ESPERANÇA!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
A
Esperança é uma das três virtudes teologais. Nenhum cristão tem o direito de
abrir mão da esperança. Nossa fé se debruça sobre a esperança sempre: desde que
nascemos (até mesmo antes de nascermos) até o dia em que nosso nome ecoar na
eternidade e morrermos (até mesmo depois de nossa morte). Daí a importante
necessidade de renovarmos nossa esperança para um tempo pós-pandemia. A
pandemia vai passar e todos nós deveremos recomeçar pautados sempre sobre a
esperança de tempos melhores.
Apraz-me fazer alusão às palavras do amado Papa Francisco na Carta
Encíclica Fratelli Tutti, sobre a
Fraternidade e a Amizade Social, no que diz respeito à segunda Virtude
Teologal, a Esperança. São dois parágrafos deste belíssimo texto, escrito com a
simplicidade do Santo Padre, onde pretende “dar voz a diversos caminhos de
esperança”. O Papa escreve: “A recente (podemos afirmar a presente) pandemia
permitiu-nos recuperar e valorizar tantos companheiros e companheiras de viagem
que, no medo, reagiram dando a própria vida. Fomos capazes de reconhecer como
as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns que, sem dúvida,
escreveram os acontecimentos decisivos da nossa história compartilhada:
médicos, enfermeiros e enfermeiras, farmacêuticos, empregados dos
supermercados, pessoal da limpeza, cuidadores, transportadores, homens e
mulheres que trabalham para fornecer serviços essenciais e de segurança,
voluntários, sacerdotes, religiosas... compreenderam que ninguém se salva
sozinho” (Fratelli Tutti 54).
O Papa nos convida “à esperança que
‘nos fala de uma realidade cuja raiz está no mais fundo do ser humano,
independentemente das circunstâncias concretas e dos condicionamentos
históricos em que vive. Fala-nos de uma sede, de uma aspiração, de um anseio de
plenitude, de vida bem-sucedida, de querer agarrar o que é grande, o que enche
o coração e eleva o espírito para coisas grandes, como a verdade, a bondade e a
beleza, a justiça e o amor. (...) A esperança é ousada, sabe olhar para além
das comodidades pessoais, das pequenas seguranças e compensações que reduzem o
horizonte para se abrir aos grandes ideais que tornam a vida mais bela e
digna’. Caminhemos na esperança”, conclui o Papa (Fratelli
Tutti 55).
As provações que a vida nos impõe, ou amadurecem nossa fé em Deus,
ou nos revoltam e afastam d’Ele. Sempre dependerá de nossa eleição pessoal.
Ao nosso redor, tantas coisas mexem com o coração e desafiam a
nossa fé. Tantas pessoas que se afastaram das nossas comunidades. Milhões de
crianças que moram nas ruas, na mais triste pobreza. Tantos jovens entregues às
drogas. É incontável a fila de irmãos e irmãs que passam fome e não tem casa
para morar. Entre muitos poderosos avarentos, que se sentem donos do dinheiro, impera o egoísmo, a
concentração de poder, os privilégios. São milhões os sobrantes e excluídos da
mesa comensal da vida.
A fome do irmão, as crianças abandonadas nas ruas, as violências
ao ser humano são convites de Jesus para subirmos com ele na barca (a Igreja) e
entrarmos nos desígnios de Deus Pai, depois de compreendermos e assumirmos
nossa missão e fazermos a nossa parte. Páscoa é isso: passagem de situações de
menos vida para situações de mais vida, de situações de pobreza e miséria para
uma vida digna, bonita, feliz e realizada para todos. Continuemos alimentando,
portanto, nossa Esperança de uma vida melhor para todos!
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