COMENTANDO
A PALAVRA DE DEUS
SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE
Meus queridos Amigos e
Irmãos na Fé!
Com a solenidade de Pentecostes, encerrou-se o tempo pascal.
Celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade, muito recente no calendário da liturgia romana, datada do ano de
1334. Com o Concílio Vaticano II, deixou-se de ser uma celebração temática e
recebeu um sentido mais bíblico-celebrativo.
A sua celebração é contemplação:
junta o sentido da Encarnação e da Redenção realizados na história, onde o Deus
Vivo é protagonista. Não desenvolve uma teologia sobre a Santíssima Trindade, mas celebra a renovação da aliança com o Pai que nos criou e nos
libertou, entregando-nos o dom da vida plena em Jesus Cristo, seu Filho amado,
o Verbo encarnado que, por sua vez, nos confiou, com sua morte e ressurreição,
o dom de seu Espírito.
Gosto de mergulhar no mistério da Santíssima Trindade, pensando num Amante – o Pai, num Amado – o Filho e no Amor com o qual o
Filho é amado – o Espírito Santo!
Somos chamados, na ação litúrgica, a
renovar o compromisso batismal. Fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo. Mergulhamos na dinâmica do amor trinitário. A nossa vocação é
sermos comunidade, ícone da Santíssima Trindade, sinais de
comunhão, de ajuda mútua, de partilha, de solidariedade, num mundo dividido,
individualista, ganancioso, desesperançado e violento.
E, tantas vezes, tentados a fabricar
deuses, facilmente nos submetemos a seus caprichos e seduções. Aceitamos ídolos
que nos são impostos e que favorecem a uns poucos e geram a morte de muitos. Em
consequência, amargamos a exploração, a opressão e a violência.
O Deus verdadeiro é Javé. O Deus que
liberta para que todos tenham vida. Ele é nosso parceiro e libertador. Um Deus
que é comunidade. Que mora na comunidade. Que ensina a viver em comunidade e
que nos salva em e com a comunidade.
A Igreja sempre celebra a Páscoa do
Senhor, o Salvador, e por Ele dá graças ao Pai, o Criador, no Espírito de amor,
o Santificador. Toda celebração é trinitária. A liturgia é a celebração da
Páscoa e, pela nossa participação, mergulhamos no mistério inefável da Trindade, fonte e meta do peregrinar da humanidade.
Acreditamos que a Santíssima Trindade é a melhor
comunidade. Pelo Batismo, somos mergulhados no mistério do seu amor (o útero da Igreja), e nos tornamos participantes da vida trinitária. E Deus, nosso
Pai, nos dá o Reino de herança, adotando-nos como filhos e filhas. Ele elimina,
pelo Espírito de Jesus, o medo que nos escraviza e aprisiona. Esse Deus se
revela na prática das comunidades, que vão refazendo os gestos de Jesus até que
o mundo seja transformado e tudo se torne posse da Trindade.
O Batismo, feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, significa:
consagração, ser marcado pela Trindade a serviço da justiça,
dedicação total e entrega a tudo o que Jesus ensinou.
Deus é nosso Pai. Nossa relação com
Ele exprime o que há de mais íntimo e carinhoso. Podemos, pelo Espírito,
chamá-lo “Abbá, meu Pai”, exatamente como Jesus o fez (cf. Mc 14,36). Na condição de filhos e filhas, recebemos a herança do Pai, que
nada reserva para si. Senhor e dono absoluto de todas as coisas, tudo nos dá. A
síntese da herança é o Reino de Deus.
Somos convocados a ser sinal do
carinho do Pai, a cuidar da obra que Ele criou, a defender as pessoas, filhos e
filhas de Deus, trabalhar para a vida ficar do jeito que Deus Pai sempre quis.
O grande convite da Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada no Nono Domingo Litúrgico do Tempo Comum, é adotarmos uma verdadeira Teologia da Ternura. Saibamos herdar da Comunidade Perfeita do Pai, do Filho e do
Espírito Santo, a sermos protagonistas do amor gratuito, da verdade, da justiça, da liberdade e da paz, sendo uns para com os outros, Anjos revestidos de pura ternura!
Sejam sempre muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Dt
4,32-34.39-40; Sl 32(33); Rm 8,14-17 e Mt 28,16-20)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Maio de 2021, pp. 110-116 e Roteiros Homiléticos para o Tempo Comum I da CNBB (Maio
2021), pp.7-11.
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