COMENTANDO
A PALAVRA DE DEUS
SOLENIDADE
DE SÃO PEDRO E SÃO PAULO, APÓSTOLOS
Dia do Papa
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Décimo Terceiro Domingo do
Tempo Comum cede lugar à Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos – as duas grandes Colunas da Igreja de Jesus Cristo: “Pedro, o primeiro a proclamar a fé, fundou a Igreja primitiva sobre
a herança de Israel. Paulo, mestre e doutor das nações, anunciou-lhes o evangelho da
salvação” (Prefácio próprio da Festa).
Celebramos a Páscoa do Cordeiro na vida
e na ação evangelizadora de Pedro e Paulo. Apóstolos, fundadores da Igreja, amigos e testemunhas de Jesus.
Agradecemos sua fé e empenho missionário. E celebramos o Senhor que os escolheu
e os enviou para serem seus principais parceiros no grande mutirão em favor da
vida, assumindo na Páscoa e dinamizado pelo dom do Espírito Santo.
Esta é uma celebração antiquíssima.
Existia antes da festa do Natal. Ela ajuda a nos achegarmos à fonte da vida
cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à Eucaristia que eles viveram intensamente
e que nós estamos para celebrar no espírito de Comunidade de Comunidades: Uma
Nova Paróquia! A Conversão Pastoral da Paróquia (Documentos da
CNBB 100).
Diferentes no temperamento e na
formação religiosa, exercendo atividades diversas e em campos distintos,
chegaram várias vezes, a desentender-se. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu
projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no
martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 D.C). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.
Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes
apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os
fundamentos da missão evangelizadora: a vida eclesial, com sua dinâmica de
comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.
No testemunho de Pedro e Paulo, temos duas dimensões diferentes e complementares da missão, como
seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do
mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no
martírio. Neles, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão,
morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas
diferentes, mas é único e idêntico o testemunho que, corajosos, deram dele.
Por isso, são figuras típicas da vida
cristã, com suas fraquezas e forças. As contínuas prisões de Pedro fazem-no prolongar a paixão de
Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por Ele e com Ele.
Convertido, Paulo se torna propagador do
Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a
encarou.
A comunidade, alicerçada no testemunho
de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não
é fruto de especulação ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que
passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.
Quando o testemunho cristão é pleno, o
próprio Jesus age na comunidade, permitindo-lhe “ligar e desligar”. O poder que Jesus tem, as chaves do Reino, é
entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra
esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como
continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida
e rejeita tudo o que provoca a morte.
Jesus de Nazaré é para nós o mártir
supremo, a testemunha fiel... Os mártires da caminhada resistiram ao poder da
morte e ao aparato repressor: “A memória
subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade,
da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular”.
“Vidas
pela vida, vidas pelo Reino! Todas as nossas vidas, como as suas vidas, como a
vida dele, o mártir Jesus!”.
Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor que dá razão e sentido à nossa vida.
Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa adesão a Cristo e ao seu projeto.
Professamos com alegria nossa fé na
Igreja una, santa, católica, apostólica, aberta à comunhão universal e
visceralmente missionária e proclamada da vida digna para todos.
Participando da Eucaristia, somos
identificados com Cristo e confirmados no seu caminho, para sermos disponíveis
aos nossos irmãos e irmãs, até a morte, como marcas da identidade cristã.
Hoje rezamos especialmente pelo Papa Francisco, Bispo de Roma, cidade onde se deu o martírio de Pedro e Paulo. A missão do Papa é zelar para que a Igreja permaneça unida, fiel a Jesus Cristo e
ao seu projeto, realize com humildade e coragem o anúncio do Evangelho, cada
vez mais inculturado, profético e aberto a todos.
Supliquemos para que o Papa e todos os pastores sejam pétrus nas mãos do Senhor, fiéis ao
Evangelho na condução da Igreja como servidora da vida, como sinal e
instrumento da comunhão entre os povos.
Com facilidade emitimos opiniões
errôneas, quando não medíocres em relação à autoridade e ao serviço do Santo Padre, o Papa! Talvez a celebração de hoje seja uma oportunidade de remissão,
conversão e renovação de nossa fidelidade ao sucessor de Pedro, o Papa Francisco. Frequentemente me pergunto: quem
sou eu para emitir qualquer crítica, desrespeitar
ou até mesmo questionar a autoridade = serviço do Papa? Homem que se despe totalmente de
si mesmo. Deixa para trás até o próprio nome e toda sua liberdade, para estar totalmente a serviço da Igreja de Jesus Cristo que lhe é
confiada ao coração, colocada nos ombros, como a ovelha debruçada sobre o Bom
Pastor. Só o fato do sim do Papa já basta para que mereça o
carinho, a ternura, a fidelidade de todo cristão, que debruça sua fé sobre o
evento da “confirmação
de Pedro”, continuado em nossos dias na pessoa
totalmente a serviço do Reino de Deus, o amado Santo Padre o
Papa Francisco. Somos,
também, convidados a rezar por nosso Papa Emérito Bento XVI, que se retirou e
a exemplo de João Batista, deu lugar a alguém com maior vigor, mais saúde e
menos idade, a fim de conduzir não a própria, mas a Igreja amada de Jesus
Cristo, da qual todos somos filhos queridos. E seu Sucessor, o Papa Francisco, é eleito como o PAPA DA
TERNURA!
Nesta solenidade, a Igreja do mundo
inteiro, realiza a Coleta do Óbolo de São Pedro. Com esta coleta
o Papa socorre a humanidade em suas necessidades, especialmente em
situações emergenciais, em nome dos Católicos do mundo. O resultado das Coletas
realizadas em todas as Celebrações deste domingo deverá ser remetido à Cúria,
que dará seu verdadeiro destino, fazendo-o chegar aos cuidados do Vaticano. Por
vezes há resistência à Coleta do Óbolo de São Pedro por pura
ignorância. Nem sempre as pessoas conhecem o bem que fazem, sendo generosas.
Todos que se sentem dignos de serem cristãos, são conclamados a partilharem de sua pobreza em favor de quem tem menos. Pois é em nome da Igreja Católica
Apostólica Romana, que o Santo Padre socorre nossos irmãos que são vitimadas pela fome, pela miséria,
por catástrofes, como terremotos, enchentes e tantas outras ocasiões. Sejamos
sensíveis e coerentes entre o que celebramos, pregamos e doamos.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel.
Padre Gilberto Kasper
(Ler At
12,1-11; Sl 33(34); 2Tm 4,6-8,17-18 e Mt 16,13-19)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Junho de 2019, pp. 110-116 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum I
(Junho de 2019), pp. 26-29.