COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA
Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Neste Primeiro Domingo da
Quaresma, em comunhão com a Igreja, iniciamos um caminho batismal. A Quaresma tem
caráter essencialmente batismal, sobre o qual se fundamenta o caráter
penitencial. A Quaresma é tempo de vivência profunda do mistério da morte
e da ressurreição de Cristo. Uma experiência que acontece na comunidade de fé.
Neste domingo, com
Jesus, somos conduzidos pelo Espírito ao deserto. A Quaresma, tempo especial de
reflexão e conversão, é uma ocasião privilegiada para rever nosso modo de agir,
tomar novas decisões, promover mudanças significativas. Nesta Campanha da
Fraternidade a Igreja nos convida a dirigir esse processo de conversão para a defesa
da vida, a criação que Deus criou com sabedoria. Somos chamados a contemplar e
proteger a vida, também como forma concreta de louvar e servir a Deus, a partir
da “FRATERNIDADE E VIDA: DOM E COMPROMISSO”. “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).
Conduzidos pelo Espírito de Deus, celebramos em louvor daquele que
venceu as tentações. Em comunhão com Jesus, vamos nos alimentar com o pão da
Palavra e da Eucaristia, para também nós podermos superar toda tentação e
obstáculos em nossa caminhada.
A história humana se move entre o projeto de Deus e o poder do mal.
Fortalecidos pela palavra de Deus, podemos vencer, a exemplo de Jesus, as
forças que geram opressão e morte no mundo.
A humanidade continua a pecar contra a vida da criação, obra de Deus,
negociando-a. As tentações de cada dia nos afastam do projeto de Jesus. Há o
contraste entre Adão, desobediente a Deus e responsável pelo pecado, e Cristo,
obediente a Deus e responsável pela graça.
.
Como o Filho de Deus,
somos tentados, a todo instante, a nos desviarmos do projeto de Deus e a
trilharmos nosso projeto pessoal, segundo nossos interesses, e a fazermos uso
ou nos servirmos da vida da criação em vista do lucro (de nosso bem-estar
descabível). Basta lembrarmos as inúmeras denúncias da imprensa sobre alguns dos
pecados que se tornaram públicos: escândalos com desvio de verbas, mensalões,
homicídios, devastações da obra maravilhosa do Criador! Eles manifestam a
ganância do ser humano e sua pouca preocupação com o destino de seu próximo e
com o cuidado da vida.
A Palavra de Deus
(deste domingo), não nos condena por nossos pecados, mas nos alerta para o
triste fim a que eles nos levam: desarmonia comigo mesmo, com a vida humana,
com os outros e com Deus, ou seja, a morte.
Gosto de pensar que o problema não é
o pecado, o problema também,
não é a tentação, pois ela existe; e nem mesmo o mal parece ser o
problema. O problema consiste em ceder ao pecado, à tentação
e ao mal.
Quanto mais públicos,
mais vulneráveis nos tornaram ao pecado, à tentação e ao mal. Somos tentados a ceder ao poder sobre os
outros; à inveja dos outros (por conta disso machucamos,
maltratamos e surramos os outros com nossa língua felina e nossa incapacidade
de perdoar - um padre que não consegue perdoar estaria habilitado a dispensar a
absolvição?) e
à desenfreada busca de prestígio (necessitamos de elogios e precisamos
aparecer sempre mais do que os outros), escondendo nossos limites atrás dos
limites dos outros. Isso me parece abominável e profundamente contraditório à
proposta do Primeiro Domingo da Quaresma, que nos conclama a uma profunda e
verdadeira conversão ao BEM! Só quem é bom
sabe o quanto é maravilhoso ser BOM!
Desejando a todos
uma Quaresma muito abençoada, com ternura e gratidão, nosso abraço amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Gn 2,7-9; 3,1-7; Sl 50(51); Rm
5,12-19 e Mt 4,1-11).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Março de
2020, pp. 15-19 e Roteiros Homiléticos da CNBB da Quaresma (Março de 2020), pp.
15-21.
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