Irmã Dulce
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Santa Dulce dos Pobres, S.M.I.C. |
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Irmã Dulce durante a juventude. |
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Nascimento |
26 de maio de 1914 em Salvador, BA |
Morte |
13 de março de 1992 (77 anos) em Salvador, BA |
Nome nascimento |
Maria Rita de Sousa Brito Lopes
Pontes |
Nome religioso |
Irmã Dulce |
22 de maio de 2011, Salvador, por Dom Geraldo Cardeal Majella
Agnelo, enviado especial do Papa Bento XVI[1][2] |
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13 de outubro de 2019, Basílica de São
Pedro por Papa Francisco |
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Principal templo |
Santuário Santa Dulce dos Pobres,
Salvador, Bahia, Brasil |
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Maria
Rita de Sousa Brito Lopes Pontes (Salvador, 26 de maio de 1914 —
Salvador, 13 de março de 1992),
conhecida como Irmã Dulce, canonizada com o título de Santa
Dulce dos Pobres, foi uma religiosa católica brasileira. Por suas ações humanitárias de
caridade e assistência aos desfavorecidos, ficou também conhecida como o
anjo bom da Bahia.
Irmã
Dulce ganhou notoriedade por suas obras de caridade e de assistência aos pobres
e necessitados, obras essas que ela praticava desde muito cedo. Na juventude já
lotava a casa de seus pais acolhendo doentes. Ela também criou e ajudou a criar
várias instituições filantrópicas: uma das mais importantes e famosas é o Hospital Santo
Antônio, que foi construído no lugar do galinheiro do Convento Santo
Antônio. Hoje o hospital atende diariamente mais de cinco mil pessoas.[3] Foi
uma das mais importantes, influentes e notórias ativistas humanitárias do século XX. Suas obras de caridade são
referência nacional, e ganharam repercussão pelo mundo. Seu nome é sempre
relacionado à caridade e amor ao próximo. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz no
ano de 1988 pelo então presidente do Brasil, José Sarney, porém não ficou com o título. Em
2001, foi eleita "a religiosa do século XX", em uma eleição que foi
publicada pela revista Isto É. Em 2012, foi
eleita uma dos 12
maiores brasileiros de todos os tempos em pesquisa feita
pelo SBT, para eleger a personalidade que mais
contribuiu para o país.[5]
Em
2014 o governador da Bahia, Jaques Wagner, instituiu por um decreto a data
de 13 de agosto como o Dia Estadual em Memória à Bem Aventurada Dulce dos
Pobres.[6][7][8] Contudo,
a data não é feriado no estado, por não ter mais vagas disponíveis no
calendário local.[6]
Irmã
Dulce foi beatificada em
2011, pelo enviado especial do Papa Bento XVI, Dom Geraldo Majella
Agnelo, em Salvador. Em 13 de outubro de 2019, foi canonizada
pelo papa Francisco,
tornando-se a primeira mulher comprovadamente nascida no Brasil a ser
canonizada, e a 37ª santa brasileira.[9]
Biografia
Irmã Dulce aos 13 anos de idade.
Maria
Rita era filha de dona Dulce Maria de Souza Brito e do doutor Augusto Lopes
Pontes, dentista e professor da Universidade
Federal da Bahia. Quando criança, costumava rezar muito e pedia
sinais a Santo Antônio,
pois queria saber se deveria seguir a vida religiosa ou se casar. Desde os
treze anos de idade, depois de visitar áreas carentes, acompanhada por uma tia,
ela começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa. Começou a
ajudar mendigos, enfermos e desvalidos. Nessa mesma
idade, foi recusada pelo Convento
de Santa Clara do Desterro, em Salvador, por ser jovem demais,
voltando a estudar.
