quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA - PADRE GILBERTO KASPER


COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA


Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!



Neste Primeiro Domingo da Quaresma, em comunhão com a Igreja, iniciamos um caminho batismal. A Quaresma tem caráter essencialmente batismal, sobre o qual se fundamenta o caráter penitencial. A Quaresma é tempo de vivência profunda do mistério da morte e da ressurreição de Cristo. Uma experiência que acontece na comunidade de fé.

Neste domingo, com Jesus, somos conduzidos pelo Espírito ao deserto. A Quaresma, tempo especial de reflexão e conversão, é uma ocasião privilegiada para rever nosso modo de agir, tomar novas decisões, promover mudanças significativas. Nesta Campanha da Fraternidade a Igreja nos convida a dirigir esse processo de conversão para a defesa da vida, a criação que Deus criou com sabedoria. Somos chamados a contemplar e proteger a vida, também como forma concreta de louvar e servir a Deus, a partir da “FRATERNIDADE E VIDA: DOM E COMPROMISSO”. “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

Conduzidos pelo Espírito de Deus, celebramos em louvor daquele que venceu as tentações. Em comunhão com Jesus, vamos nos alimentar com o pão da Palavra e da Eucaristia, para também nós podermos superar toda tentação e obstáculos em nossa caminhada. 

A história humana se move entre o projeto de Deus e o poder do mal. Fortalecidos pela palavra de Deus, podemos vencer, a exemplo de Jesus, as forças que geram opressão e morte no mundo.

A humanidade continua a pecar contra a vida da criação, obra de Deus, negociando-a. As tentações de cada dia nos afastam do projeto de Jesus. Há o contraste entre Adão, desobediente a Deus e responsável pelo pecado, e Cristo, obediente a Deus e responsável pela graça.
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Como o Filho de Deus, somos tentados, a todo instante, a nos desviarmos do projeto de Deus e a trilharmos nosso projeto pessoal, segundo nossos interesses, e a fazermos uso ou nos servirmos da vida da criação em vista do lucro (de nosso bem-estar descabível). Basta lembrarmos as inúmeras denúncias da imprensa sobre alguns dos pecados que se tornaram públicos: escândalos com desvio de verbas, mensalões, homicídios, devastações da obra maravilhosa do Criador! Eles manifestam a ganância do ser humano e sua pouca preocupação com o destino de seu próximo e com o cuidado da vida.

A Palavra de Deus (deste domingo), não nos condena por nossos pecados, mas nos alerta para o triste fim a que eles nos levam: desarmonia comigo mesmo, com a vida humana, com os outros e com Deus, ou seja, a morte.
Gosto de pensar que o problema não é o pecado, o problema também,
não é a tentação, pois ela existe; e nem mesmo o mal parece ser o problema. O problema consiste em ceder ao pecado, à tentação e ao mal.

Quanto mais públicos, mais vulneráveis nos tornaram ao pecado, à tentação e ao mal. Somos tentados a ceder ao poder sobre os outros; à inveja dos outros (por conta disso machucamos, maltratamos e surramos os outros com nossa língua felina e nossa incapacidade de perdoar - um padre que não consegue perdoar estaria habilitado a dispensar a absolvição?) e à desenfreada busca de prestígio (necessitamos de elogios e precisamos aparecer sempre mais do que os outros), escondendo nossos limites atrás dos limites dos outros. Isso me parece abominável e profundamente contraditório à proposta do Primeiro Domingo da Quaresma, que nos conclama a uma profunda e verdadeira conversão ao BEM! Só quem é bom sabe o quanto é maravilhoso ser BOM! 

Desejando a todos uma Quaresma muito abençoada, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,

Pe. Gilberto Kasper
(Ler Gn 2,7-9; 3,1-7; Sl 50(51); Rm 5,12-19 e Mt 4,1-11).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de 2020, pp. 15-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp. 15-21.


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