SOLENIDADE DA NATIVIDADE DE JOÃO BATISTA!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
As Sagradas Escrituras apresentam a vida e a missão de João
Batista à luz dos grandes profetas antigos e de Jesus Cristo, o Messias
esperado. Como diz Santo Agostinho, João representa a passagem do Primeiro
para o Segundo Testamento. Ele recebe a missão de profeta, assume a vida de
asceta, e é chamado de Batista. Pelo
batismo, nós também recebemos a missão de profetizar e de denunciar, como João,
a injustiça, a mentira e a opressão.
Celebrar o nascimento de João
é experimentar, como Isabel, Zacarias e os vizinhos, a manifestação da bondade
de Deus, que transforma e fecunda a vida. É fazer a experiência da fé e da
esperança no Deus misericordioso e compassivo, que ouve nosso clamor e nos
socorre em meio aos sofrimentos e às aflições. É sentir que Deus continua
soltando nossa língua para que tenhamos a coragem de vencer o medo e proclamar
a justiça e a libertação. Como João Batista, possamos ser sinais
proféticos de esperança, para anunciar o caminho da salvação e testemunhar Jesus
Cristo, a luz que ilumina e liberta todos os povos.
O jeito despojado de João
Batista viver, entregue ao serviço de Deus, na gratuidade, é testemunho
de vida, apelo à conversão. Jesus o elogia, dizendo que “entre os nascidos de mulher, não há ninguém maior do que João. No
entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (7,28).
O grande convite da Solenidade da Natividade de João Batista
a todos nós, é à humildade vivida por ele. Saber dar lugar, retirar-se e deixar Cristo
aparecer. Nem sempre é fácil tal atitude. Costumamos, devido nossas carências e
limites, plantar com entusiasmo, regar e cultivar com zelo, mas queremos também
saborear os frutos. Não parece ser assim na Igreja de Jesus Cristo. Nela, uns
plantam, outros regam, ainda outros deveriam cultivar e zelar o plantado pelos
que passaram e somente outros que virão posteriormente, é que usufruirão dos
frutos. Tal Igreja, discípula e missionária do Senhor, só é configurada com
Cristo, se conseguir agir assim. Do contrário corremos o risco de desfigurá-la,
apossar-nos dela e isso, geralmente, termina em desastre eclesiológico e
pastoral.
Sejamos a exemplo de São
João Batista, Comunidades simples, descomplicadas, acolhedoras,
amorosas e cheias de ternura, porém sem ter medo de corajosa e ousadamente “perdermos nossa cabeça”, a própria vida, cargos, funções e
prestígios, por conta da coerência do Evangelho anunciado e vivido no
hodierno de nossas relações, sobretudo nos serviços que prestamos, sempre gratuitamente
neste mundo tão sedento de Deus, especialmente nesta experiência tão
desafiadora que a Pandemia se nos impõe!
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