COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
FESTA
DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS
DIA
MUNDIAL DA PAZ
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos vivenciando as festas
natalinas, com a celebração da manifestação do Senhor em nossa vida e história.
Nossa atenção se volta ao mistério da Mãe do Senhor sob o título de “Mãe de Deus”.
Ao afirmar que o Menino, nascido de Maria, é Deus, em decorrência disso, a Igreja proclamou que Maria é Mãe de Deus. E isso não é de agora. Desde muito, nós cristãos honramos “... Maria sempre Virgem,
solenemente proclamada Mãe de Deus pelo Concílio de Éfeso, para que Cristo
fosse reconhecido, em sentido verdadeiro e próprio, Filho de Deus e Filho do
homem, segundo as Escrituras” (UR, n. 15: Decreto conciliar sobre a reintegração da Unidade
dos cristãos).
Neste Dia Mundial da
Paz, iniciando um novo ano, a paz é desejada,
suplicada como sinal da bênção e da proteção permanente de Deus. É em nome de
Jesus, a plenitude da bênção, que invocamos bênçãos de paz sobre nós e sobre os
povos em conflito.
A alegria deverá orientar nossa
primeira celebração religiosa do novo ano civil. As festas e os brindes da Passagem do Ano,
geralmente, impedem as pessoas de participarem desta significante celebração.
Muitos dormem sua ressaca, outros nem conhecem a profundidade de tão linda
celebração, que deveria ter maior prioridade entre os cristãos. Acolhidos por Maria, Mãe de Deus e
nossa, desperdiçamos a oportunidade de pedir a ela que nos acompanhe ao
longo dos próximos 365 dias. Segundo o Papa Francisco, a fraternidade pode
superar a “cultura do descartável” e promover a “cultura do encontro”. O Deus
da bênção e da paz nos congregue numa só família.
O povo pode contar sempre com as
bênçãos de Deus. A maior delas é a vinda do seu Filho, graças ao sim de Maria. A exemplo dos pastores, vamos
abrir o coração e nos dispor para o encontro com Jesus.
Deus quer nos abençoar ao longo de todo este ano. Os pastores,
gente pobre e desprezada, são os primeiros a ir ao encontro de Jesus. Deus
conta com a colaboração humana para
realizar seus projetos. Os pastores
cheiram mal, pois cuidavam de ovelhas e viviam ao relento. Poderíamos
compará-los, em nossos dias, aos irmãos coletores de lixo. Imaginem que eles
correm mais de trinta quilômetros por noite, em nossa metrópole rica e
privilegiada, recolhendo nosso lixo depositado nas calçadas. Enquanto as
autoridades eclesiásticas, políticas, civis e a nata da elite de uma sociedade
economicamente privilegiada pensam anunciar o Salvador do mundo, este se revela, através da Corte Celestial dos Anjos, aos
preteridos e “fedidos” entre todos: na época os Pastores; hoje, talvez, nossos Coletores de Lixo, ou aqueles que
consideramos Lixo Humano entre nós: os idosos, os enfermos, os
dependentes de alguma droga lícita ou não, e nem por último os mendigos
mal-cheirosos que adentram nossas celebrações, pedindo uma esmola para
suportarem a exclusão com mais um gole de cachaça ou uma cheirada de craque... Se não estivermos abertos ao diferente, ao simples, e não
fizermos a experiência da humildade, deixando de lado nossa prepotência, arrogância, autossuficiência,
corremos o risco de desencontrar-nos com o Senhor que só nasce mesmo em
manjedouras simples, humildes, puras e livres para acolhê-lo.
A exemplo de Maria, humilde serva do Senhor e bendita
entre as mulheres, cantemos um hino de ação de graças ao Pai, que nos cumulou
de bens por meio de seu Filho.
A palavra de hoje ressalta a
imposição do nome de Jesus, sua inserção na sociedade humana. Como o Filho de
Deus, nós também recebemos um nome ligado à nossa existência e à nossa missão.
A atitude dos pastores nos ensina a acolher e anunciar a Boa Notícia da presença do
Salvador em nosso meio. Com Jesus, nos tornamos herdeiros da salvação e podemos
clamar: Abba, Pai, vivendo fraternalmente como irmãos e
irmãs.
Maria, a mãe de Jesus, é imagem da comunidade fiel e comprometida com o plano da
salvação.
Com o exemplo de Maria no seu sim incondicional, assumimos “de boa vontade” a proposta de
Jesus de sermos promotores da paz em nossos lares e na sociedade em que
vivemos.
Invoquemos com confiança a bênção do
Senhor, o Deus de bondade, sobre todos os povos e nações, neste Dia Mundial da Paz. Que ele guarde,
ilumine, mostre a sua face de Pai e dê a paz a todos. Com Jesus, o Filho de Maria, a maior bênção da salvação para toda a humanidade, nos comprometemos
a trabalhar alegremente na construção da paz.
Saibamos rezar por nossos
Governantes, para que promovam, além da paz, a maior dignidade de todos os
Filhos de Deus. Estejamos atentos e tenhamos a coragem e ousadia proféticas de “cobrar” melhores condições de vida em
todos os setores que garantam uma vida digna a cada cidadão, sem nenhuma
acepção ou discriminização, deixando de lado as inúmeras “barganhas” divulgadas
no ano que se declina. Formemos “consciência política crítica” neste novo
Ano! Este será mais um ano eleitoral! Vamos eleger nossos Prefeitos e
Vereadores! Não é a economia de um País que o determina civilizadamente
desenvolvido. É a dignidade do Povo de um País que deverá discernir sempre nossa
cidadania, direitos e deveres! A cultura do consumo e do lucro à custa da
indigência do Povo precisa ser superada pela Cultura do Encontro, da Fraternidade, da Partilha e da Ternura!
Sejam todos muito abençoados neste Novo Ano que se inicia. Sejamos protagonistas da paz por onde
passarmos, exalando o perfume da ternura em nossas relações.
Com a mesma ternura, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Nm 6,22-27; Sl 66(67); Gl 4,4-7 e Lc 2,16-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Janeiro de 2020, pp. 19-22, e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo do
Natal (Janeiro de 2020), pp. 38-41.
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