terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM - PADRE GILBERTO KASPER


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
SÉTIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!


            Em Jesus, o Pai nos oferece sua compaixão, dando-nos seu perdão, a força da reconciliação que nos leva ao amor incondicional e guia-nos no caminho da concórdia e da justiça.
            Neste Sétimo Domingo do Tempo Comum, a primeira leitura ajuda a iluminar o evangelho proclamado. O Levítico nos fala da necessidade de sermos santos, porque Deus á santo. A santidade que Deus exige de nós, não se reduz a práticas externas da religião, mas ao amor sem limites. Pela Aliança, os israelitas são de Deus. Pelo Batismo, os cristãos são de Deus. Aqueles que formam o “povo de Deus” não podem desonrar esse nome, mas assemelhar-se a ele que é amor e perdão, como nos diz o livro do Êxodo 34,6-7: “O Senhor, Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, que conserva a misericórdia por mil gerações e perdoa culpas, rebeldias e pecados...” Por isso, é necessário que sejamos irrepreensíveis.
            Jesus, como filho amado do Pai, compreendendo e vivendo a pertença plena de Deus, explica e exige a santidade de seus seguidores. Portanto, não se trata de ser pretensioso querer ser santo. Antes se trata de uma exigência interna de todo batizado. O batismo nos torna seres divinizados, ou seja, candidatos à santidade. E santo é todo aquele que morrendo vê Deus como Deus é, e pronto!
            A caridade fraterna, o amor aos inimigos devem ser as características de quem segue Jesus, o Cristo. No seguimento do Senhor, não cabem ódio, vingança, egoísmo, corrupção, injustiças, violências, guerras, comércio de armas, competições, incompreensões, divisões. Entretanto, no mundo, vemos acontecer tudo isso entre nações, grupos, pessoas. Até entre igrejas e dentro das igrejas existem diversos tipos de inimizades, competições, exploração de pobres e pequenos. Muitos de nós agimos como se fôssemos deuses diante de nosso próximo. Rezamos ingenuamente sem pensar nas conseqüências: “perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todo aquele que nos deve” (Lc 11,4). Coitados de nós, se Deus ouvisse esse pedido da Oração do Pai Nosso que tanto rezamos com os lábios, mas não com o coração! Rezar o que não se deseja realmente é mera hipocrisia!
            O sinal de que somos seguidores de Cristo crucificado e ressuscitado é o amor sem medidas.
            “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,34-35).
            A medida de nosso amor para com o próximo é, pois, o amor que Cristo tem por nós, a ponto de entregar sua vida. Mais ainda, a medida é o amor que o Pai tem por Cristo: “Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo” (Jo 15,9). O amor ao próximo está indissoluvelmente ligado ao preceito do amor a Deus.
            Realizamos nossa vocação de sermos semelhantes ao nosso Deus, quando amamos todas as pessoas com o amor gratuito de Deus, sem busca de retribuição. Por esta razão, nosso empenho maior é amar os pobres, os estranhos, os diferentes e, o mais difícil, amar os inimigos.
            Como santuário de Deus, habitação do Espírito, rompendo com ressentimentos, diferenças e preconceitos, a assembléia litúrgica torna-se sacramento do amor de Deus entre nós.
            Num mundo de discriminação, ódio e violência, a mesa da ceia eucarística sinaliza profeticamente a reconciliação e a comunhão universal. Nela recebemos o Espírito de santidade que, com Cristo, nos faz perfeita oferenda ao Pai, vida doada incondicionalmente para a salvação do mundo, cujo penhor recebemos neste sacramento.
            O pão partido e partilhado, participando na igualdade de irmãos, nos mantém no caminho da santidade e cultiva, em nós, a atitude fundamental de discípulos daquele que, na cruz, chegou à radicalidade do amor sem limites.
            Depois de comungarmos a Palavra deste Sétimo Domingo do Tempo Comum é impossível guardar no coração alguma forma de rancor, ingratidão, incapacidade de perdão em relação a quem quer que seja. Não percamos tempo. Se tivermos guardado nos porões de nossa intimidade qualquer sentimento que não coincida com o amor gratuito, corramos ao encontro de quem “desamamos” e celebremos a reconciliação. Só assim teremos de volta a paz que o pecado nos rouba. Só assim poderemos dizer que realmente somos cristãos e dignos deste nome. Mágoa, insensibilidade com as fraquezas dos outros e indiferença com quem sofre, não combinam com um cristão que se alimenta do Cristo Sacramentado. Ou nos tornamos o sacrário do Senhor, ou estaremos vazios dele, o que seria desastroso. Não canso de dizer, que o mais nobre e lindo no cristão é esforçar-se que sejamos Anjos uns para os outros!
            Sejam sempre e muito abençoados. Com ternura e gratidão, o abraço,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Lv 19,1-2.17-18; Sl 102(103); 1 Cor 3,16-23 e Mt 5,38-48).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2020, pp. 81-83 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2020), pp. 75-79.


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