SOMOS MAIS PEDINTES OU AGRADECIDOS?
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente no CEARP – Centro
de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto, Assistente Eclesiástico do Centro
do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da Comunicação, Pároco da
Paróquia Santa Teresa D’ Ávila e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres
da Arquidiocese de Ribeirão Preto e Jornalista.
Neste dia 2 de Fevereiro, a Igreja celebrou uma festa de origem
oriental: a Apresentação do Senhor ao
Templo. No Brasil, é muito conhecida do povo como devoção a Nossa Senhora
das Candeias, da Candelária ou dos Navegantes. A vinda do Senhor ao Templo de
Jerusalém, passados quarenta dias de seu nascimento em Belém, é narrada como apresentação e purificação da mãe, dois ritos não necessariamente conexos na
tradição judaica, mas que em nossa atual liturgia tem um “sabor” de
manifestação de Jesus ao Povo da Antiga Aliança. Simeão e Ana são os últimos
que “esticam o pescoço”, já na economia do Novo Testamento, para testemunhar a
realização das promessas.
A ação litúrgica que chama a atenção
nesta celebração, sem dúvida, é o lucernário e a procissão com velas bentas e
acesas, que nos remete à liturgia da Vigília Pascal. Conta, portanto, com nossa
gratidão a Deus, que nos enviou Seu Filho para ser a Luz do Mundo, nosso
Salvador. A festa, em si, encerra os encantos do Tempo de Natal, para
introduzir-nos ao centro de nossa Fé, a Páscoa, Festa da Ressurreição do
Senhor.
Já nesta quarta-feira, dia 3 de
Fevereiro, celebramos a Memória de São Brás, Bispo de Sebaste, conhecido como
umas das últimas vítimas das perseguições romanas, “viveu na Armênia, entre o 3º e 4º séculos. É invocado como protetor
contra os males da garganta, em lembrança de um milagre que a tradição lhe
atribui: teria salvado uma criança que morria engasgada por uma espinha de
peixe” (cf.
Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2021, p. 24). Sua bênção é muito procurada pelo povo. Geralmente nossas
Igrejas lotam de fiéis.
Basta constatar em qual das duas
celebrações temos maior número de fiéis participantes, para percebermos se Somos
mais pedintes ou agradecidos? Não é aqui nossa intenção de julgar a fé
e a relação madura dos cristãos. Porém, deveríamos preocupar-nos, sim, com a
evangelização mais madura, do que com uma simples catequese debruçada sobre
devoções populares. Se nosso povo fosse realmente mais maduro e evangelizado, a
celebração da Apresentação do Senhor ao Templo precederia à Missa onde buscamos
a bênção contra os males da garganta. Já no tempo das Curas de Jesus, dos dez,
somente um dos leprosos curados voltou para agradecer. Como seríamos mais
configurados com as Comunidades dos Apóstolos, se fôssemos mais agradecidos e menos “pidões”, já que o Senhor nos concede
tudo de que precisamos para sermos felizes e realizados.
O Senhor gosta que peçamos. Mesmo
sabendo do que precisamos, Ele gosta que o invoquemos, até mesmo por meio dos
santos e santas que nos precedem na eternidade. “Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis, batei e a porta vos será
aberta” (Mt 7,7). Mas também nós devemos, além de
demonstrar nossa gratidão, fazer a nossa parte. Não adianta pedirmos que o
Senhor nos livre da Pandemia, se não observarmos as orientações da ciência, da
medicina e das autoridades sanitárias que promovem a vida.
De repente aparecem opiniões, as
mais “loucas”, de pessoas que se descobriram especialistas em pandemias,
medicamentos, vacinas e protocolos a serem ou não observados. Como seria bom se
nos respeitássemos mais e nos enfrentássemos menos. Quem sabe com mais paz,
respeito, diálogo e dignidade, conseguiremos superar melhor e o quanto antes
essa pandemia que tanto nos judia ainda em nossos dias?
Nenhum comentário:
Postar um comentário