COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
QUARTO
DOMINGO DO TEMPO PASCAL
DOMINGO DO BOM PASTOR
DIA
MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O quarto Domingo da Páscoa é tradicionalmente chamado de Domingo do “BOM
PASTOR”. O título tem razão de ser, pois
as leituras e as orientações nos levam a contemplar Jesus como o Bom Pastor, aquele que dá a sua vida
pelas ovelhas. Na Páscoa, esse mistério é ainda mais
acentuado quando se considera a morte e ressurreição do Senhor como a suprema
doação da vida do Filho de Deus para a salvação do mundo. Comemoramos também neste segundo
domingo de Maio, O Dia das Mães. Celebremos por todas as mães vivas e falecidas.
Mas, a oferta que Jesus faz de sua vida se prolonga na vida de muitos homens e mulheres que
se entregam pela vida dos outros, doando-se abnegada e gratuitamente por causas
das quais poderiam se eximir. Entretanto por decisão livre, por solidariedade,
por reconhecimento de tudo o que são e possuem, movidos pelos impulsos do
Espírito, religiosos ou não, fazem da sua existência um serviço de amor capaz
de gerar vida nova e, em muitos casos, salvação.
A Eucaristia é lugar privilegiado de reconhecer esses sinais do Ressuscitado espalhados na
sociedade e no mundo. Ela nos abre os olhos e os ouvidos para contemplar a
misteriosa ação de Deus na história, projetando a luz da fé sobre as coisas
bonitas que a televisão, os jornais, e a cultura atual não querem mostrar. O
cristão, que vive da vida nova do Ressuscitado, rompe com os esquemas que aprisionam a vida que Deus ofereceu
para todos em seu Filho. Com a força e a coragem do Pastor, lutam pela universalidade da salvação que não ficou aprisionada
nem à cruz e nem ao sepulcro.
Neste domingo somos convidados por
Jesus, Bom Pastor, a fazer parte do seu rebanho e aprender dele o jeito de ser
Igreja. Ele sustenta nossa vida, e suas palavras nos dão segurança: nada poderá
arrebatar-nos de sua mão.
A palavra de Deus não conhece
fronteiras. Ela chega a todos os povos e nos reúne em torno do Ressuscitado, doador
da vida eterna a quantos escutam a sua voz e o seguem.
A palavra de Deus alcança a todos os
que se deixam orientar por ela. Jesus, o verdadeiro pastor, doou sua vida para
que todos tenham vida plena. Jesus é o Cordeiro imolado e o pastor que conduz todos
às fontes da água viva.
Dois aspectos enriquecem a vida cristã
neste domingo: a comunhão e a doação de si. Jesus entra em comunhão com o seu rebanho e se doa voluntariamente pela
salvação dos seus. Essa comunhão e autodoação têm sua fonte no amor entre o Pai e o Filho. Comunhão e autodoação é o modo de ser de Deus. Por meio de Jesus passa a ser o modo de ser dos cristãos. Por isso, a vida cristã
não se afirma na indiferença, na distância ou na separação, mas no amor. Aquilo
que para os outros é sem importância, porque não toca diretamente nossa vida,
passa a ser importante, porque bebemos de uma fonte de amor. Assuntos e
realidades como a fome, a violência, a dependência química, a injustiça que
arranca os direitos essenciais à vida, as doenças, a corrupção, que
criminosamente se propagam entre nós, são do nosso interesse e exigem ações da
nossa parte em vista da vida e da salvação de todos. A experiência da
ressurreição não pode ser entendida como graça particular, porém como missão,
norma de uma vida aberta e devotada aos outros.
Nem é necessário bancar o super herói
atento aos atos criminosos ou perigos sofridos por outrem. A vida exige que
trabalhemos, cumpramos nossas obrigações, façamos nossos deveres, como cuidar
da casa, da família, da própria saúde, até mesmo do lazer e do descanso.
Contudo, é preciso encontrar lugar para o amor abnegado, gratuito e
desinteressado. Encontrar tempo para sair de si e encontrar o outro que
necessita. Basta abraçar uma causa, dedicar-se a uma meta em prol de uma situação,
agremiar-se a um grupo, dar sua contribuição para um mundo melhor. Quem sabe,
assim, o amor de Deus se torna mais evidente a um mundo tão fechado e
ensimesmado?