Então,
e sendo este o motivo pelo qual não foi aceita, a menina Maria Rita tinha boas
referências para procurar o Convento do Desterro, pois o mesmo já gozava da boa
fama de ter tido veneráveis religiosas, como a Madre Vitória
da Encarnação, primeira religiosa brasileira com fama de santidade,
falecida em 1715, a Madre Maria da
Soledade e a Madre Margarida
da Coluna, que juntas são chamadas de as Três santas do
Desterro. Já em 1730, escrevia sobre as virtuosas religiosas deste
convento, Sebastião da Rocha
Pita, no seu livro História da
América Portuguesa:
Foi
crescendo com o amor de Deus a pureza nas religiosas em tal grau, que competiam
em santidade, e faleceram algumas admiráveis em prodigiosa penitência e com
notável opinião, entre as quais se conta a madre Soror Victória da Encarnação,
cuja vida anda escrita por ilustríssima pena, que foi a do senhor D. Sebastião
Monteiro da Vide, arcebispo da Bahia, que com vôos de águia soube registrar as
luzes daquele extático sol.[10]
Com
o consentimento da família e o apoio de sua irmã, Dona Dulcinha, a menina foi
transformando a casa da família, na Rua da Independência, 61, no bairro
de Nazaré, num
centro de atendimento à pessoas necessitadas. A casa ficou conhecida como
"a portaria de São Francisco", tal o número de carentes que se
aglomeravam a sua porta.
Em
8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora primária (1932), Maria
Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da
Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão,
em Sergipe. Em 13 de agosto de 1933, após seis
meses de noviciado, ela fez sua
profissão de fé e votos perpétuos, tomando o hábito de freira e recebendo o nome de Irmã Dulce,
em homenagem a sua mãe, aos 19 anos de idade.[4] Em
seguida (1934), voltou a Salvador. Sua primeira missão como religiosa foi
ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa,
além de também assistir as comunidades pobres da região.
Em
1936, com apenas 22 anos, fundou, com Frei Hildebrando Kruthanp, a União
Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário da Bahia. No ano
seguinte, sempre com Frei Hildebrando, criou o Círculo Operário da Bahia,
mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através
de doações.[11] Tinham
como finalidade a difusão das cooperativas, a promoção cultural e social dos
operários e a defesa dos seus direitos.[12]
Em
maio de 1939, Irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os
operários e seus filhos. No mesmo ano, para abrigar doentes que recolhia nas
ruas, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha do Rato, em Salvador. Depois de
ser expulsa do lugar, teve que peregrinar durante uma década, instalando os
doentes em vários lugares, até transformar em albergue o galinheiro do Convento de
Santo Antônio, que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de
um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres.[3]
Mesmo
com a saúde frágil, Irmã Dulce construiu e manteve uma das maiores e mais
respeitadas instituições filantrópicas do país — as Obras Sociais Irmã
Dulce.[13]
Por
trinta anos dormiu em uma cadeira de madeira, cumprindo a promessa feita em 1956
para que sua irmã Dulce sobrevivesse a uma gravidez de alto risco.[14]
Em
1980, durante a primeira visita do Papa João Paulo II ao
Brasil, Irmã Dulce foi convidada a subir ao altar para receber uma bênção
especial. O Papa retirou do bolso um rosário e ofereceu a ela dizendo: "Continue,
Irmã Dulce, continue".[15]
Em
1988, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz,
pelo então presidente do Brasil José Sarney, com o apoio da rainha Silvia da
Suécia.[15][16]
Em
2000, foi distinguida pelo Papa João Paulo II com
o título de Serva de Deus. O processo de beatificação de Irmã Dulce tramitou
na Congregação
para as Causas dos Santos do Vaticano.[17]
Praça Irmã Dulce, em Salvador, inaugurada em homenagem
à freira.[18]
Entre
os diversos estabelecimentos que Irmã Dulce fundou estão o Hospital Santo
Antônio, capaz de atender setecentos pacientes e duzentos casos ambulatoriais.
O atendimento médico conta com especialização geriátrica, cirúrgica, hospital
infantil, centro de atendimento e tratamento de alcoolismo, clínica feminina, unidade de
coleta e transfusão de sangue, laboratórios e um centro de reabilitação e
prevenção de deficiências. Além do hospital, Irmã Dulce também criou o Centro
Educacional Santo Antônio (CESA), instalado em Simões Filho, que abriga mais de trezentas
crianças de 3 a 17 anos. No Centro, os jovens têm acesso a cursos
profissionalizantes. Irmã Dulce fundou também o "Círculo Operário da
Bahia", que, além de escola de ofícios, proporcionava atividades culturais
e recreativas.
