a morte não foi a última palavra. As mulheres encontraram o sepulcro (também
emprestado) vazio no terceiro dia após a morte cruel do Filho de Deus, do
próprio Deus feito pessoa! Ele ressuscitou e do túmulo vazio exalavam os aromas
de sua ressurreição, envolvendo todos aqueles que creram. E quem crê, promove A
Ética a serviço da Pessoa Humana!
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