COMENTANDO A PALAVRA DE
DEUS
DÉCIMO-OITAVO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
MÊS
VOCACIONAL
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O homem não vive somente
de pão,
mas vive de toda palavra
que sai da boca de Deus,
e não só de pão. Amém.
Aleluia, aleluia!” (Mt 4,4).
A Palavra de Deus do Décimo-Oitavo
Domingo do Tempo Comum,
coloca-nos diante do evento da Multiplicação dos
Pães, em que Jesus nos convida a nos alimentar de sua palavra e
da eucaristia para que ninguém vá embora com fome. Celebramos a Páscoa de
Cristo, a qual se manifesta em todas as pessoas e grupos que têm compaixão dos
pobres e famintos e sabem partilhar com eles.
O reino de Deus não
pode se concretizar enquanto houver fome de pão e de dignidade. Banquete com
fartura é sinal do projeto de Jesus, que tem compaixão do povo e convoca seus
seguidores para que alimentem as multidões famintas.
Somos gratuitamente convidados a participar do banquete
messiânico. Jesus propõe a superação da fome e da miséria. O amor de Deus é
nosso aliado, ninguém pode nos separar dele.
Deus destinou os bens da criação para todos. Mas uns
poucos se apoderaram deles, conservando os demais sob férrea dependência,
incapazes até de ter acesso aos bens básicos da vida. O banquete da vida se
tornou privilégio de poucos, que vivem à custa do sangue dos pobres explorados.
Deus subverte essa situação, convidando os pobres explorados a sair da
dependência e a saborear o banquete da vida, na liberdade e fraternidade, onde
o comércio é substituído pela partilha dos bens da criação. Dessa forma inicia
o novo êxodo do povo de Deus em direção ao mundo novo. Jesus deu a esse mundo
novo sua forma definitiva, convidando as pessoas a lutar para que ele se
concretize no meio de nós.
Para longe de todos os poderes de morte, dos Herodes que,
com seus banquetes de morte, buscam ter vida, matando a esperança do povo, como
fizeram com João Batista, Jesus vai para um lugar deserto e afastado. É das
cidades, isto é, do espaço onde impera o domínio de Herodes e de seu sistema
explorador, que o povo sai (= êxodo!),
indo ao encontro do Messias libertador, precisamente
no espaço da aliança, no deserto. E qual a reação de Jesus? Encheu-se de
compaixão, isto é, sofreu com aquela gente sofrida.
É neste lugar deserto e afastado, que se aprende, na
prática, o segredo do Reino de Deus em
oposição ao reino de Herodes. Não é indo comprar nas vilas, isto é, deixando-se
explorar pelos que têm para vender, que os pobres terão comida em abundância,
mas partilhando aquilo que possuem.
A Palavra que é Jesus em sua totalidade já está
em nosso meio, nada nos separa dela. Esse Jesus-Palavra
é o primeiro alimento a nos fortalecer com seu segredo, a saber, a alternativa
de uma sociedade de partilha fraterna, capaz de saciar a fome de todos. Ouvir,
assimilar e colocar em prática esta Palavra que é Jesus, eis o desafio que temos
pela frente.
Diante da Palavra proclamada
neste domingo e diante do Projeto de Jesus Cristo anunciado, somos impelidos não apenas
a alimentar-nos a nós mesmos, porém, saciados, assumir o compromisso da
erradicação da fome e da miséria em nossas Comunidades de Fé. Segundo a ONU, um
bilhão de pessoas no mundo passa fome, diariamente. A disparidade entre pobres
e ricos ainda é indecente. Vivemos na Região de Ribeirão Preto, entre uma das
maiores concentrações econômicas e um incalculável número de pessoas sem
nenhuma perspectiva de vida digna.
O
compromisso evangélico que se espera de nós, é a promoção da dignidade da
pessoa em sua totalidade. Não é jogando “migalhas” daqui e dali que estaremos assumindo nossa missão de
verdadeira partilha.
Gosto de frisar que sempre devemos partilhar
de nossa pobreza, oferecendo o que temos de melhor àqueles que
dependem de nossa responsabilidade e que têm menos do que nós. Saber que
possuímos um dos “lixos mais luxuosos do País”, deve no mínimo, remeter-nos a
buscar soluções que não só matem a fome imediata das pessoas, oferecendo-lhes
“sopas, lanches, esmolas e outros tipos de migalhas”, mas oportunidades
de vida e não de sobrevivência!
A Décima-Oitava
Semana do Tempo Comum é
enriquecida pelo início do Mês Vocacional. Neste primeiro domingo do mês vocacional, recordamos os vocacionados para o ministério ordenado –
diáconos, padres e bispos – e rezamos de modo especial pela santificação de
todos eles. Pois só um padre santo poderá santificar sua comunidade, e isso se
faz possível no profundo encontro de ambos, na oração!
Finalmente sonhamos com
o dia em que todo ser humano tenha direito, de verdade, a sentar-se à mesa
comensal de nossas Comunidades!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão,
nosso abraço amigo,
Pe.
Gilberto Kasper
(Ler Is 55,1-3; Sl 144(145); Rm 8,35.37-39
e Mt 14,13-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2020, pp.
18-24 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Agosto de 2020) pp. 55
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