Durante
mais de cinquenta anos teve problemas
respiratórios.[19] Em
11 de novembro de 1990, Irmã Dulce foi internada no Hospital Português da
Bahia, depois transferida à UTI do Hospital Aliança e
finalmente ao Hospital Santo Antônio. Em 20 de outubro de 1991, recebe no
convento, em seu leito de morte, a segunda visita do Papa João Paulo II ao
Brasil para receber a bênção e a extrema unção.[15][20]
O
"anjo bom da Bahia" morreu em seu quarto, de causas naturais, aos
setenta e sete anos, às 16:45 do dia 13 de março de 1992, ao lado de pessoas
queridas por ela, como as irmãs do convento. Seu corpo foi sepultado no alto do
Santo Cristo, na Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e
depois transferido para a Capela do Hospital Santo Antônio, centro das Obras Sociais Irmã
Dulce.
Beatificação e
canonização
Irmã
Dulce foi declarada venerável pela Congregação
para as Causas dos Santos do Vaticano em 21 de janeiro de 2009,
deixando-a mais próxima da beatificação.[21] Em
3 de abril do mesmo ano, o Papa Bento XVI aprovou o decreto de
reconhecimento de suas virtudes heroicas. Em 9 de junho de 2010, o
corpo de Irmã Dulce foi exumado, velado e sepultado novamente, como
último estágio do processo de beatificação. Em 27 de outubro do mesmo ano, o
cardeal arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella
Agnelo anunciou a beatificação da religiosa, em uma coletiva de
imprensa realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, tornando-a a primeira
bem-aventurada da Bahia.[22][23] O
anúncio foi sucedido pelo decreto em 10 de dezembro de 2010 e aconteceu após o
reconhecimento de um milagre pela intercessão da religiosa na recuperação de
uma mulher sergipana, que havia sido desenganada pelos
médicos após sofrer uma hemorragia durante
o parto.[24]
No
dia 22 de maio de 2011, Irmã Dulce foi beatificada em Salvador, e passou a ser
reconhecida como "Bem-Aventurada Dulce dos Pobres". A Solene
Eucaristia de Beatificação foi presidida pelo enviado especial do Papa Bento
XVI, Dom Geraldo Majella Agnelo, arcebispo
emérito de Salvador.[1][2][4] Nessa
mesma solenidade foi declarado o dia 13 de agosto como a data de sua festa litúrgica,
que é comemorada em Salvador, e em pelo menos 28 igrejas e capelas de outros
estados. Nesse dia, em 1933, a religiosa fez sua profissão de fé e votos perpétuos,
tornando-se freira.[4] A
data também é comemorada pela Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, mas sua
festa litúrgica é celebrada em 13 de março nessa denominação.[25]
Em
13 de maio de 2019, o Vaticano reconheceu um segundo milagre de Irmã Dulce, a
cura de uma pessoa cega. Com isso, a beata poderia ser canonizada.[26] Quase
dois meses depois, em 1 de julho, a Santa Sé anunciou que a data de canonização
seria 13 de outubro do mesmo ano, no Vaticano.[27][28] O
rito de canonização ocorreu na celebração da missa dominical de 13 de outubro
de 2019 no Vaticano pelo Papa Francisco, e além de irmã Dulce, que
recebeu o título canônico de Santa Dulce dos Pobres, outros quatro
beatos de nacionalidades diferentes foram canonizados.[29] Na
homilia da celebração, Francisco exaltou que os cinco beatos foram canonizados
por se dedicarem ao serviço dos mais pobres na vida religiosa, fazendo um
"caminho de amor nas periferias existenciais do mundo".[30]
Logo
depois da canonização, foi criado pelo bispo auxiliar de Salvador, dom Marco
Eugênio Galrão, o primeiro santuário do mundo dedicado à santa, o
Santuário Santa Dulce dos Pobres, cujo orago anterior
era Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no bairro Roma, em Salvador. Simultaneamente também foi
criada a primeira paróquia do mundo dedicada a Santa Dulce, a Paróquia de Santa
Dulce dos Pobres, no bairro do Saboeiro, em
Salvador. A criação da paróquia deu-se durante a celebração da missa, presidida
pelo bispo auxiliar de Salvador dom Estevam dos
Santos.[31]
Na mídia
Em
27 de novembro de 2014 estreou o filme biográfico sobre
Irmã Dulce, intitulado Irmã Dulce e
rodado inteiramente em Salvador, mostra a trajetória da freira na infância,
fase adulta e últimos anos de vida. Narra seu ativismo social desde a época da
juventude até a construção das Obras Sociais Irmã Dulce.[13][32][33][34]
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