COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
SOLENIDADE
DE TODOS OS SANTOS
Queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegremo-nos todos no Senhor,
celebrando a festa de Todos os Santos.
Conosco alegram-se os anjos e glorificam o Filho de
Deus”.
Celebrando a Solenidade de Todos os Santos de Deus,
comungamos com aqueles que já se encontram na casa do Pai e vivem em plenitude
as bem-aventuranças. Nós também somos proclamados felizes, porque formamos a
grande família de Deus e procuramos seguir a multidão dos que nos deixaram
exemplo de fidelidade e amor.
A multidão dos fiéis seguidores de Jesus, filhos e filhas
amados pelo Pai, reúne-se numa celebração celestial. Ainda em vida são
proclamados felizes porque depositaram sua confiança em Deus.
Todos os que se mantêm fiéis a Cristo serão vitoriosos.
As bem-aventuranças são o caminho da santidade proposto por Jesus. Somos filhos
e filhas de Deus, pois ele é nosso Pai, e seremos semelhantes a ele.
A Eucaristia transforma-nos, lenta e progressivamente, em
seres capazes de contemplar o Pai unidos a todos os que são salvos.
A celebração de Todos os Santos
é a festa da santidade anônima. Da
santidade entendida, em primeiro lugar, como dom de
Deus e resposta fiel da criatura humana. Torna-se impossível
enumerar todos os santos, tido como sinais da manifestação maravilhosa da ação
de Deus. A santidade pode ser comparada a um grande mosaico que reflete a
grandeza da única santidade de Deus.
Cada santo é um exemplar único e exclusivo. Não podemos
pensar a santidade como um produto em série. A comemoração de todos os santos
nos abre à imprevisibilidade do Espírito Santo.
A multiplicidade de santos faz deles um modelo perfeito
para a vivência dos carismas pessoais e para a diversidade de opções no
seguimento de Jesus e no serviço à Igreja e à sociedade.
Quando veneramos ou falamos de um santo de nossa devoção,
somos tentados a contemplá-lo (a) pela ótica perfeccionista. “Ele foi perfeito”, “Um super-humano”.
Não! Os santos, antes de tudo, foram pessoas comuns. Eles fizeram sua caminhada
de vida seguindo os passos de Jesus. Participaram da realidade do povo santo e
pecador. Contudo, eles se destacaram na vivência radical do ideal proposto
pelas bem-aventuranças. Foram pessoas que, por seu modo de viver a Boa-Nova,
marcaram significativamente a sociedade de seu tempo e se transformaram em
referenciais atualizados para a história.
O convite evangélico à santidade é proposto a todos. Não
é uma realidade impossível de alcançar. Tudo depende do vigor com que se vive o
ideal das bem-aventuranças na relação com Cristo e nos compromissos inerentes à
vida. Eu e você podemos ser santos. Não importa se somos pessoas de muitas
qualidades ou não. O que conta é que sejamos pessoas extraordinárias pela
vivência do programa de Jesus resumido nas bem-aventuranças.
Fica mais uma vez entre nós a pergunta crucial: como ser
santo? O que significa ser santo? A liturgia vai nos conduzir para mais perto
da santidade de Deus.
Ouvem-se
frequentemente de bons lábios cristãos algumas frases em relação à santidade,
como: “Eu não
nasci para ser santo...”. “Não sirvo para
ser santo...”. “Não sou santo, logo não
tenho culpa...” Gosto de pensar que tais cristãos não compreendem o
próprio Batismo. O Batismo torna-nos seres divinizados, ou
seja, candidatos
à santidade! Não creio que
sejam as coisas boas que conseguimos realizar, nem as coisas más que praticamos,
por vezes, involuntariamente, que nos conduzem à santidade,
porém o esforço empreendido por
fazer de tudo para ser bondoso, humilde, servo e anjo para os irmãos, vivendo
uma relação de ternura constante. Quem sabe, fazendo uma listinha de
esforços diários nos ajude a conquistar a santidade proposta a todos os filhos e
filhas de Deus, nascidos do “útero da Igreja, a Pia
Batismal!” Já paramos para pensar, com quantos santos convivemos
ao longo de nossa vida, mesmo que não reconhecidos, oficialmente, por decretos
de beatificações ou canonizações?
Não deixemos para amanhã, nem mesmo para daqui há pouco:
comecemos já nosso esforço por sermos santos, sendo anjos
uns dos outros. Só quem é simples e bondoso, sabe o quanto é
magnífica a antessala da santidade!
Desejando-lhes,
por intercessão de Todos os Santos, muitas
bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Ap 7,2-4.9-14; Sl
23(24); 1 Jo 3,1-3 e Mt 5,1-12).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Novembro de
2020, pp. 14-20 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Novembro de
2020), pp. 61-66.