terça-feira, 9 de junho de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS FESTA DE CORPUS CHRISTI - PADRE GILBERTO KASPER


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
FESTA DE CORPUS CHRISTI

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“O Senhor alimentou seu povo com a flor do trigo
E com o mel do rochedo o saciou” (Sl 80,17).

            A Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo recorda o mistério da encarnação de Jesus, que veio ser nosso companheiro e alimento em nossa caminhada de peregrinos. Ele mesmo nos diz: “Quem come minha carne e bebe meu sangue possui a vida eterna”.
            O alimento é necessário para a vida da pessoa, o pão eucarístico é fundamental para a vida do cristão. O pão alimenta e une as pessoas. Cristo, o verdadeiro alimento descido do céu, fortalece-nos na busca da eternidade.
            A dureza do deserto mostra que o ser humano não é autossuficiente. Comer a carne e beber o sangue de Cristo é assimilá-lo e assumir seu projeto. Na Eucaristia participamos da vida (corpo) e da morte (sangue) de Cristo. A Eucaristia é o banquete sagrado no qual a assembléia participa dos bens do sacrifício pascal e renova a aliança feita por Deus com toda a humanidade, uma vez para sempre, no sangue de Cristo.
            Comer a carne de Cristo feito pão e beber o sangue feito vinho, significa assimilar em nossos corpos essa Palavra viva que Ele é. Não é só uma questão piedosa de “receber Jesus no coração”. Trata-se de, na ação de comer e beber, assimilar em nós a fala maior, a saber, o nutriente maior que é a doação total do Senhor Jesus, para sermos também nós uma entrega a serviço dos irmãos. Comer deste Pão quer dizer aceitar identificar-se com esse Cristo, tornar-se como Ele, e com Ele formar um só corpo. Comungar o corpo de Cristo quer dizer aceitar, identificar-se com esta Palavra viva do Pai que é Ele mesmo, Jesus Cristo. Caso contrário, não temos vida, tudo desmorona, a sociedade vira um caos.
            Assimilar o Corpo-Palavra de Cristo e identificar-se com Ele significa, ao mesmo tempo, comungar o corpo de Cristo eclesial, comprometer-se com ele. Não dá para separá-los. “Não se comunga o corpo de Cristo sem comungar o corpo do irmão, sobretudo o fraco, pelo qual Cristo morreu”. Caso contrário, fazemos da Eucaristia uma idolatria e nos tornamos cúmplices da morte. É bom pensar nisso!
            Fortalecidos pela comunhão com o Corpo de Cristo e, consequentemente, com todos os membros deste Corpo, partimos para a missão em favor de uma sociedade sempre mais fraterna e solidária: em favor da vida!
            Celebrar a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo pretende amadurecer nossa consciência, de que devemos amar apaixonadamente a Eucaristia sempre, porém, tornando-nos o sacrário, tarbernáculo, hostensório, custódia do Cristo Eucarístico, que sacia a fome e a sede de amor, ternura, justiça, liberdade, verdade e paz da humanidade toda. As pessoas, olhando para nós, devem enxergar o próprio Cristo contemplado em nossas atitudes. Isso nem sempre é fácil. Muitas vezes adoramos Jesus na Hóstia Consagrada e o ignoramos no outro. Nossa insensibilidade para com os irmãos contradiz qualquer homenagem que fazemos diante do Sacrário.
            É bom expressar nossa alegria em reconhecer, a partir de nossa fé, a presença eucarística na Hóstia Consagrada desfilando entre nós. Desde que essa festa produza atitudes concretas de amor maior entre nós. Havia um homem muito simples, que diariamente entrava na Igreja, por volta do meio-dia. Sentava-se no último banco e ali permanecia quieto, sem nada dizer, rezar, falar: permanecia em silêncio. As senhoras piedosas que zelavam pela Igreja Matriz, pediram ao Padre que averiguasse as intenções daquele homem. Poderia ser um ladrão, alguém que estaria estudando um modo de roubar alguma imagem da Igreja ou assaltar o cofre. Ao ser perguntado pelo Padre o que fazia, diariamente, sentado no último banco da Igreja sem nada dizer, o homem, apontando para o Sacrário respondeu: “Senhor Padre! Venho aqui no horário do meu almoço. Trabalho aqui perto. Não tenho como almoçar em casa. Então venho aqui e fico olhando para Ele e Ele olha para mim!” O Padre perguntou de quem falava? O homem respondeu: “Padre, eu olho para Jesus e Jesus lá do sacrário olha para mim...” O Padre, um tanto constrangido, acalmou as senhoras e passou a imitar o pobre homem, dedicando mais tempo de silêncio diante do Sacrário, todos os dias!
            A filha do sacristão de determinada Igreja, foi surpreendida pelo pai, beijando a hóstia grande já preparada na patena, para a Missa. O pai lhe disse: “Sua bobinha. Por que beija esta hóstia aí, que ainda nem foi consagrada? Jesus nem aí está!” A menina respondeu imediatamente: “Papai, bobinho é você. Eu sei que Jesus ainda não está nesta hóstia grande. Mas quando o Padre a erguer e Ele chegar nela, encontrará meu beijo, está bem?”
            Que a Eucaristia cure, como um antibiótico, as infecções de nossos pecados e, como vacina, nos impermeabilize das tentações. Seja eficaz em nossas relações mais humanas e dignas entre nós.
           
            Pe. Gilberto Kasper
(Ler Dt 8,2-3.14-16; Sl 147; 1 Cor 10,16-17 e Jo 6,51-58).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Junho de 2020, pp. 41-45 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Junho de 2020) pp. 11-15.
           
           

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