COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Celebrando o Terceiro Domingo do Tempo
Pascal, aprendemos que o
Senhor ressuscitado caminha conosco e nos
convida a formar comunhão com ele ao redor do pão da vida. A páscoa de Jesus se
realiza nos corações e comunidades que promovem a partilha e criam laços de
comunhão e solidariedade. Pedro apresenta o modelo da pregação apostólica e nos
diz que Jesus é aquele que nos conduz a Deus. Os discípulos de Emaús reconhecem
o Senhor no momento da partilha do pão. O primeiro anúncio da pregação de Pedro
foi a ressurreição de Jesus, como predisseram as Escrituras. O Ressuscitado
caminha com a comunidade e se revela na partilha da palavra e do pão. Somos
migrantes neste mundo, resgatados pelo sangue de Cristo.
A liturgia deste domingo
indica o caminho para um verdadeiro encontro com Jesus ressuscitado, presente
de modo especial nas Escrituras e no partir o pão. Palavra e Eucaristia correspondem-se tão
intimamente que não podem ser compreendidas uma sem a outra: a Palavra de Deus faz-Se carne, sacramentalmente, no
evento eucarístico. A Eucaristia abre-nos à inteligência da Sagrada Escritura,
como esta, por sua vez, ilumina e explica o Mistério Eucarístico.
Os discípulos reconhecem
Jesus ao partir o pão, sinal de sua entrega total por amor. As reuniões das
comunidades primitivas, onde a escuta da Palavra tinha um papel importante,
culminavam com a fração do pão, a Eucaristia (cf. At 2,42.46). Agradecemos ao Senhor pela possibilidade de reconhecê-lo na palavra, na eucaristua, na comunidade dos irmãos na fé. Com os discípulos de
Emaús, insistimos: “Fica conosco, Senhor”, caminha ao nosso lado, para que possamos repartir o pão e
acolher todas as pessoas sem discriminação.
Após a morte de Jesus, a
comunidade dos discípulos se dispersou por causa das desilusões, das
adversidades. A compreensão do mistério pascal de Jesus, na perspectiva do
desígnio do Pai: a salvação da humanidade abriu nova esperança de libertação
para os discípulos. Assim, o encontro com o Ressuscitado desperta nos
discípulos a disposição para reencontrar a comunidade e continuar a missão. Que
o Senhor ressuscitado nos conserve reunidos em seu nome, em torno de sua
proposta libertadora.
De Jerusalém a Emaús há
uma distância de onze quilômetros. É justamente neste caminho que tudo começa.
Até aí as coisas estavam ainda obscuras. As notícias da ressurreição corriam de
boca em boca, mas até a tardinha daquele domingo, ninguém ainda vira o Ressuscitado, a não ser Maria de
Magdala, a quem parecia não ser conferida muita credibilidade. Nem mesmo Pedro
e João conseguiam compreender claramente as coisas: constataram, é verdade, o
sepulcro vazio, mas o Cristo Ressuscitado só sabiam dos lábios de Maria, que levara a Boa Notícia da
Ressurreição! O anúncio poderia ser, quem sabe, resultado das emoções vividas
naqueles dias todos. Já no Caminho para Emaús acontece a segunda Missa: Jesus
põe-se entre os dois desanimados e dribla os demais. É no desânimo, na
desesperança, no cansaço, na desilusão que o Senhor aparece. Celebra caminhando
com eles, a Liturgia da Palavra, explicando-lhes novamente as Escrituras, como
que uma segunda chamada daquilo que aprenderam no Seminário de Jesus. O coração
dos discípulos ardia enquanto Jesus falava. O convite de Emaús é fundamental
para a segunda parte da Missa: "Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem
chegando!" Jesus aceita o convite dos dois discípulos. Jesus sempre aceita
nosso convite, quando lhe pedimos: "Fica conosco, Senhor!" Reconhecem-no ao agradecer,
abençoar e partilhar o pão: eis a Liturgia Eucarística!
Gosto de pensar que os
discípulos, felizes por terem reconhecido e estado com o Senhor, poderiam
dar-se por satisfeitos e descansarem do longo trecho entre Jerusalém e Emaús.
Geralmente é o que fazemos. Uma vez cumprido o preceito, Jesus comungado em Palavra e Eucaristia voltamos para nossos lares
e continuamos quietinhos vivendo nossa vida. Certinha, é bem verdade, mas com
Jesus escondido no sacrário de nosso coração. Não foi a atitude dos dois
discípulos. Mesmo exaustos, não ficaram de pernas para o ar, descansados em
casa, mas voltaram, correndo à Comunidade reunida em Jerusalém, onde houve a exclamação mútua:
"Vimos
o Senhor. Está vivo. Ressuscitou!" Eis o anúncio que a Igreja espera de cada um
de nós. Não guardemos o Senhor Ressuscitado só para nós: anunciemo-lo por onde
passarmos, também da porta do Tempo para fora.
Desejando a todos o
carinho de nossas orações, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler At 2,14.22-33; Sl 15(16); 1Pd 1,17-21 e Lc 24,13-35).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Abril de 2020,
pp. 106-110 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Abril de 2020),
pp. 40-45.
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