COMENTANDO A PALAVRA DE
DEUS
FESTA DE
CORPUS CHRISTI
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O
Senhor alimentou seu povo com a flor do trigo
E com o
mel do rochedo o saciou” (Sl 80,17).
A Solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo recorda o mistério da encarnação
de Jesus, que veio ser nosso companheiro e alimento em nossa caminhada de peregrinos.
Ele mesmo nos diz: “Quem come minha carne e bebe meu sangue possui a vida
eterna”.
O alimento é necessário para a vida da pessoa, o pão
eucarístico é fundamental para a vida do cristão. O pão alimenta e une as
pessoas. Cristo, o verdadeiro alimento descido do céu, fortalece-nos na busca
da eternidade.
A dureza do deserto mostra que o ser humano não é autossuficiente.
Comer a carne e beber o sangue de Cristo é assimilá-lo e assumir seu projeto. Na Eucaristia participamos da vida
(corpo) e da morte (sangue) de Cristo. A Eucaristia é o banquete sagrado no
qual a assembléia participa dos bens do sacrifício pascal e renova a aliança
feita por Deus com toda a humanidade, uma vez para sempre, no sangue de Cristo.
Comer a carne de Cristo feito pão e beber o sangue feito
vinho, significa assimilar em nossos corpos essa Palavra viva que Ele é. Não é
só uma questão piedosa de “receber Jesus no coração”. Trata-se de, na ação de
comer e beber, assimilar em nós a fala maior, a saber, o nutriente maior que é
a doação total do Senhor Jesus, para sermos também nós uma entrega a serviço
dos irmãos. Comer deste Pão quer dizer aceitar identificar-se com esse Cristo,
tornar-se como Ele, e com Ele formar um só corpo. Comungar o corpo de Cristo
quer dizer aceitar, identificar-se com esta
Palavra viva do Pai que é Ele mesmo, Jesus Cristo. Caso contrário, não temos
vida, tudo desmorona, a sociedade vira um caos.
Assimilar o Corpo-Palavra de Cristo e identificar-se com
Ele significa, ao mesmo tempo, comungar o corpo de Cristo eclesial,
comprometer-se com ele. Não dá para separá-los. “Não se comunga o corpo de
Cristo sem comungar o corpo do irmão, sobretudo o fraco, pelo qual Cristo
morreu”. Caso contrário, fazemos da Eucaristia uma idolatria e nos tornamos
cúmplices da morte. É bom pensar nisso!
Fortalecidos pela comunhão com o Corpo de Cristo e,
consequentemente, com todos os membros deste Corpo, partimos para a missão em
favor de uma sociedade sempre mais fraterna e solidária: em favor da vida!
Celebrar a Solenidade do Corpo
e Sangue de Cristo pretende amadurecer nossa consciência, de que
devemos amar apaixonadamente a Eucaristia sempre,
porém, tornando-nos o sacrário, tarbernáculo,
hostensório, custódia do Cristo
Eucarístico, que sacia a fome e a sede de amor, ternura,
justiça, liberdade, verdade e paz da humanidade toda. As pessoas, olhando para
nós, devem enxergar o próprio Cristo contemplado em nossas atitudes. Isso nem
sempre é fácil. Muitas vezes adoramos Jesus na Hóstia Consagrada e o ignoramos
no outro. Nossa insensibilidade para com os irmãos contradiz qualquer homenagem
que fazemos diante do Sacrário.
É bom expressar nossa alegria em reconhecer, a partir de
nossa fé, a presença eucarística na Hóstia Consagrada desfilando entre nós.
Desde que essa festa produza atitudes concretas de amor maior entre nós. Havia
um homem muito simples, que diariamente entrava na Igreja, por volta do
meio-dia. Sentava-se no último banco e ali permanecia quieto, sem nada dizer,
rezar, falar: permanecia em silêncio. As senhoras piedosas que
zelavam pela Igreja Matriz, pediram ao Padre que averiguasse as intenções
daquele homem. Poderia ser um ladrão, alguém que estaria estudando um modo de
roubar alguma imagem da Igreja ou assaltar o cofre. Ao ser perguntado pelo
Padre o que fazia, diariamente, sentado no último banco da Igreja sem nada
dizer, o homem, apontando para o Sacrário respondeu: “Senhor Padre! Venho aqui no
horário do meu almoço. Trabalho aqui perto. Não tenho como almoçar em casa.
Então venho aqui e fico olhando para Ele e Ele olha para mim!” O Padre
perguntou de quem falava? O homem respondeu: “Padre, eu olho para Jesus e
Jesus lá do sacrário olha para mim...” O Padre, um tanto constrangido,
acalmou as senhoras e passou a imitar o pobre homem, dedicando mais tempo de silêncio
diante do Sacrário, todos os dias!
A filha do sacristão de determinada
Igreja, foi surpreendida pelo pai, beijando a hóstia grande já preparada na
patena, para a Missa. O pai lhe disse: “Sua bobinha. Por que beija esta hóstia
aí, que ainda nem foi consagrada? Jesus nem aí está!” A menina respondeu
imediatamente: “Papai, bobinho é você. Eu sei que Jesus ainda não está nesta hóstia
grande. Mas quando o Padre a erguer e Ele chegar nela, encontrará meu beijo,
está bem?”
Que a Eucaristia
cure, como um antibiótico, as infecções de nossos pecados e, como vacina, nos
impermeabilize das tentações. Seja eficaz em nossas relações mais humanas e
dignas entre nós.
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt 8,2-3.14-16; Sl 147; 1 Cor
10,16-17 e Jo 6,51-58).
Fontes: Liturgia
Diária da Paulus de Junho de 2020, pp. 41-45 e Roteiros Homiléticos da CNBB do
Tempo Comum I (Junho de 2020) pp. 11-15.
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