COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
QUINTO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos
Amigos e Irmãos na Fé!
“Entrai, inclinai-vos e prostrai-vos:
adoremos o Senhor que nos criou,
pois ele é o nosso Deus” (Sl 94,6s).
Uma vez identificado como o Filho de Deus; apresentado seu Projeto
Ministerial, que é Anunciar o Reino de Deus entre nós; tendo formado seu Discipulado, Jesus Cristo é apresentado pela
Palavra de Deus proclamada no Quinto Domingo do Tempo Comum, curando os enfermos e acariciando os fracos da sociedade. Jesus é itinerante, não pára em lugar específico,
não fica “colado” nem no barco de onde prega, nem na Sinagoga onde comunga da Palavra Revelada e muito menos nos
círculos familiares onde cura. Segue de um lugar a outro, para confirmar sua Missionariedade, que deve ser
também a da Igreja hoje. A Igreja que não é missionária não é a de Jesus!
A Leitura do Livro de Jó descreve um
mundo enfermo e despido de valores essenciais. Deus, o Criador que ama
apaixonadamente a humanidade, quer revesti-la novamente de dignidade. Promete
que o sofrimento e a enfermidade serão superados com o Ministério do Filho que
envia para tal ministério. A saúde física é um valor transitório e não
essencial à pessoa. Mesmo assim, Deus quer suas criaturas prediletas saudáveis, a fim de evitar a enfermidade
interior. No dia em que nosso nome ecoar na eternidade, somente a saúde
interior contará. Já não mais será necessária a saúde de um corpo perecível,
mas a pureza interior. Com Santa Terezinha do Menino Jesus, Doutora, podemos
dizer: “O
sofrimento santifica!..”, o que não quer significar que tenhamos de sofrer para tornarmo-nos “santos”, porém aproveitar de nossos limites físicos para a própria
santificação e a do mundo. Gosto sempre de pensar que nossos Enfermos fazem de
seu leito de dor, o altar do sofrimento de Jesus. Eles, os Enfermos, devem
sempre merecer o carinho e a especial atenção, não só dos Agentes da Pastoral
da Saúde, mas também dos Ministros Ordenados, que muitas vezes “não têm tempo ou não gostam
muito de priorizar as visitas aos enfermos”. Recebo
incontáveis chamados para visitar enfermos de todos os lados de nossa cidade,
com a desculpa de que os padres de determinadas Comunidades não têm tempo, não
se encontram e alguns enfermos chegam a esperar mais de um ano para receber a
visita de um sacerdote, fato que me assusta e preocupa muito.
O Evangelho de São Marcos narra a “Cura da Sogra de Simão... e de muitas pessoas de diversas
doenças...”. Geralmente os primeiros votos
desejados às pessoas, é a saúde. Dizemos que tendo saúde, tudo se ajeita. E seguramente Deus quer
seus filhos bem de saúde. As devoções populares aos Santos também, na maioria
das vezes, provem de pedidos de curas. Os milagres reconhecidos pela
Congregação da Causa dos Santos, que oficializa a “santidade” de alguém, também giram na grande maioria em torno de “curas de enfermidades”,
consideradas incuráveis pela medicina. Daí que os Santos invocados às Curas
atraem multidões de fiéis, pedindo curas. Quantos fiéis se reuniram para
celebrar a festa da Apresentação do Senhor, popularmente conhecida como a festa de Nossa Senhora das Candeias? E quantos
fiéis buscaram a Bênção da Garganta na memória
facultativa de São Brás? Uma de minhas preocupações no processo evangelizador é sermos
mais pedintes do que agradecidos! E quantos entre
nós só buscam auxílio divino no momento da tristeza, da dor, do desespero, do
desemprego e da enfermidade? “Ai de Deus se não ouvir nossas súplicas... Que a vontade de
Deus seja feita, desde que coincida com a nossa...” Não podemos relacionar-nos com Deus revelado no ministério de
Jesus Cristo, que veio sim, para curar e para promover vida e vida em
abundância para todos, como se Ele fosse um comerciante. “Pedimos, e se formos
atendidos, cumpriremos promessas, muitas vezes descabidas, como se Deus
necessitasse de coisas, como velas ou sacrifícios...” Segundo Jesus Cristo, é misericórdia que agrada o coração do Senhor e não sacrifícios.
Precisamos respeitar a religiosidade
e as devoções populares. Porém, como Comunidades de
Fé, Oração e Amor, temos a missão de evangelizar,
sempre orientados pelos ministros ordenados e agentes de pastoral bem
formados. São Paulo, em sua Primeira
Carta aos Coríntios é bem claro nisso e seu apelo, quase expresso como
desabafo, é atual e se remete às nossas iniciativas, planos e atividades
pastorais: “...
pregar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade...
Ai de mim se eu não pregar o evangelho!”.
Paulo nos leva à reflexão da
autenticidade da vocação específica na Igreja. Os ministros ordenados que
procuram viver coerentemente sua vocação, empreendem seu tempo, dão prioridade
àqueles Sacramentos que somente a eles foram conferidos presidir: a Eucaristia, a Reconciliação e a Unção dos Enfermos! Muitas vezes há
quem prioriza outras atividades, que nossos irmãos não ordenados talvez
fizessem melhor do que nós Presbíteros. Não me refiro aqui a praticar algum
hobby de predileção para o merecido descanso. Mas priorizar nosso hobby em
detrimento do desatendimento de nosso povo é uma cruel infidelidade à vocação à qual nos sentimos chamados.
Assim, desfiguramos nosso Sacerdócio, que deveria ser configurado com Cristo, o
Bom Pastor, descrito nas atividades do Apóstolo: “Em que consiste então o meu salário? Em pregar o evangelho, oferecendo-o de graça... Com os fracos, eu me
fiz fraco... Com todos, eu me fiz tudo... Por causa do evangelho eu faço tudo,
para ter parte nele”.
Todos, Ministros Ordenados e Comunidades Evangelizadas, somos
conclamados a viver a maturidade de nossa fé na relação com o Senhor, Seu
Evangelho e com Todos que nos são confiados! Não esqueçamos que nossa primeira
vocação é a Vocação ao Amor!
Com
ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel.
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Jó, 7,1-4.6-7;
Sl 146 (147); 1Cor 9,16-19.22-23 e Mc 1,29-39).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Fevereiro de 2021, pp. 31-38 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I de
Fevereiro de 2021, pp. 68-72.
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