quinta-feira, 18 de março de 2021

SEMANA SANTA - ENDOENÇAS - DEMETRIO LUIZ PEDRO BOM

 

“Semana Santa” surgiu já nos primórdios do cristianismo quando as comunidades cristãs em Jerusalém se reuniam, na Sexta-feira e no Sábado, mediante rigoroso jejum, recordando o sofrimento e a morte de Jesus, ou seja, rememorando “os dias em que nos foi tirado o Salvador”  Cf. Mt 9,15; Mc 2,20). Dessa forma, se preparavam para a festa da Páscoa, no Domingo, em que celebravam a memória da ressurreição de Jesus.

Posteriormente, a observância do jejum passou a ser praticada também na Quarta-feira para lembrar o dia em que os chefes judaicos decidiram prender Jesus, isto é, “porque nesse dia começaram a tramar a morte do Senhor”  Cf. Mc 3,6; 14,1-2; Lc 6,11; 19,47; 20,19a; 22,2).

Tudo isto ocorria mais fortemente em Jerusalém porque provavelmente ali permaneciam mais vivas as lembranças dos últimos dias de Jesus. Essas solenidades passaram a ser imitadas pelas Igrejas do Oriente e depois pelas Igrejas europeias. Esses dias eram também de descanso para todos os servos e escravos. Em algumas Igrejas em Jerusalém eram celebradas todas as noites vigílias solenes com orações e leituras bíblicas, e com a celebração da Eucaristia. Em meados do Século III, já se observava o jejum em todos os dias da Semana Santa.

A importância da Semana que antecede a festa da Páscoa está evidenciada claramente através dos diversos nomes dados a essa época litúrgica ao longo dos primeiros séculos: “Hebdomada Paschalis”(Semana da Páscoa);  “Hebdomada Maior” (Semana Maior); e, por fim, “Hebdomada Sancta” (Semana Santa). As cerimônias litúrgicas particulares da Semana Santa começaram a desenvolver-se a partir do século IV.

Por volta dos séculos V e VI a cerimonia da quinta feira passou a se chamar “Feria quinta in Coena Domini” (Quinta Feira da ceia do Senhor) e também Quinta Feira de Endoenças, derivada do latim popular Indulgentia ou indulgências.

ENDOENÇAS - Há uma tradição de se fazer uma procissão na quinta-feira após a ceia, ou seja, a missa, que é uma repetição simbólica dessa última ceia. Era uma procissão do perdão. Endoenças é um termo de origem latina (do latim indulgentiae - do verbo latino indulgĕo, indulgĕs, indulsi, indultŭm, indulgēre, que significa perdoar, ser condescendente) traduzido para o cristianismo como dias de perdão.

ENDOENÇAS - palavra pela qual, como se disse, são conhecidas também as festividades de Quinta-feira Santa tem o sentido de perdão Porém, esse termo também pode receber outra interpretação também plausível. A de dor, sofrimento, paixão. Relaciona-se essa interpretação ao verbo latino dolĕo, dolĕs, dolui, dolēre, de seu tempo particípio presente DOLENS, DOLENTIS, adicionando o prefixo de inclusão "in", transformado na língua portuguesa em "en". O sentido imediato desse verbo é sofrer, sentir dor. Nessa direção teríamos o sentido de período de dor e sofrimento.que significa perdoar, ser condescendente

Nessa direção teríamos o sentido de período de dor e sofrimento.

INDULTO - esse termo tem origem comum com a palavra ENDOENÇAS.  Ambos os termos provêm do verbo latino indulgĕo, indulgĕs, indulsi, indultŭm, indulgēre (perdoar)

Quinta-feira Santa ou Quinta-feira de Endoenças (dores e temores) é a quinta feira, imediatamente, anterior à Sexta-feira da Paixão, da Semana Santa. Este dia marca o fim da Quaresma e o início do Tríduo Pascal na celebração, que relembra a última ceia do Senhor Jesus, o Cristo, com os doze Apóstolos. Dentro dos ofícios do dia, adquire uma especial relevância simbólica, o lava-pés, realizado pelo sacerdote e no qual relembra o gesto realizado por Cristo antes da última ceia com seus apóstolos. A chamada “última ceia” de Jesus, com os seus “shaberim”, foi um “kidush”, que precedeu a “Pêssach”, sendo realizado na quinta-feira. Os ofícios da Semana Santa chegam à sua máxima relevância litúrgica na Quinta-feira de Endoenças, quando começa o chamado tríduo pascal, culminante na vigília que celebra, na noite do Sábado de Aleluia, a ressurreição de Jesus Cristo no Domingo. Onde os sacerdotes renovam as suas promessas. Na Quinta-Feira de Endoenças, Cristo ceou com seus apóstolos, seguindo a tradição judaica do “Sêder de Pessach”, já que segundo esta deveria cear-se um cordeiro puro;  Para os católicos, o cordeiro pascoal, de então, passou a ser o próprio Cristo, entregue em sacrifício pelos pecados da humanidade e dado como alimento por meio da hóstia. Nos Altos Graus maçônicos, em que, ao final dos trabalhos, os presentes se reúnem em torno de uma mesa, onde o presidente, o principal dos convivas, distribui o pão e o vinho, de que todos se servem. Além disso, há um antigo costume, segundo o qual, em qualquer lugar do mundo em que se encontrem, esses obreiros, cavaleiros, devem se encontrar na quinta-feira de Endoenças  ou “quinta-feira santa”, ou “quinta-feira da Paixão”, que ocorre três dias antes da Páscoa. Esse hábito também tem sua origem num rito tradicional judaico essênico: o kidush (da raiz kodesh = santo, sagrado), que, também, é a origem da eucaristia. O kidush era realizado na véspera de uma festa religiosa, ou na véspera do shabbat (sábado, o dia santificado), para realçar a santificação do dia. Por ocasião da “Pessach” (Passagem, Páscoa), lembrando a saída do Egito, todavia, como a sexta-feira era dia de preparar os alimentos, que seriam consumidos no “Sêder” (jantar da Páscoa) e de queimar hametz (alimentos impuros, proibidos durante a Páscoa), o kidush era recuado para a quinta-feira. Num kidush, o principal dos convivas de uma confraria (em hebraico: shaburá) lançava as bênçãos sobre o pão e o vinho e os distribuía entre os demais (os shaberim, membros do shaburá). A cerimônia celebrada na Quinta-Feira Santa é exclusiva para os iniciados no Grau 18° e acima. Os Cavaleiros Rosa-Cruzes quando reunidos em Conclave, na “Quinta-Feira Santa”, Sessão de Endoenças, para a realização da Ceia do Grau 18º, devem ter em mente que a Ceia constitui um cerimonial, cuja origem é lembrada como sendo a realizada por Jesus com os seus doze Discípulos. Jesus, ao distribuir o pão e o vinho, esclareceu que simbolizava o seu próprio corpo e o seu sangue. Contudo, a Ceia Rosacruciana distribui a nutrição, que simboliza o sangue e o corpo de todos os Cavaleiros presentes, para que as forças da Vida sejam aumentadas; a inteligência seja sã e sincera, e que a Verdade seja discernida e as aspirações esclarecidas ante o GADU

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