COMENTANDO A PALAVRA DE
DEUS
SOLENIDADE
DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Felizes aqueles que ouvem a
Palavra de Deus e a guardam!” (Lc 11,28).
Celebramos no Vigésimo Domingo do Tempo Comum uma das festas mais populares e consoladoras dedicadas à Virgem Maria: Assunção de Nossa Senhora!
Cantamos as maravilhas que Deus realizou em Maria, exaltada acima
dos anjos na glória junto a seu Filho Jesus. A páscoa de Cristo se realiza nos
corações e comunidades que, a exemplo de Maria, se abrem à palavra de Deus e
formam família com o Ressuscitado.
Elevada ao céu, Maria intercede por
nós e nos espera para que desfrutemos de sua companhia. Celebramos em comunhão
com os vocacionados à vida consagrada: religiosos e consagrados seculares, que
a exemplo de Maria, dão seu sim generoso ao projeto de Jesus.
Mulher revestida de honras e
glórias, Maria reconhece, agradecida, as maravilhas que Deus nela realizou em
favor do povo. Ela é o grande sinal da nova humanidade redimida pelo seu Filho.
Maria assunta ao céu é sinal da vida do povo grávido de Deus que
aguarda a revelação da glória. Em Maria, humilde serva do Senhor, Deus tem
espaço para operar maravilhas. A vitória de Cristo sobre a morte é símbolo
também de nossa vitória.
Maria já participa do banquete do
reino com seu Filho. Quanto a nós, na eucaristia nos é concedido antecipar a
alegria que o Pai reserva a todos os que são fiéis a Jesus.
É a partir da gloriosa vitória da Páscoa sobre o pecado e a morte que
nós contemplamos Maria toda gloriosa no céu. Vemos como o próprio Evangelho coloca na sua boca palavras que proclamam a beleza de Deus que,
na vitória de Jesus, realizou uma tríplice inversão das falsas situações humanas,
para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo:
No campo religioso, Deus derruba as
autossuficiências humanas, confunde os planos dos que nutrem pensamentos de
soberba, erguem-se contra Deus e oprimem os seres humanos.
No campo político, Deus destrói os
injustificáveis desníveis humanos, abate os poderosos dos tronos e exalta os
humildes; repele aqueles que se apoderam indevidamente dos povos, e aprova os
que os servem para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem
discriminações...
No campo social, Deus transforma a
aristocracia estabelecida sobre ouro e meios de poder, e cumula de bens os
necessitados e despede de mãos vazias os ricos, para instaurar uma verdadeira
fraternidade na sociedade e entre os povos.
A festa de Nossa Senhora da Assunção representa
uma injeção de ânimo para todos que, em meio a tantas dificuldades, peregrinamos
na fé e na caridade rumo à pátria definitiva. Nela celebramos a esperança de
estarmos todos juntos, um dia, com Maria, participando da festa que no céu nunca se acaba, a festa da
total e definitiva libertação.
Congratulando Maria, congratulamo-nos a nós
mesmos, a Igreja. Pois, mãe de Cristo e mãe da fé, Maria também é Mãe da Igreja. Sua glorificação são as primícias da glória de seus filhos na
fé.
Para os tempos de hoje, no momento
histórico em que vivemos, a contemplação da serva gloriosa pode nos trazer
uma luz preciosa. Que seria a humilde serva no século 21, século da publicidade e do sensacionalismo? Não se
assemelha a isso a Igreja dos pobres? A exaltação de Maria é um sinal de esperança para os pobres. Sua história joga também
uma luz sobre o papel da mulher, especialmente da mulher pobre, duplamente oprimida, Maria é a mãe libertadora.
Assumindo responsavelmente o projeto
de Deus, Maria é figura e esperança de
quantos aspiram por liberdade e vida. Ela vem reforçar a confiança dos pobres,
ao mostrar que neles o Poderoso opera maravilhas de libertação. Serva fiel, bem-aventurada porque acreditou nas promessas, solidária com os
necessitados, é mãe das comunidades que lutam contra os dragões que procuram
roubar-lhe as esperanças. Associada intimamente a Jesus por sua maternidade e mais ainda pela prática da Palavra participa da vitória de Cristo, primícia da vida em plenitude. O
canto de Maria nos estimula a lutar pelo
mundo novo já iniciado com a ressurreição de Jesus. Esse mundo novo irá se tornando realidade concreta se formos
cidadãos conscientes e responsáveis.
Reunimo-nos, neste domingo, com Maria para proclamar as maravilhas
operadas em nós pela morte e ressurreição de Jesus. Desta forma, iniciamos mais uma semana que, com a graça de Deus
e proteção de Maria, será uma semana de paz,
abençoada.
Nada mais justo que Jesus acolhesse de corpo e alma Sua
Mãe, a Virgem Maria, na feliz
eternidade, uma vez que, totalmente Imaculada emprestou seu útero, a fim de
que se tornasse o porta-jóias do próprio Deus, feito pessoa. Penso que o grande convite desta
festa, é que cada um de nós se sinta, igualmente, o porta-jóias, o sacrário, o tabernáculo de Jesus Sacramentado, bem como no
semblante do irmão, preferencialmente no rosto triste, enrugado, sofrido,
desolado e desesperançado. Enfim, celebrar, a Solenidade da Assunção de
Nossa Senhora, para nós é celebrar novo ânimo,
nova esperança e novas perspectivas de um mundo mais humano e fraterno.
Que todos sintam as carícias da
bênção materna de Nossa Senhora Assunta ao Céu! Com
ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ap 11,19; 12,1.3-6.10; Sl 44(45); 1Cor 15,20-27 e Ler Lc
1,39-56).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2020,
pp. 63-72 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Agosto de 2020) pp.
65-69.
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