COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
QUINTO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Uma luz brilha nas trevas
para o justo,
permanece para sempre o
bem que fez” (Sl 111).
No Quinto Domingo do Tempo Comum fazemos memória de Jesus, o bem-aventurado
do Pai, que deu a vida pela humanidade. Manifesta-se como luz do mundo e presenteia-nos com o novo sabor e o suave vigor de seu
Espírito.
No contexto das bem-aventuranças, o
Senhor nos renova na missão de ser sal da terra e luz do mundo. Ele nos convida a “provar”, como cristãos, a qualidade de
nosso sal e a ver com que obstáculos ocultamos a luz do evangelho, numa Igreja e numa sociedade de tanta desigualdade, competição, discórdia,
corrupção e miséria.
Se relermos atentamente a Carta Encíclica do Sumo Pontífice FRANCISCO
Lumen Fidei – sobre a fé e sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – Alegria do Evangelho sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual, chegaremos à conclusão de que só conseguiremos experimentar “A doce e reconfortante
alegria de evangelizar”, na medida em que nos tornarmos
“Uma Igreja em
saída” e acolhermos com humildade a proposta de uma
profunda “Pastoral
de conversão” (cf. Capítulo I da Evangelii Gaudium, nn. 19-49). Tanto a Igreja como a sociedade precisa, urgentemente, pensar
como superar tanta desigualdade, intriga, inveja, busca de poder e prestígio. A
impressão que fica, é que o melhor clérigo é o que constrói a Igreja maior e
mais suntuosa. Mesmo que não encontre tempo para administrar os sacramentos da
Reconciliação, da Unção dos Enfermos e não goste de ir a velórios. Como é
possível falar em Alegria do Evangelho, quando em nossas
relações vivemos exatamente o contrário? Como podemos falar numa “Igreja pobre para os
pobres”, quando entre nós ministros ordenados, há os
que ostentam luxo exacerbado ao lado de outros tantos passando necessidades
básicas, sem dinheiro para um justo tratamento de saúde? Já ouvi de lábios
sacerdotais, que os Padres pobres não são criativos e não se esforçam por
angariar fundos para a manutenção de suas Comunidades, principalmente as de
periferias de nossas Dioceses. Será assim? Como seríamos mais configurados com
uma Igreja desejada
pelo Santo Padre FRANCISCO, se fôssemos menos avarentos e mais fraternos uns com os outros.
Não seria lindo que as Paróquias ricas
doassem de coração aberto, uma espécie de dízimo às que são pobrezinhas? Se dessem pelo menos 1% de suas
arrecadações mensais, para aliviar as dificuldades das Comunidades carentes, teriam
os outros 99% para realizar suas atividades e não teríamos o que me parece
vergonhoso, irmãos indigentes entre nós. Voltaríamos às Comunidades dos
Apóstolos, onde todos repartiam o pão, e não havia necessitados
entre eles!
Cristo é luz do mundo! (cf.
Jo 8,12) Quem o segue não andará nas trevas! Será luz também! – essa é nossa missão no mundo! Deus será reconhecido
através das boas obras de seus filhos e filhas. Não posso crer que Deus seja
mais feliz quanto maior forem as torres de nossos Templos. Mas se os “Templos Humanos” estiverem saudáveis e viverem com dignidade com nossa promoção e
nosso investimento nas pessoas, antes das obras de concreto,
Deus será tão feliz conosco, que a Alegria do Evangelho transformará a
vida toda de toda a Igreja e de toda a sociedade! Aí, porém, surge o perigo da
vaidade, da sede de sucesso, de ofuscar a luz de Deus pelo engano de achar que
temos luz própria. Uma luz boa não ofusca, mas ilumina.
Hoje existem muito brilho e excesso
das luzes do luxo e do esbanjamento, da erudição para enganar, roubar,
corromper; muita esperteza para prejudicar os outros e se manter na acumulação,
na riqueza e no poder social, ideológico, político, eclesial e econômico. Esses
se colocam no lugar de Deus. Infelizes os que vivem olhando para esse lado.
Ficarão cegos. Essa luz ofusca a visão.
O cristão é sal. A vivência do evangelho dá “sabor”
à vida, ilumina tudo o que acontece, leva à ação. Com sua presença, o cristão é
desafiado a impelir que a humanidade se corrompa. Num mundo onde cada qual
procura o próprio interesse, o cristão é chamado a ser o sal que dá sabor e que conserva a força do evangelho.
Jesus diz que somos sal e luz para o mundo, se seguirmos suas
pegadas, se formos verdadeiros discípulos, anunciando a Alegria do Evangelho com a própria vida, diariamente!
Ser luz do mundo significa trabalhar para que
o Reino de Deus aconteça. Será que nós, cristãos, somos realmente luz do mundo?
Que esta Quinta Semana do
Tempo Comum nos anime a sermos luz, dando nova cor; sal, dando novo sabor ao mundo em que nos movemos e vivemos: em nossas relações
pessoais com Deus, com os irmãos e com a sociedade, especialmente em nossas
relações nas Comunidades Cristãs! Isso poderá queimar-nos ou até machucar-nos.
Mas com São Paulo, deixemo-nos derreter como o ouro no cadinho, a fim de que o
Senhor faça de nossa vida, uma vida de verdadeiros discípulos e missionários de
Jesus. Não tenhamos medo de derretermos, como a vela derrete acesa no altar,
desde que sejamos luz que verdadeiramente
ilumine a vida de todos, por quem somos
responsáveis! Sejamos sal que tempere a vida, especialmente, dos que se sentem destemperados neste mundo
que ainda opta pela “Cultura do Descartável”! Só assim seremos configurados com Jesus Cristo, luz do mundo e sal da terra!
Sejam todos muito e sempre
abençoados. Com ternura e gratidão, meu abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 58,7-10; Sl 111(112);
1Cor 2,1-5 e Mt 5,13-16).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Fevereiro de 2020,
pp. 45-47 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro de 2020),
pp. 67-69.
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