COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
SOLENIDADE DE JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO!
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O Cordeiro que foi
imolado é digno de receber o poder,
a divindade, a sabedoria,
a força e a honra.
a ele glória e poder
através dos séculos” (Ap 5,12; 1,6).
Celebramos
o último domingo do Tempo Comum com a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. O reino de Jesus é reino de justiça,
vida e liberdade. Depende de nós aceitar e antecipar a vinda desse reino,
constituindo-o pelo nosso empenho pessoal, familiar, comunitário e
profissional. Hoje celebramos também o dia do leigo e da leiga.
Porque nos ama, Deus cuida de cada um com justiça. Pela
ressurreição de Cristo, recebemos vida nova, que precisa ser preservada. Jesus
nos deixa alguns critérios para saber se estamos ou não no caminho do reino. “Vinde,
benditos de meu Pai! Recebei como herança o reino que meu Pai vos preparou
desde a criação do mundo!” (Mt 25,34).
O bom pastor não descansa enquanto
há ovelhas a ser resgatadas. O que nos faz sentar ao lado de Cristo, rei do
universo, é a caridade praticada em favor do necessitado. Cristo, ressuscitado
e rei do universo, é o senhor da história e da humanidade.
O Ano Litúrgico termina com a festa de Cristo-Rei. E
fica a pergunta: quem é esse Cristo-Rei
para a comunidade reunida para celebrar o memorial da páscoa? Interessante que
a primeira leitura mostra em que consiste a realeza de Deus: ela é serviço à
liberdade e à vida das pessoas, sobretudo das que são impedidas de viver. O
Evangelho, por sua vez, nos compromete radicalmente com a prática da justiça,
traduzida em solidariedade e partilha com todos os necessitados, vendo neles o
próprio Cristo e sacramento da salvação. Jesus hoje continua nos desafiando colocando-nos
diante dos irmãos menores e mais fracos.
Paulo, por sua vez, com a ressurreição de Jesus comprova
a vitória da justiça. Dentro de nós há uma semente de ressurreição, de justiça,
de partilha e solidariedade.
Jesus fala das obras de misericórdia ensinadas pelo
judaísmo: dar de comer aos famintos, dar de beber aos que tem sede, acolher o
estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes, acrescentando a visita aos
prisioneiros; não menciona, porém, a educação dos órfãos e o sepultamento dos
mortos, que também faziam parte das recomendações. Quem não praticou essas
obras perdeu a oportunidade de fazer isso ao próprio Jesus presente nos
necessitados. Se ele está nos irmãos, ele
está no meio de nós em todos os lugares e momentos.
O Reino de que Jesus fala é um reino não de poder, mas
sim de serviço: “O
Filho do homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mt 20,28). Esse é o
critério do julgamento. Entrar no reino supõe que os discípulos tenham seguido
os passos do pastor, do mestre a serviço de todos, especialmente dos mais
necessitados.
Celebrando a realeza de Jesus,
ressuscitado pela justiça e misericórdia de Deus, somos julgados pelos pobres
mais pequeninos. É possível proclamar a realeza de Cristo enquanto seus irmãos
prediletos são excluídos da liberdade e do direito à vida digna? Chamá-lo de
Cristo Rei e deixá-lo com fome, com sede, sem casa, nu, doente, aprisionado,
sem direito à educação em nosso meio? “Entre nós está, e não o conhecemos, entre
nós está e nós o desprezamos”.
É tempo de parada e de avaliação,
tendo diante dos olhos Jesus Cristo, Rei do Universo, o Ressuscitado e na nossa frente os irmãos pobres e abandonados,
lembrados por Jesus no Evangelho.
Rezando neste domingo, especialmente
pelos Leigos e Leigas, lembramos que somos chamados pela consagração
batismal à missão profética, sacerdotal e régia para transformar o mundo no
Reino de Deus.
Quando nos referimos à festa de Cristo Rei do Universo,
certamente como os próprios apóstolos, imaginamos majestade, magnitude, poder,
prestígio, honras e tapetes aveludados... Gosto do modo como Deus dribla a
humanidade do começo ao fim da História da Salvação, História Amorosa para com a Humanidade! Ele nos surpreende com Sua simplicidade, que até escandaliza alguns. Deus, em Jesus Cristo,
Rei do Universo, é muito mais simples do que O
complicamos. Espera de cada um de nós, igual humildade, sobretudo em relação aos mais fracos e menos favorecidos por
nossa cruel e hipócrita sociedade!
Muitos de nós nos contentamos com as “ovelhas” que nos procuram e obedientemente participam e servem nossas
Comunidades. Acomodados às nossas salas de atendimento, celebrações de
sacramentos, temos dificuldades de exercer nossa missão profética, sacerdotal e
real de sermos, de uma vez por todas uma IGREJA DO IR! Irmos em busca das “periferias existenciais”, como tanto
o Papa Francisco insiste. Elas, geralmente, são nossos desafios, nos
desinstalam e nos dão trabalho. Mas é lá que encontramos o verdadeiro Rei do Universo, estampado no
rosto sofrido e nem poucas vezes no mau cheiro de nossos irmãos, os mais
surrados pela nossa Cultura do
Descartável.
Com freqüência fazemos acepção às ovelhas gordas, bem como às mais
bonitinhas e bem tratadas, chutando as machucadas ou excluindo as que
representam ameaça ao nosso próprio prestígio ministerial. Isso,
lamentavelmente, acontece entre ministros ordenados e não. Que nossas
Comunidades sejam, de verdade, mais acolhedoras e saibam viver a profunda ternura entre o
rebanho, a Igreja!
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, nosso
abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ez 34,11-12.15-17; Sl 22(23); 1Cor 15,20-26.28 e Mt 25,31-46).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de 2020, pp. 90-96 e
Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de 2020), pp. 82-86.
é
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