COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
TERCEIRO
DOMINGO DO ADVENTO - GAUDETE
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Alegrai-vos sempre no Senhor.
De novo eu vos digo: alegrai-vos!
O Senhor está perto” (Fl 4,4s).
O Senhor não demora! Alegrai-vos! Deus
quer renovar conosco sua aliança e nos promete novo vigor. Quer transformar
nosso sofrimento e nosso choro em prazer e alegria, fazendo-nos já apreciar um
“aperitivo” da realidade nova que
desejamos para nós e para o mundo. Por isso, ele mesmo vem para nos erguer de
todo tipo de acomodação e desânimo, “vem
fortalecer as mãos enfraquecidas e os joelhos cansados”, vem animar nossa
esperança. Daí vem nossa alegria!
Apesar da pobreza, corrupção, exclusão
de tantos, das guerras, o tempo do Advento desperta nossa esperança e nos chama
a viver na alegria e na perseverança cotidiana. Qual é nossa esperança?
João Batista, mesmo preso e prestes a
ser martirizado, envia dois discípulos para ouvirem de Jesus os motivos para
manter viva a sua esperança: “Você é o
Messias?” A resposta são testemunhos da pessoa, das obras, do jeito de ser
de Jesus com relação ao povo mais espezinhado e abandonado. Tudo o que ele é e
faz consiste em dar a vida. Ele é o Messias que está entre nós. A esperança se
cumpriu. O Reino de Deus por ele trazido se destina preferencialmente aos
pobres e, através deles, a toda a pessoa. Os gestos de amor ao próximo
alimentam a esperança da chegada final do Senhor. João Batista se alegra
profundamente por saber que seu anúncio está cumprido; sua profecia se torna
realidade; seu martírio não será em vão, porque não foi conivente com a
hipocrisia de seu tempo e não temeu ser invejado por Herodes que gostava de
ouvi-lo, não obstante João não lhe convinha, pois apontava seus erros. Quantas
vezes instauramos em nosso ministério e missão profética a Pastoral da Amizade,
correndo o risco de sermos coniventes e abençoarmos as injustiças sociais,
simplesmente para garantirmos nosso prestígio e uma falsa segurança de
comodidade de vida, e nem por último nossa ostentação material. Não tenhamos
medo de perder a cabeça, ou seja, honras, facilitações daqui e dali. Tenhamos a
coragem de anunciar o Messias entre nós, mesmo que isso desagrade a quem não
vive de acordo com o projeto de seu Reino, que é Justiça.
O amor, a entrega da vida podem ser
vistos, apalpados, testemunhados, porque são concretos: fazer ver, andar,
ouvir, curar as mãos e joelhos enfermos. Jesus fez as obras do amor sem limite
e nos deu a missão de continuar fazendo o mesmo. Hoje nossos gestos de
solidariedade diante da fome e da pobreza devem comunicar que o Reino está em
nosso meio.
A esperança nos dá alegria confiante.
A esperança fundamenta nossa firmeza permanente e a certeza de que Deus vencerá
o mal, que ainda persiste na humanidade. A esperança se manifesta na
celebração, expressão comunitária de nossa alegria e confiança.
A celebração eucarística, em torno das
duas mesas da Palavra e do Pão constitui momento privilegiado em que
experimentamos a verdadeira alegria, uma feliz antecipação do Reino que esperamos.
Aclamamos esperançosos o Senhor,
paciente, tolerante e misericordioso para conosco. Ele nos acolhe à sua mesa
apesar de nossas inúmeras fraquezas e desvios e nos convida continuamente a
caminhar com ele para a páscoa, participando com fé autêntica em sua entrega
total, em sua oblação pascal.
A vinda de seu Reino se dá lentamente,
o que exige paciência, determinação e nos traz também cansaço. Ao participarmos
da mesa do corpo e sangue do Senhor, recebemos, já na antífona de comunhão, a
missão de dizer aos que estão desanimados: “Coragem,
não temais; eis que chega o nosso Deus, Ele mesmo vai salvar-nos”.
Nunca nos faltará coragem e alegre
esperança de atingir a meta final. Sua Palavra nos indica o caminho, como
cantamos neste Domingo da Alegria no salmo: fazer justiça aos pobres e oprimidos; erradicar a fome;
dar lucidez à consciência dos fracos; colocar de pé os que, pela humilhação e
alienação, estão encurvados; proteger e sustentar os pequenos e marginalizados,
dando-lhes dignidade; cuidar amorosamente da natureza.
Isto deve constituir a verdadeira
alegria que, brotando da celebração deste Terceiro Domingo
do Advento, nos mantém mensageiros da boa
nova, preparando os caminhos do Reino, como seguidores daquele que vai à nossa
frente.
A proposta da Palavra de Deus deste
domingo vem de encontro com a Exortação
Apostólica do Papa Francisco: Evangelii Gaudium = A Alegria do Evangelho, que propõe uma ampla reforma na Igreja e até mesmo do Papado. A
exortação fala sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual. O Papa Francisco
propõe “algumas diretrizes que possam encorajar e orientar, em toda a
Igreja, uma nova etapa evangelizadora, cheia de ardor e dinamismo”. O
Pontífice toma como base a doutrina da Constituição Dogmática Lumen Gentium, e aborda, entre outros
pontos, a transformação da Igreja missionária, as tentações dos agentes de
pastorais, a preparação da homilia, a “guerra
e inveja” entre os padres, o carreirismo clerical, a inclusão social dos
pobres e as motivações espirituais para o compromisso missionário. Saibamos
beber seja da Palavra seja da Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho, para celebrarmos a verdadeira Alegria neste Gaudete!
É, também, neste domingo que
realizamos a Coleta da Campanha para a Evangelização, que neste ano nos
apresenta o tema: “Cuida dele” (Lc 10,35). “É
preciso cuidar do anúncio da Palavra; cuidar dos pobres e cuidar da Comunidade”
(CNBB). Combinamos
guardar, ao longo do Advento, pelo menos, 1% de tudo que fôssemos gastar em enfeites,
presentes e guloseimas para o Natal. Sejamos, portanto honestos, oferecendo nesta coleta a partilha
de nossa pobreza, com profunda consciência de que ajudaremos a quem tem menos
do que nós, sobretudo na Evangelização de nosso Brasil!
Sejamos todos muito abençoados e nossa generosidade recompensada
pelo Senhor que vem para nos transformar. Com ternura e gratidão, o abraço,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is
35,1-6.10; Sl 145(146); Tg 5,7-10 e Mt 11,2-11).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Dezembro de 2019, pp. 52-55 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo do
Advento (Dezembro de 2019), pp. 15-17.
Nenhum comentário:
Postar um comentário