COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
DÉCIMO
OITAVO DOMINGO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Ouvindo a boa nova do Reino de Deus relatada por Lucas caminhamos com Jesus rumo à Jerusalém. Nessa caminhada, fazemos de novo uma parada para
nos reunirmos em assembléia litúrgica. Celebramos a páscoa cristã, dia do Senhor, dia da Comunidade. Como seria salutar para a humanidade,
resgatar o valor do Domingo, o Dia do Senhor. Guardar o Domingo para o Senhor, para o descanso pessoal e para a Família, talvez seja um
exercício que resgate a dignidade humana, engolida pela Cultura do Consumo, do Descartável, que por sua vez, leva a humanidade à ganância, ao egoísmo, ao
intimismo, enfim, à Cultura da Morte em plena vida.
Hoje para celebrar a raiz de nossa fé
cristã – a morte e ressurreição do Senhor Jesus – a Palavra nos traz à consciência o que é fundamental para que nossa vida,
de fato, tenha sentido.
“Vaidade das
Vaidades” recorda-nos o autor sagrado. Contra a vaidade
e a ganância, a palavra de Deus nos convida a voltar o coração para as coisas
do alto, onde está Cristo, nossa vida e riqueza.
O que é ilusão e vaidade, e em que
realmente vale a pena se empenhar? A ganância, fruto do egoísmo, um dia levará
os gananciosos a julgamento. Buscar as coisas do alto é buscar o que está de
acordo com o projeto de Jesus.
Depositamos no altar do Senhor o dom
da vida dos padres que presidem para nós as santas Missas e a de todos os
vocacionados ao ministério ordenado.
Os bens materiais seduzem com muita
facilidade o coração das pessoas. A verdadeira riqueza, segundo Jesus, é ser generoso com os demais,
como o Pai é com todos. Por confiança nas riquezas é falta de bom-senso, falta
de sabedoria. Quem põe o coração no dinheiro tem pouca consideração para com a
vida humana, mergulha-a no mais absoluto fracasso. De fato, a experiência nos
diz: quem se fecha em si mesmo e em seus bens, em seu mundo, perde o melhor de
sua vida.
Quem é materialista e só quer conhecer
os prazeres deste mundo, para este o ensinamento de Jesus é indigesto, mas nem por isso deixa de ser verdade. Não levamos
nada daqui. As riquezas materiais não têm valor duradouro, nem podem ser o fim
ao qual o homem se dedica. Talvez o consumismo de hoje tenha isso de bom:
lembra-nos essa precariedade. O produto que compramos hoje amanhã já saiu da
moda, e depois de amanhã nem haverá mais peças de reposição para consertá-lo.
Nossa nova TV estará fora de moda antes que tivermos completado as
prestações... Por outro lado, esse consumismo é grosseira injustiça, pois gastamos
em uma geração os recursos das gerações futuras. Se as coisas valem tão pouco,
melhor seria não as comprar, e voltar a uma vida mais simples e mais
desprendida. Haverá recessão econômica, mas também haveria menos necessidade de
dinheiro para ser gasto.
A caça à riqueza material é um beco
sem saída. A razão por que se insiste em produzir sempre mais é que os donos do
mundo lucram com a produção, sobretudo das coisas supérfluas que enchem as
prateleiras das lojas. Para vender esses supérfluos, criam nas pessoas a
necessidade de possuí-las, mediante a publicidade na rua, no jornal e na
televisão. Quando então as pessoas não conseguem adquirir todas essas coisas,
ficam irrequietas; quando conseguem, ficam enjoadas; e em alguns casos aparece
mais uma necessidade: a psicoterapia...
A sabedoria do lucro é injusta e
assassina. Leva as pessoas a desconsiderar os fracos. Um proeminente político
deste país disse que quem não pode competir não deve consumir... O sistema do
lucro e do desejo sempre mais acirrado, precisa manter as desigualdades, pois
parte do pressuposto que todos querem superar a todos. Tal sistema é
intrinsecamente pecaminoso, disseram os Papas São Paulo VI e São João Paulo II.
Ser rico, não para si, mas para
Deus... Não amontoar riquezas que na hora do juízo serão as testemunhas da
nossa avareza, injustiça e exploração (cf. Tg 5,1-6), mas riquezas que
constituam a alegria de Deus!
Não adianta muito discutir se a
produção tem que ser capitalista ou socialista, enquanto não se tem claro que o
ser humano não existe para a produção, e sim a produção para o ser humano. E
este, se for sábio, tentará precisar dela o menos possível.
Na terça-feira desta semana, dia 6 de
agosto, celebraremos a festa da Transfiguração do Senhor, muito concorrida em nosso País, e conhecida como Senhor Bom Jesus, com inúmeros
títulos, especialmente em nossa Arquidiocese de Ribeirão Preto: Bom Jesus do
Bonfim, da Lapa, da Alvorada, da Cana Verde e outros. Já neste domingo, omitindo
a Memória de São João Maria Vianney, agradeceremos o dom da vocação de nossos
bons e esmerados Presbíteros! É o Dia do Padre! É o mês vocacional no
Brasil!
Sejamos todos agraciados e abençoados, com esta devoção e a festa
que nos permite “uma espiadinha no céu”, juntamente com Pedro, Tiago e João que subiram ao Tabor com Jesus! Com ternura e gratidão, meu
abraço amigo,
Pe. Gilberto kasper
(Ler Ecl 1,2; 2,21-23; Sl
89(90); Cl 3,1-5.9-11 e Lc 12,13-21).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Agosto de 2019,
pp. 24-27 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I (Agosto de 2019), pp.
54-57.
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