1917, o ano da Revolução Soviética, Lúcia dos Santos e os seus primos Francisco e Jacinta Marto,
popularmente chamados de "Os Três
Pastorinhos", afirmaram ter presenciado seis aparições de Nossa Senhora no lugar
da Cova da Iria, em Fátima,
nos dias 13 de maio, 13 de junho, 13 de julho, 13 de setembro e 13 de outubro,
tendo, no mês de agosto desse ano, a aparição mariana ocorrido excecionalmente
no dia 19 e no lugar dos Valinhos, também da freguesia de Fátima.
Já no ano anterior,
em 1916,
no lugar dos Valinhos, as três crianças afirmaram ter
recebido três aparições de um anjo, o qual se apresentou como sendo o Anjo da Paz, ou
Anjo de Portugal. Duas das aparições do anjo ocorreram na Loca
do Cabeço nos Valinhos, e outra decorreu junto do Poço do
Arneiro, na Casa de Lúcia, em Aljustrel.
Segundo relatos
posteriores aos acontecimentos, por volta do meio-dia, depois de rezarem o
terço, as crianças teriam visto uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago,
decidiram ir-se embora do lugar onde apascentavam as ovelhas, mas, logo depois,
outro clarão teria iluminado o espaço. Nessa altura, teriam visto, em cima de
uma pequena azinheira – onde agora se encontra a Capelinha das Aparições –, uma "Senhora
mais brilhante que o sol".
Segundo os
testemunhos recolhidos na época, a Senhora disse às três crianças que era
necessário que rezassem muito e que aprendessem a ler. Convidou-as a voltarem
ao mesmo lugar, na Cova da Iria, no dia 13 dos cinco meses
seguintes, sempre à mesma hora. As três crianças assistiram, então, a mais
aparições no mesmo local a 13 de junho, 13 de julho, 13 de setembro e 13 de
outubro. Em agosto, a aparição ocorreu no dia 19, no sítio dos Valinhos, a cerca de 500 metros do lugar
de Aljustrel, porque as crianças tinham sido
presas e levadas para Vila Nova de Ourém pelo administrador do
concelho no anterior dia 13 de agosto.
A 13 de outubro,
estando presentes na Cova da Iria cerca de 70 mil pessoas,
Nossa Senhora teria dito aos pastorinhos: "Eu sou a Senhora do
Rosário"[nota 1] e
teria pedido que fizessem ali uma capela em Sua honra, conhecida hoje como
a Capelinha das Aparições do Santuário de Fátima. Muitos dos presentes
afirmaram ter observado o chamado milagre do Sol,
o qual fora prometido às três crianças nas aparições de julho e de setembro.
Segundo os testemunhos recolhidos na época, o Sol, assemelhando-se a um disco
de prata fosca, pôde fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma
roda de fogo, parecendo, depois, vir precipitar-se sobre a Terra. Tal fenómeno foi
testemunhado por milhares de pessoas, até mesmo por algumas distantes do lugar
da aparição. O relato foi publicado na imprensa por vários jornalistas que para
ali se deslocaram e que foram também testemunhas do fenómeno. Contudo, há
testemunhos de pessoas que afirmaram nada ter visto, como é o caso do escritor
António Sérgio, que esteve presente no local e testemunhou que nada se passara
de extraordinário com o Sol, e do militante católico Domingos Pinto Coelho, que
escreveu na imprensa que não vira nada de sobrenatural.
A imagem original da Virgem Maria na Capelinha das Aparições.
Posteriormente,
sendo Lúcia religiosa doroteia, Nossa Senhora ter-lhe-ia aparecido novamente em
Espanha (a 10 de dezembro de 1925 e a 15 de fevereiro de 1926, no Convento
de Pontevedra,
e na noite de 13 para 14 de junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção
dos cinco primeiros sábados: rezar o terço; meditar nos mistérios do Rosário; confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados
cometidos contra o Imaculado Coração de Maria e a
Consagração da Rússia ao Seu Coração Imaculado. Quando a Irmã Lúcia
ingressou na clausura monástica do Carmelo de Santa Teresa em Coimbra,
como religiosa carmelita descalça, afirmou ter recebido ainda
mais algumas revelações por parte de Nossa Senhora.
Embora por vezes se confunda o ato de consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, pedido em Fátima e que foi efetuado pelo Papa João Paulo II, anteriormente já o Papa Pio XII, anuindo a esses pedidos de Nossa Senhora, mas, sobretudo, aos apelos alegadamente dirigidos pelo próprio Jesus Cristo à Beata Alexandrina de Balazar, efetuou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria a 31 de outubro de 1942.[2][3][4]
Nas suas Memórias,
a Irmã Lúcia narrou como, entre abril e outubro de 1916, ela e os seus primos
receberam as aparições do anjo, por três vezes, e que visavam a prepará-los
para a vinda de Nossa Senhora no ano seguinte. O Anjo da Paz ensinou
aos pastorinhos duas orações, conhecidas por Orações do Anjo, que entraram na piedade
popular e são utilizadas sobretudo na adoração eucarística.
Santuário
de Fátima
Para corresponder
ao pedido de Nossa Senhora de que se fizesse uma capela em Sua honra no local
das aparições em Fátima, no ano de 1919 foi erigida uma
capela – a Capelinha das Aparições – no local
exato onde os pastorinhos afirmaram ter visto a Virgem Maria. Em 1928 foi benzida a
primeira pedra para a construção de um templo de maiores dimensões nas
proximidades da capela, o qual ficou pronto em 1953.
Em 13 de Maio de
1946, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi coroada canonicamente pelo Cardeal
Masella, legado pontifício.[5]
Em 1954, a esse novo templo
foi-lhe concedido o título de Basílica Menor pelo Papa Pio XII –
trata-se da Basílica de Nossa Senhora do Rosário.
Com o passar dos anos, vários outros edifícios e monumentos religiosos foram
sendo construídos em torno da capela e da basílica, e ao complexo foi dado o
nome de Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima (ou,
simplesmente, Santuário de Fátima).
Por receber milhões
de peregrinos anualmente, é-lhe dado o nome de "O Altar do Mundo" e
trata-se, na atualidade, de um dos maiores santuários marianos do mundo.
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