COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
FESTA DE
CORPUS CHRISTI
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A Solenidade do Corpo e Sangue de
Cristo entrou na liturgia da Igreja em 1247, em meio
a polêmicas e dúvidas sobre a presença real de Jesus na Eucaristia. Desde o início, a
solenidade é marcada por grandes concentrações populares e procissões
majestosas pelas ruas. O Concílio Ecumênico Vaticano II deu-lhe novo
significado, ligando-a estreitamente à Páscoa do Senhor, o mistério
eucarístico por excelência. A Eucaristia como memória da Páscoa – a ceia da nova e eterna aliança -, centro da vida e da missão
de Jesus entre nós. A festa de Corpus Christi recorda que o mistério pascal
está todo presente na Celebração Eucarística.
Celebrar a Eucaristia é renovar a
aliança selada no sangue do Cordeiro, que se entregou por nós radicalmente como
servo. Participando da Celebração Eucarística, somos convidados
a fazer de nossa vida um serviço e dom gratuito, para o louvor de Deus e a
libertação da humanidade. Uma oferenda perfeita com Cristo, pela ação amorosa e
sempre fecunda do Espírito Santo. E, assim, tornar autêntica a afirmação de
nossa fé: “Ele está
no meio de nós!”.
A Eucaristia é a aliança eterna e definitiva de Deus conosco, selada pelo
sacrifício único de Jesus Cristo. Seu gesto de amor e entrega é para sempre e
permanece atual, pela liturgia, em todo tempo e no decorrer da história da
salvação da humanidade.
No pão e no vinho da última refeição
de Jesus, faz-se presente antecipado o dom da sua vida entregue até a morte
sangrenta na cruz. A entrega de Jesus, sua morte-ressurreição, que aconteceram
uma única vez (Hb 10,10-18), tornam-se presentes para nós pela ação litúrgica,
ou seja, toda vez que fazemos memória destes fatos e de nossa salvação,
anunciamos a morte do Senhor, até que Ele venha (1Cor 11,26). Não se trata de
uma repetição, mas de uma atualização. O sacrifício é um só.
Somos redimidos por um amor
sacrificado, um amor que doou corpo e sangue, isto é, doou a vida. Não é o
sangue por si mesmo que salva. O que salva são o amor e a fidelidade que
levaram Jesus a enfrentar morte cruel e sangrenta. Depois da sua morte, não há
outro sacrifício de sangue na nova aliança, pois não é o sangue em si que
importa, mas a entrega, o amor de quem o derramou, e este é válido para sempre.
Unindo-nos ao amor de Jesus,
entregamos, no momento da Celebração Eucarística, o nosso corpo e sangue, toda nossa vida a serviço dos irmãos.
Assim, nos tornamos “uma oferenda
perfeita” com Cristo e em Cristo.
Se, na verdade, desejamos participar
da mesa eucarística, agora e no banquete celeste, somos convidados a participar
de seu serviço gratuito e assumir em nossa carne a sua doação radical.
“Se
queres honrar o Corpo de Cristo, não o desprezes quando ele está nu. Não o
honres assim, na Igreja, com tecidos de seda, enquanto o deixas fora, sofrendo
frio e carente de roupa. Com efeito, o mesmo que disse: ‘Isto é o meu corpo’ e que realizou, ao anunciar,
também disse: ‘Viste-me com fome e não me deste comida (...)’. Começa por alimentar os famintos
e, com o que te sobra, ornamentarás o altar” (Catequese de São João Crisóstomo).
Certa vez uma menina de apenas seis
anos, vendo o pai arrumar as alfaias para a Missa, subiu num banquinho e beijou
a hóstia sobre a patena. O pai lhe disse: “Sua Bobinha. Por que beija esta hóstia? Jesus nem está aí!...” A menina respondeu: “Eu sei que Jesus ainda não está aí, mas quando chegar, encontrará
meu beijo!...” Somos convidados a aprender da
sabedoria desta menina, tornando-nos capazes de compreender e adorar Jesus
Sacramentado, remetendo tamanho mistério à maturidade de nossa fé, tornando-nos
também, capazes de beijar Jesus na pessoa do Outro. Sim, porque cada vez que
comungamos Jesus Eucarístico, tornamo-nos seu Sacrário. Gosto de pensar, que
acabamos sendo um porta-jóias, que leva em seu interior a mais preciosa jóia
que alguém possa receber. Que a Eucaristia nos capacite cada vez mais ao amor com sabor divino!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço fiel,
Padre
Gilberto Kasper
(Ler Ex
24,3-8; Sl 115(116); Hb 9,11-15 e Mc 14,12-16.22-26)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Junho de 2021, pp. 20-27 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Junho
de 2021), pp. 12-16.
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