COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
SOLENIDADE
DO NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Natal, festa da luz, das confraternizações e
troca de presentes. É festa que desce ao nosso coração e nos move em direção
das mãos estendidas que aguardam solidariedade.
É a festa da encarnação do Verbo, Palavra eterna do Pai,
em que seu ato solidário, assumiu nossa condição humana no seio de Maria pela ação do Espírito Santo. Ele mesmo, em
pessoa, é o presente a nós doado de forma incondicional. Ele é a luz que brilha nas
trevas, assim entendemos, porque Natal é festa de luz! Ele é a luz que
vai fulgurar e nos guiar como o Círio fulgurou no coração e na noite pascal,
anunciando o Ressuscitado!
Celebrando
a festa do nascimento de Jesus (Mistério da Encarnação), celebramos a realização da promessa de
Deus, conforme as Escrituras, de fazer Aliança de paz com a humanidade e de
inaugurar o seu reinado no mundo: “Hoje
nasceu para nós um Salvador, que é o Cristo Senhor, na cidade de Davi” (Lc
2,11). “Hoje” entoamos o anúncio dos
anjos “Glória a
Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens de boa vontade”.
Vamos tornar célebre o nascimento de Jesus em nossas vidas, em nossas
famílias, em nossa comunidade eclesial, com Maria e José, com o empenho de cultivarmos
relações solidárias entre nós, com gestos concretos de solidariedade com os
irmãos necessitados e a natureza inteira.
Somos convidados a formar coro com os
anjos: glória a Deus no mais alto dos céus e paz na terra às pessoas de boa
vontade. Jesus chegou até nós, trazendo-nos a salvação.
Com o nascimento do príncipe da paz,
chegou a salvação dos pobres e oprimidos. Por meio de Jesus, Deus entra na
história da humanidade para dela fazer parte. A graça de Deus traz salvação a
toda a humanidade.
A luz se manifestou para iluminar os
caminhos da humanidade, que anseia por paz e fraternidade. Acolhamos com
alegria a palavra de Deus, fonte de vida e salvação.
Os anunciadores da paz trazem grande
alegria ao povo. A palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós. Em Jesus,
todas as manifestações de Deus foram plenificadas.
A chegada do Messias Salvador é a Boa Notícia, pois ele traz a
vida em plenitude, a paz – “shalom” como a plenitude de bens para
todos os povos. Sua manifestação na história humana, no seio de um povo sofrido
e dominado, nos compromete a seguir seu projeto com fidelidade, cooperando na
nova criação, sonhada por Deus. O anúncio aos pobres,
tornando-os testemunhas, revela a gratuidade do seu amor.
Jesus é a luz que brilha no meio da escuridão, o Salvador que ilumina a vida dos pobres
e discriminados pastores, atentos aos sinais de Deus. Ele é a Palavra do Pai que se faz carne no
meio dos pequenos para ser o Emanuel, o Deus conosco. Em sua vida solidária revela-se o amor e a
ternura de Deus, a graça da salvação oferecida a toda a humanidade. Seu
exemplo nos impele a viver a solidariedade com os mais desamparados, a fim de
que todos participem da alegria e da felicidade em Deus.
Vamos render graças ao Pai
por ter trazido, em Cristo Jesus, a aliança definitiva conosco. Ele, Jesus, que nasce pobre entre os pobres, em Belém, está entre nós com os
sinais pobres e simples do pão que compartilhamos, dando graças ao Pai
por tal mistério.
Gosto de resumir o mistério do Natal
naquela frase que se pronuncia, durante a Celebração Eucarística, enquanto, na
Preparação das Oferendas, se coloca uma gotinha de água no vinho a ser
transubstanciado no precioso sangue do Senhor: “Pelo mistério
desta água e deste vinho, possamos participar da divindade do vosso Filho, que
se dignou assumir a nossa humanidade”. Aí está descrita a profundidade do mistério de Deus que nasce
igual a nós em tudo, menos no pecado. Nossa participação neste mesmo mistério
da Encarnação é apenas uma mínima gotinha de água. Todo o resto é por conta de
Deus, que oferece seu Filho amado em holocausto. Jesus derrama todo seu sangue,
lavando-nos de nossos limites e tornando-nos seres divinizados, ou seja,
candidatos à santidade. Basta seguirmos suas instruções evangélicas.
Portanto, viver o Natal do Senhor em
nossos dias, nos pede que acolhamos Sua proposta de vida e vida em plenitude.
Quando nasceu há mais de dois milênios, precisou cheirar a feno, porque só
encontrou lugar entre animais, numa manjedoura que até hoje nos comove, ao
contemplarmos os lindos presépios montados em nossos Templos e Lares. Hoje
Jesus já não mais meigo Menino, mas o Senhor de nossa vida, quer nascer
cheirando a Pessoas. Quer acostar-se na manjedoura de cada coração humano.
Oxalá, a manjedoura de nosso coração cheire a amor, paz, justiça, liberdade,
verdade e solidariedade. Eis o perfume que agradará ao Senhor, ao procurar
acolhida nas entranhas de nossa intimidade. Não corramos o risco de Jesus
passar adiante, já que não se deitará em manjedoura mal cheirosa de egoísmo,
individualismo, carreirismo, busca de poder e prestígio, mentira, hipocrisia e
falsidade.
Seja, enfim este Um Natal em que a Misericórdia seja maior que nossos pecados! O Rosto da Misericórdia seja beijado nos
presépios de corações humanos que se encontram diante do Natal do Senhor!
Desejando-lhes um abençoado, santo e
feliz Natal, meu abraço com a ternura de
meu coração,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler para a Missa da
Noite: Is 9,1-6; Sl 95(96); Tt 2,11-14 e Lc 2,1-14)
(Ler para a Missa do Dia:
Is, 52,7-10; Sl 97(98); Hb 1,1-6 e Jo 1,1-18)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Dezembro de
2018, pp. 81-92 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo de Natal de 2018, pp.
28-32.
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