QUARESMA: TEMPO DE CONVERSÃO!
A Quaresma é um dos mais ricos
tempos de conversão. Converter-se espiritualmente, significa mudar o que não
está bem interiormente. As pessoas perderam a noção de pecado. Já na década de
50 do século passado, o Papa Pio XII afirmava que um dos maiores males de nossa
geração, seria a perda da noção de pecado. Parece que o pecado foi extinto,
perdeu seu sentido de existir, só porque determinados comportamentos
tornaram-se frequentes entre as pessoas e suas relações. Diz-se: "Isso já
não é mais pecado, pois todo mundo faz...". Mas não é bem assim. O sentido
de pecado não perdeu suas características, e existe tanto hoje como no tempo de
Jesus. Talvez não se faça mais uma determinada listinha de pecados como antigamente.
O importante é remetermo-nos à própria consciência, e esta sinalizará se
cometemos ou não pecado.
Gosto de pensar que pecado é tudo aquilo
que nos tira a paz interior, causa-nos medo, angústia ou vergonha por termos
feito algo contra Deus, contra nós mesmos ou contra alguém. Pecado é o
afastamento do amor de Deus. É deixar Deus falando sozinho, virando-lhe as
costas. Assim como muitas vezes nossos adolescentes agem com os pais, pensando
que seus princípios estejam ultrapassados. Logo a arrogância, a prepotência, a
ganância e a autossuficiência gritam mais alto.
A conversão é voltar-se novamente para
Deus, a quem damos as costas, deixando-O falar sozinho. É olhar nos olhos de
Deus. É estar diante de Deus rosto a rosto e sentir-se envolvido pelo amor com
o qual nos criou à sua imagem e semelhança. Isso nem sempre é fácil. Muitas
vezes nosso orgulho é maior do que nossa humildade. Aqui está uma grande
dificuldade de nossos tempos: o auto-perdão. Não é fácil admitir que erramos,
que nos enganamos, o que se torna uma grande dificuldade de perdoar-nos a nós
mesmos e, consequentemente aos outros.
Com facilidade nos atribuímos o direito
de julgar os outros, até mesmo negando-lhes o perdão. Isso significa que temos
a pretensão de sermos "deuses" sobre os outros. Outras vezes,
escondemos nossos erros atrás dos erros dos outros, a fim de não sermos
descobertos. Esse tipo de atitude é um desastre nas relações humanas, sobretudo
em determinados grupos de pessoas, que desempenham algum serviço na sociedade,
que os coloque em evidência, como nas esferas sociais, econômicas, políticas,
familiares e nem por último, eclesiais. Esse esconderijo é o principal
ingrediente do pecado da inveja, que antes parece um câncer que embora se
manifeste, ninguém aceite.
A conversão implica uma
"reconciliaterapia". Isto é: admitir as próprias fraquezas,
aceitá-las e com a ajuda do perdão que vem de Deus convertê-las em virtudes. Só
então produziremos frutos saborosos e contribuiremos por uma sociedade mais
humana, justa e fraterna!
Pe.
Gilberto Kasper
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