COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
TERCEIRO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Neste Terceiro
Domingo do Tempo Comum, Jesus continua a se manifestar. Hoje ele se manifesta num culto semanal
na sinagoga de Nazaré, onde costuma participar, exercendo o ministério de
leitor. Jesus, a Palavra
de Deus viva e encarnada na história humana, proclama seu programa de
vida.
Nós comunidade de fé, seguidora de Jesus, escutamos como discípula fiel a Palavra do Senhor e renovamos o
nosso compromisso de vivê-la, nos tornando amigos e amigas de Deus.
Deus nos reúne em torno da sua palavra
a fim de celebrarmos a eucaristia, para a qual convergem o programa de Jesus e
a vida das nossas comunidades. Conscientes de que somos membros do único corpo
de Cristo, façamos, nesta liturgia, memória da prática libertadora do Senhor, o
ungido do Pai.
Ouçamos a palavra de Deus, a qual cria
comunidade e provoca a transformação dos corações, para que as pessoas se
sintam membros do corpo de Cristo e sejam, a exemplo dele, ungidas para a
missão.
Na celebração, a assembleia escuta a
palavra de Deus e dá adesão a ela. Por meio da palavra da Escritura, Jesus
revela sua missão. A comunidade é o corpo de Cristo e cada pessoa é membro
desse corpo. Cada Eucaristia, tornando presente Cristo libertador dos pobres,
deve ser marcada pela dimensão da liberdade.
Jesus realiza plenamente as Escrituras, anunciando a Boa Nova aos pobres, a liberdade aos que se
encontram aprisionados, a vista aos que não enxergam e a libertação aos
oprimidos. Assim ele cumpre o ano da graça do Senhor, proclamando a salvação
integral do ser humano, ou seja, a libertação de todas as formas de opressão. O
olhar fixo nas palavras e nas ações de Jesus, nos leve a centrar as forças no serviço ao Reino da vida.
O documento de Aparecida, no número
361, afirma que “o projeto de Jesus é instaurar o
Reino de seu Pai. Por isso, pede a seus discípulos: ‘Proclamem que está chegando o Reino dos céus!’ (Mt 10,7). Trata-se do Reino da vida. Porque a proposta de Jesus Cristo a
nossos povos, o conteúdo fundamental dessa missão, é a oferta de vida plena
para todos. Por isso, a doutrina, as normas, as orientações éticas e toda a
atividade missionária das Igrejas, deve deixar transparecer essa atrativa
oferta de vida mais digna, em Cristo, para cada homem a para cada mulher”. E no número 358, acentua: “as condições de
vida de muitos abandonados, excluídos e ignorados em sua miséria e dor,
contradizem com o projeto do Pai e desafiam os cristãos a um maior compromisso
a favor da cultura da vida. O Reino de vida que Cristo veio trazer é
incompatível com essas situações desumanas”.
A Palavra de Deus é sempre atual, pois fala da vida e da história do ser humano,
interpelando-o a gestos de amor fraterno e de partilha. Fortalece a fé e a
esperança para que todos sejam “Teófilo”, isto é, amigos de Deus. Ela deve ressoar em nossa vida e missão,
conduzindo-nos a uma prática libertadora integral, conforme a Boa Notícia trazida por Jesus de Nazaré.
Recebemos dons do Espírito para realizarmos nosso compromisso
batismal a serviço do Reino. Como membros do corpo de Cristo, somos impelidos a colaborar para
a realização do amor e da justiça. Formamos uma comunidade fraterna, chamada a
continuar a missão de Jesus. Que possamos ser instrumentos de libertação, participando das
alegrias e dos sofrimentos uns dos outros, tendo um cuidado especial com os
membros do corpo mais necessitados.
Que de fato, se cumpra a Palavra da Escritura que proclamamos e
ouvimos.
Que a Palavra que se faz carne no hoje da comunidade celebrante, Palavra que é luz para os olhos, alegria
ao coração, de fato seja traduzida na realidade, num programa de vida que
transforme todo tipo de morte em vida.
São Paulo compara nossa Igreja a um corpo, do qual a cabeça é o
próprio Cristo, e nós seus membros. A Palavra de
Deus proclamada ao longo do Ano Litúrgico nos remete à experiência eclesial das
primeiras comunidades cristãs, descritas no Livro dos Atos dos Apóstolos, bem
como nas Cartas de São Paulo. Somos convidados a sermos uma Igreja, isto é, um Corpo bem malhado,
sarado e cuidado, como dizemos de nossos físicos atualmente. Para isso é
preciso dieta balanceada: capacidade de acolhida, perdão, misericórdia, diálogo
com o diferente e, sobretudo humildade. Precisamos, também, malhar: fazer o
exercício do serviço ao invés da busca de cargos, poder e prestígios. Há
membros em nossas Comunidades de Fé que querem escolher qual membro será. Mas quem determina nossa
missão não somos nós mesmos, e sim o Espírito Santo. Há até quem pensa que poderia “barganhar” com o Espírito que conduz a Igreja de Jesus Cristo, tentando ser o
dedo indicador, o olho, ou não aceitando ser o dedo mínimo, aquele que fica
escondido no sapato. Tais eventos mutilam a Igreja; deformam-na, deixam-na aleijada. Imaginemos um corpo feito só de
olhos, ou só de dedos indicadores. Teríamos diante de nós um monstro, não um
corpo.
Outros ainda pensam que faltando à Comunidade não farão falta. Um corpo que seja
privado, mesmo pelo menor dos membros, torna-se um corpo portador de
deficiências. Por isso, TODOS são imprescindíveis. Ninguém pode faltar. Todos são importantes,
cada um na sua missão eclesial, discípula e missionária. Não mutilemos a Igreja de Jesus Cristo por querermos ser
melhores, e muito menos por nos sentirmos dispensados da Comunidade de Fé!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, meu abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler
Ne 8,2-6.8-10; Sl 18B(19); 1 Cor
12,12-30 e Lc 1,1-4; 4,14-21).
Fontes:
Liturgia Diária da Paulus de Janeiro de 2019, pp. 85-89 e Roteiros Homiléticos
da CNBB do Tempo Comum (Janeiro de 2019), pp.
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