A ÉTICA
E OS DIREITOS DA PESSOA HUMANA!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
A
Pessoa Humana tem direitos, que nem sempre são respeitados, o que gera
violência, dissabores e até divisões nas famílias. A Ética no exercício da
Cidadania visa resgatar o respeito a esses direitos.
A
Pessoa Humana tem o direito de nascer, enquanto tantos promovem o aborto, o
abandono, a concepção acidental, por acaso, num baile Funk. Quantas mães matam
a possibilidade de seus filhos nascerem por medo de preconceitos de tornarem-se
mães solteiras. É engraçado que nunca se fala em mãe casada. Mãe é mãe. Quantas
crianças nascem em mundos desumanos, em condições de extrema miséria?
A
Pessoa Humana tem o direito a um nome. Este nome implica em ter uma família, em
pertencer a uma família. Família que tenha uma moradia digna. Quando olhamos
para os conjuntos habitacionais de nosso país, ficamos indignados com as
condições que são impostas ao povo, a viver dignamente em seu lar. Que lar é
esse, que mais parece uma minúscula gaiola de passarinhos? E aqueles que constroem
seus casebres sobre lixões e favelas, se abrigam debaixo das pontes, dos
viadutos, às portas das lojas nas noites frias de nossas metrópoles? Além da
Família que dê nome à pessoa, há o direito à saúde básica. Que saúde necessita
uma pessoa para crescer dignamente? A saúde de nossos dias? Quanta preocupação
em distribuir preservativos (é justo que haja prevenção) e quanta falta de
remédios básicos em nossos postos de saúde! Quanta falta de vontade em
determinados atendimentos... quando a pessoa aparece melhor vestida ou
recomendada por alguém influente, a atenção acontece; quando chega cheirando à
pobreza extrema, é tratada na maioria das vezes a gritos e pontapés, esperando
horas intermináveis nas filas e nos corredores...
A
Pessoa Humana tem o direito de crescer. O crescimento exige uma aperfeiçoada
educação básica. De que educação podemos falar em nosso país? Professores mal
pagos; famílias indiferentes à educação e ausentes das escolas; tráfico de
drogas desde o ensino fundamental; meninos armados, matando por causa de
apelidos. Escolas mal cuidadas, sujas e sem recursos suficientes para
manterem-se pelo menos inteiras. A Pessoa tem direito a trabalho. Como crescerá
uma pessoa sem perspectivas e de realização profissional? Quais são as
oportunidades dadas à Pessoa Humana em nosso país? O crime organizado, o
consumo, o tráfico e a avalanche de corrupção e suborno são perspectivas para
nossos jovens? E os 14 milhões de desempregados? Os que já desistiram de
procurar emprego, ao invés de oportunidades para sua realização pessoal neste
mundo tão desigual e injusto.
A
Pessoa Humana tem o direito de relacionar-se com outros. Que tipos de relações
a mídia impõe à sociedade, senão o individualismo, ao lado do hedonismo que
visa simplesmente o prazer pelo prazer, como é o caso das pulseiras do sexo,
por exemplo. O mundo mágico da Internet individualizou as relações entre as
pessoas, que perderam a criatividade de relação simples, afetiva, amorosa,
desinteressada e que se preocupe com o bem-estar dos outros.
O que
esperamos num próximo pós-pandemia, enquanto relacionamentos humanos? Será que
ainda saberemos conversar olhando nos olhos uns dos outros? Como será nosso
abraço? Temo, embora esperançoso de que sairemos melhores dessa crise, que
robusteçamos uma irrecuperável “cultura de sobrevivência”.
Se de
um lado a pandemia descortinou uma solidariedade magnífica de tantas pessoas de
boa vontade, de outro lado desnudou a drástica desigualdade entre pessoas que
se dizem irmãos, patriotas de uma Pátria Amada tão rica como é o Brasil. Há uma
previsão de um aumento de R$ 69,00 para o salário mínimo no próximo ano. Os
preços de alimentação estão “pela hora da morte”. Gás, combustível, alugueis,
energia elétrica, mensalidades aqui e acolá e impostos, os mais caros do mundo
não são pagos com salários de miséria. Costumo pensar que quando se encurta uma
calça, o corte sempre é em baixo, jamais na cintura. Enfim, quem mais sofre e é
castigado, são os que honestamente tentam cumprir com seus deveres, sem muitas
vezes usufruírem justamente de seus direitos. Por isso é necessário que
busquemos na ética uma via possível para resgatar os direitos e a dignidade
verdadeiramente humana!
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