ESTÃO BATENDO!
Pe.
Gilberto Kasper
Mestre
em Teologia Moral, Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em
Bioética, Ética e Cidadania, Professor Universitário, Docente e Coordenador da
Teologia na Faculdade de Ribeirão Preto da UNIVERSIDADE BRASIL e UNIESP S.A., Assistente
Eclesiástico do Centro do Professorado Católico, Assessor da Pastoral da
Comunicação e Reitor da Igreja Santo Antônio, Pão dos Pobres da Arquidiocese de
Ribeirão Preto e Jornalista.
Eis que alguém bate. Vamos atender?
A vida sempre nos surpreende com novas
oportunidades, novas chances a fim de evitar qualquer desperdício e nos
colocarmos sempre como discípulos, alunos do Bom Mestre que pacientemente ensina
a lançar nossas redes em águas muito turbulentas e pouco límpidas.
Chegando próximos de celebrar o Natal
do Senhor, temos em nossas mãos a ocasião propícia de revisitar as nossas
opções feitas durante este ano, se as nossas atitudes foram de acolhida, reconciliação
e perdão e assim criamos uma situação semelhante a um presépio, ou se
desgostosos e até desanimados não nos demos conta que o mundo inteiro “espera a
manifestação dos filhos de Deus”! Desse modo a celebração do Natal não pode se
reduzir nem se identificar com propaganda de final de ano, como se tudo fosse
acabar sem eira nem beira. Há muito tempo se diz que o mercado, a propaganda,
os interesses de comprar e vender transformou o Natal do Senhor em aniversário
sem aniversariante. Triste!
Entretanto, como a esperança não
falece, a Sagrada Liturgia nos entusiasma com o grande convite para que nos
deixemos visitar pelo Senhor que nos ama com amor eterno. Mais que as luzes que
piscam, mais que as musiquinhas de harpa natalina, mais que as propagandas de
Black Friday, a celebração do Natal do Senhor é um convite a acolhermos a Vida
que nos visita, o amor que nos procura, a salvação que nos quer encontrar e a
fraternidade que deseja renascer e se fortalecer entre os seres humanos. Natal
é a festa da vida que nasce e se renova em Cristo que bate à porta de nosso
coração e pergunta:- “posso entrar? Tem lugar para mim nessa festa”?
Durante o ano todo, muitas situações
vividas criaram espanto, temor e alimentaram o medo no coração de toda a
humanidade. Cristãos mortos dentro de suas igrejas, atos terroristas ceifando
vidas inocentes, egoísmo e desonestidade condenando milhares de pessoas a viver
sem saneamento básico e serviços de saúde, migrantes e refugiados sendo
tratados como se não fossem pessoas, nossos semelhantes e irmãos, além de
tragédias ambientais provocadas pela ganância de grupos econômicos que dominam
meio mundo.
Ao que parece estamos num contexto
semelhante ao da época da primeira vinda de Cristo. Como narra o evangelista
São Lucas, naquela época – como hoje – “não havia lugar para eles nas
hospedarias”. Muitas eram as preocupações daquele povo, como podem também ser
as nossas, o que desvia a atenção do verdadeiro motivo e motivador da festa: o
Cristo que ainda hoje procura se instalar no meio de nós trazendo como presente
e dádiva o amor que renova e transforma corações e realidade. Se o aceitamos,
se “lhe abrimos as portas de nosso coração e nossa vida, Ele faz a verdadeira
festa acontecer”! Mas é necessária e urgente a conversão de todos e de toda a
sociedade ao projeto de fraternidade que o Menino Jesus traz consigo. Não serve
uma emoçãozinha frívola de noite de natal motivada pelos velhos clichês dos
filmes natalinos... É sim a hora de não nos conformarmos com esse mundo e
mudar! Mudar o nosso jeito de pensar, de agir e de sonhar. É agora a hora de
transformar o mundo num verdadeiro presépio que acolhe o Senhor que vem a nós.
Quem o acolhe participa com Ele da festa da vida.
Feliz Natal, vida nova e esperança
viva para todos nós!
(Parceria
com Pe. João Paulo Ferreira Ielo, Pároco da Paróquia Imaculada Conceição de
Mogi Guaçu – SP)
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