COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
SOLENIDADE
DA ASCENSÃO DO SENHOR
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
A celebração da Ascensão do Senhor não se restringe à recordação solene da volta de Cristo ao Pai, Ele que vai para o céu e senta à
direita de Deus, mas é o momento em que se explicita o Filho como fonte do
Espírito. Ele, junto de Deus, nos enviará aquele que manterá viva na Igreja a memória de sua Páscoa, configurando-a testemunha de seu
amor por nós.
Do mistério da Ascensão de Cristo participa toda a Igreja que, no mundo, continua sua missão
guiada pelo Espírito do Senhor. Como peregrina do Evangelho, tem como horizonte aquele
lugar que o próprio Filho ocupa na companhia de seu Pai.
Deste modo, a liturgia de hoje dota de sentido a existência da comunidade dos
fiéis.
Em comunhão com todos os cristãos
espalhados pelo mundo, celebramos a Ascensão do Senhor, como plenitude da Páscoa,
cuja memória atualizamos na Eucaristia. Assentado à direita do Pai, Jesus
continua junto à humanidade.
Despedindo-se fisicamente de seus
seguidores, Jesus os convoca a dar continuidade à missão por ele iniciada e
derrama sobre eles a bênção, sinal de sua presença contínua. Abramos o coração
à luz da palavra de Deus.
Ao se despedir, Jesus deixa aos
discípulos a tarefa de continuar a missão que ele iniciou. Com a ascensão,
Jesus conclui sua missão e inicia a missão da Igreja. Elevado ao céu, Cristo é
a cabeça da Igreja e o Senhor da humanidade.
O acontecimento da Páscoa é único e foi narrado de maneiras diversas. Ao morrer na cruz, Jesus, é, ao mesmo tempo, ressuscitado pelo Pai e entra numa vida
glorificada que não conhece tempo nem espaço. No mesmo momento, Jesus dá o seu Espírito, o Espírito Santo (Jo 19,30b). Para mostrar a presença do Ressuscitado no meio dos seus seguidores, os evangelistas narram que Jesus se mostrou diversas vezes aos seus discípulos. Lucas quer frisar,
especialmente, que Jesus está com Deus e manda a Força do
Alto para a Igreja anunciar o Reino a todas as nações. Por que Lucas conta a volta ao Pai e a missão
da Igreja numa narração em que Jesus foi levado ao Céu? Por estes
relatos, os antigos quiseram manifestar a verdade sobre a Igreja: ela existe para que, movida pelo Espírito de Cristo, continue sua missão de mostrar a todos o Pai e seu Reino.
A Ascensão nos recorda, portanto, que em
Cristo o mundo foi assumido por Deus, abraçado por Ele. Recentemente, na remontagem do filme “Os miseráveis”, muitos puderam ouvir na boca do protagonista uma
belíssima frase que resume tudo isso: “Quando
amamos os outros, podemos ver a face de Deus”. E é isso que de fato ocorre
quando os cristãos dedicam cuidado às pessoas. Permitem que o Senhor “apareça”, “se manifeste” no mundo. Não é por qualquer motivo que, desde as
origens, os cristãos se empenharam em socorrer os órfãos, as viúvas e os
enfermos. Nestes era possível vislumbrar traços do mistério.
Festejar a “volta” de Jesus para o Pai, longe de
entristecer-nos, nos alegra, pois se trata da festa da aprovação do Pai à
experiência terrena de Jesus. É uma espécie de pronunciamento
de Deus acerca do itinerário pascal de Jesus, reconhecendo-lhe finalmente como Filho com toda pompa e circunstâncias (isto literalmente, o que é óbvio
pelas narrativas lucanas).
Em toda celebração Eucarística,
fazemos memória da ascensão do Senhor. Na maioria das
orações Eucarísticas ela é recordada explícita ou implicitamente. A Ascensão junto com o Pentecostes são facetas de um só
acontecimento que é a Páscoa de Jesus. Nós o desmembramos para melhor
celebrar cada aspecto.
A Ascensão do Senhor nos remete ao
compromisso de sermos a verdadeira Igreja do Senhor, que é
essencialmente missionária e ministerial. Igreja que não é missionária não pode ser de Jesus Cristo.
Gosto de pensar que “Homens da Galileia olhando
para o alto”, nos dias atuais, são os bons
cristãos, cumpridores de preceitos, os bons católicos que só ficam da metade da
Igreja para trás, aqueles que não ultrapassam os Mandamentos da Igreja e o fiel
cumprimento dos deveres. Ou somos uma IGREJA DO IR ao encontro das pessoas: aquelas que não vêm, ou porque não
podem ou porque não querem, ou porque foram mal acolhidas, ou porque foram enxotadas,
os pobres, os irmãos das periferias de nossas Paróquias, os enfermos ou que se
desiludiram por conta dos nossos contra-testemunhos sejam eles eclesiais,
comunitários, políticos ou sociais, enfim aqueles que tanto discriminamos, ou não somos a IGREJA MISSIONÁRIA DO
SENHOR!
Celebramos
neste domingo da Ascensão do Senhor, o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Nosso Papa Francisco, pensou para este dia, em que agradecemos tantos meios de Comunicação
que nos ajudam a anunciar a Boa Notícia do Evangelho de inúmeras maneiras, como tema: “Somos membros uns dos
outros” (Ef 4,25): “das comunidades de redes sociais à comunidade humana”. Pessoalmente agradecemos a todos que divulgam nossa
evangelização de modos tão diferentes: via Internet, Imprensa Escrita,
Radiofônica e Televisiva.
Iniciamos, também, neste domingo a Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos, e a preparação para a Solenidade de Pentecostes. Sob o tema: “Procurarás a Justiça, nada além da justiça” (Dt 16,18-20). Rezamos pela vida de nosso amado Pastor, Dom Moacir Silva, a fim de que
cheio dos dons do Espírito Santo, nos ajude sermos a Igreja do Ir, Missionária e Discípula do Senhor! Saibamos abrir-nos ao Espírito Santo, para que robusteça nossa
fé, encoraje nossa missionariedade e atualize nosso discipulado!
Sejam todos muito abençoados. Com
ternura e gratidão, encontrando-nos na oração, o abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler At
1,1-11; Sl 46(47); Ef 1,17-23 e Lc 24,46-53).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Junho de 2019, pp. 18-21 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal
(Junho de 2019), pp. 50-57.
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