Vivemos uma cultura da coisificação da pessoa. Se lhe atribuímos
códigos e senhas. Não existe, porém, som mais deleitoso, do que ouvir alguém
nos chamar pelo nome. Pessoalmente tenho grande dificuldade de guardar o nome
das pessoas, embora não esqueça suas fisionomias. É algo que me entristece,
porque é bom demais ser reconhecido pelo nome ao invés de identificado por
códigos, apelidos pejorativos ou senhas. O que não suporto é o fingimento que
muitas vezes disfarça nossa incapacidade de guardar na memória nomes de pessoas
com quem nos relacionamos. Irrita-me profundamente quando alguém, seja ao
telefone, seja pessoalmente, me peça que adivinhe quem é! Peço que se
identifique de uma vez. Mas a questão de conhecer o rebanho, as ovelhas pelo
nome e essas reconhecerem nossa voz é bem mais profundo e transcendente do que
simplesmente lembrar o nome deste ou daquele colaborador em nossas Comunidades
Eclesiais, Sociais, Políticas ou Profissionais.
A sociedade atual, sobretudo os jovens e adolescentes, se move
pela busca de figuras referenciais para sua vida. Os padrões editados pela
mídia projetam modelos que condicionam as pessoas a assumi-los, por vezes com
consequências nefastas. Cantores e artistas famosos, atletas bem sucedidos
etc., alimentam o sonho de autorrealização, de fama e de ser um herói para
milhões de indivíduos. Estes “ídolos” mexem com o universo imaginário e
simbólico das pessoas, sobretudo dos mais jovens.
Jesus é o Bom Pastor, não simplesmente em oposição à figura
dos pastores mercenários, mas porque valoriza e conhece suas ovelhas e é
reconhecido por elas. Ele dá a vida por elas por uma opção de amor. Portanto,
Jesus se apresenta à comunidade como Bom Pastor, movido pela lógica do amor e não
por interesses e favores pessoais, a exemplo dos mercenários. Quem não ama sua
comunidade (seu povo) até à doação de sua vida, não pode ser considerado pastor
exemplar.
O Dia Mundial de Oração pelas Vocações
nos convida a rezarmos ao Senhor que envie pastores configurados com Cristo, o Bom Pastor! A
começar dos Ministros Ordenados aos Agentes de nossas Pastorais, somos também
convidados à conversão, à coerência e ao bom senso em nossas atividades, que
devem estar sempre pautadas sobre o Projeto
Evangelizador e Missionário de Jesus Cristo, o Bom Pastor! Quem não gasta sua vida pela Comunidade (o rebanho) corre o
risco de compreender sua vocação como “meio
de vida”, o que se torna geralmente um desastre. Por isso é fundamental
conhecer Jesus Cristo ressuscitado e identificá-lo como o Bom Pastor a ser seguido. Conhecer Jesus e tê-lo como modelo de
vida implica conhecer seu amor e aderir ao estilo de seu agir. A mútua relação
entre Jesus e os seus gera e nutre a relação de intimidade, de confiança, de
diálogo, de pertença, de segurança. Não é em vão que a palavra pastoral
evoca: zelo,
cuidado, carinho, misericórdia, compaixão, amor, dedicação, ternura, atenção às pessoas e às suas necessidades.
ORAÇÃO PELAS
VOCAÇÕES
Jesus,
Bom Pastor, que chamastes os apóstolos a vos seguir,
Continuai
chamando pessoas generosas e de mente aberta
Para
que deem continuidade à missão por vós iniciada.
A
messe é grande, poucos os operários:
Necessitamos,
Senhor, de santos presbíteros e religiosos.
E
de bons servidores do vosso povo.
Amém.
Nossas Comunidades, com razão, são cada vez mais exigentes.
Sejamos Bons
Pastores para elas. Sejam elas, Queridas Ovelhas para nós.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
Ler At 13,14.43-52; Sl 99(100);
Ap 7,9.14-17 e Jo 10,27-30.
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Maio de 2019, pp.
47-50 e Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo Pascal (Maio de 2019), pp.
38-41.
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