COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
VIGÉSIMO
SEXTO DOMINGO DO TEMPO COMUM
DIA DA
BÍBLIA!
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura
e a vossa compaixão, que são eternas!
Não recordeis os meus pecados quando jovem
nem vos lembreis de minhas faltas e delitos!
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia
e sois sem limites, Senhor!” (Cf. Sl 24).
A Palavra de Deus, proclamada, acolhida e
celebrada no Vigésimo-Sexto
Domingo do Tempo Comum nos convida a reconhecer que não basta só
falar, o nosso agir é que demonstra se cumprimos ou não a vontade do Pai.
A Palavra de Deus nos fala da responsabilidade que temos
sobre nossos atos e suas consequências e salienta a importância da coerência
entre o falar e o agir.
Não podemos culpar Deus pelos nossos erros. Não basta
apenas dizer sim (formalismo); é
preciso trilhar o caminho da justiça. Imitar a Cristo na humildade e no
desprendimento.
A Eucaristia é a ação pela qual nos identificamos com a
morte e ressurreição de Cristo, dispondo-nos a ir com ele até a cruz para que
os outros vivam.
Somos daqueles que pensam que basta dizer: “Senhor, Senhor” para
entrar no reino de Deus? Daqueles que se acomodam com formalidades e com
títulos religiosos e não se esforçam na prática da justiça? Seguir Jesus
repercute em nossa prática. É ela que decide o destino diante de Deus. O fazer
comprova ou desmente o dizer. A pergunta de Jesus exige discernimento: qual fez
a vontade de Deus?
A intenção de Jesus não é convencer seus adversários, mas
dizer-se porque são rejeitados. Ouvimos, neste contexto, uma das frases mais
duras de Jesus: “Os
cobradores de impostos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus”.
Aqueles que pretendem ser perfeitos, bons observadores da lei serão antecipados
no Reino por aqueles que eles julgam e condenam como os maiores violadores da
lei, os pecadores públicos. Pecadores públicos de nossos dias, são aqueles homens e
mulheres públicos que escandalizam a Nação que representam, traindo a confiança
de seus eleitores, legislando leis em benefício próprio, desviando verbas
públicas destinadas à Saúde, Educação, Segurança Pública, Moradia, etc aos
próprios bolsos. Somos também, nós, quando não somos honestos em relação às
coletas, dízimo e demais contribuições destinadas aos mais pobres ou outras
finalidades maiores, utilizando-nos dos bens da Comunidade em benefício de determinadas
mordomias pessoais. A lei que Jesus exige é colocar em prática a
vontade do Pai que ama toda pessoa e, em especial, os mais necessitados e
desprezados.
Jesus nos ensina a reconhecer a justiça das pessoas que
não têm boa fama, mas praticam a justiça. Ensina-nos a denunciar, para o bem
delas e de todos que sofrem sua influência, as que têm boa fama, os
considerados santos, mas que não praticam a justiça, conforme o projeto do Pai.
Jesus é o Filho que diz “sim” e faz o que o Pai decidiu. Todas as pessoas
que acolhem e seguem concretamente Jesus cumprem a vontade do Pai.
Ezequiel nos fala em praticar o direito e a justiça e a
nos convertermos constantemente. Essa atitude julga a nossa vida. Julgar que
somos “justos”
é uma cegueira pessoal que faz semear dúvidas sobre a conduta e as crenças de
quem é diferente de nós. Para fazermos a vontade do Pai, a Carta aos Filipenses
nos mostra o caminho assumido por Jesus: “Esvaziou-se a si mesmo assumindo a condição de servo”.
Jesus deixou de lado todo privilégio. O fato de sermos cristãos, de exercermos
um ministério na Igreja, não deve ser motivo de elogios, de prepotência, de nos
sentirmos mais e melhores que outras pessoas. É motivo sim de solidariedade, de
espírito de comunhão e serviço; de um permanente processo de encarnação no
mundo dos excluídos.
Neste Dia do Senhor,
celebramos a Páscoa de Jesus Cristo que se revela nas pessoas que procuram
viver o discipulado, obedientes à Palavra de Deus. Além da Liturgia da Palavra,
parte integrante da liturgia cristã e constituindo com o rito eucarístico um só
ato de culto (cf. Sacrosanctum Concilium,
n.56), toda a celebração como memorial do mistério pascal de Jesus, no hoje
de nossa vida, está inserida no conjunto da História da Salvação, da qual somos
testemunhas como missionários e missionárias!
Em cada celebração, colocamos em nossos lábios muitos
cantos e palavras, repetimos orações e fazemos tantos gestos. Tudo isso terá sentido
e agradará a Deus como oferta bendita se for expressão de um coração orante e
comprometido com a vontade de Deus.
A Palavra de Deus nos faz mergulhar em nossa fragilidade
humana e nos leva a experimentar a bondade sempre fiel do Senhor que nos propõe
mudança de vida e acredita em nossa conversão. Ele, porém, não se contenta que
apenas o invoquemos, repetidamente: “Senhor, Senhor!”.
Penso que devemos “Fazer amor com Deus”. Amá-lo e deixar-nos
amar profundamente por Ele. Quando amamos, fazemos de tudo para agradar o
amado. Mudamos até nossos hábitos e gostos. Porém, para “fazer amor”, é preciso sentir-se atraído pela outra pessoa e a ela
entregar-se totalmente, sendo-lhe infinitamente fiel!
Portanto, quem diz amar a Deus, mas não conhece Sua Palavra, Sua Vontade e não
sente Seu amor, ao invés de “fazer amor com Deus”, prostitui-se. Porque fazer amor com quem não se conhece, é prostituição,
ou não?
Desejando
a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler Ez 18,25-28; Sl 24(25); Fl 2,1-11 e
Mt 21,28-32).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Outubro de 2020,
pp. 99-107 e Roteiros Homiléticos da