COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
VIGÉSIMO
NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM
“Enviados para
testemunhar o Evangelho da paz”!
“Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Estamos no penúltimo domingo de
outubro, Dia
Mundial das Missões, da Obra Pontifícia da Infância Missionária, quando fazemos a coleta para as missões. É importante
relembrar a participação e o compromisso missionário de todos os membros da
Igreja. “Na Igreja de Cristo, todo
batizado é missionário”. Em conformidade com o lema de Aparecida, todo
discípulo é necessariamente missionário: “Discípulos
missionários em Jesus Cristo, para que nele nossos povos tenham vida”.
Nossa coleta seja generosa, signifique sim,
a partilha de
nossa pobreza, porém doação consciente e não aquilo
que nos sobra. Nossa oferta só agradará a Deus, se for parte de nós mesmos em
favor dos que necessitam de nossa benevolência para a evangelização. Pensemos
em nossos Padres Missionários em Manaus e Itacoatiara (AM), bem como de todos
aqueles que usufruírem de nossa pequena parcela, mas que somada será um alívio
na nobre Missão de todos que se despem do
conforto para anunciar Jesus Cristo além-fronteiras. Abramos mão de algo em favor de nossos irmãos
corajosos, o que será agradável aos olhos de Deus e recompensa provinda de Seu
Coração misericordioso.
Na Liturgia deste Vigésimo Nono Domingo do Tempo Comum, vemos novamente um anúncio da Paixão e celebramos o verdadeiro
significado do poder e do reinado de Cristo, que se traduz em serviço. Jesus inverte a lógica
humana e explicita a lógica de Deus, pela qual os últimos são os primeiros; os
que se elevam são humilhados; quem se humilha é exaltado; os que querem ser
grandes devem se tornar servidores de todos.
O serviço generoso e gratuito é o
norte do cristão, mas há sempre o risco de preferirmos o prestígio e
escolhermos ser servidos. Esta liturgia nos convida ao compromisso com o
projeto de Jesus, que nos dá lição de doação e nos revela sua missão. Neste
domingo das missões, celebremos em comunhão com todo o Brasil missionário,
chamado a partilhar o dom da fé.
Jesus veio para servir a humanidade e
por ela dar a vida. Apresentando o exemplo do servo sofredor, a palavra de Deus
nos convida a permanecer firmes na fé e no serviço fraterno e humilde ao povo
necessitado.
O servo de Javé é pessoa justa que
ofereceu a vida em expiação. Mesmo glorificado, Jesus continua nosso
intercessor. Jesus nos propõe algo difícil: servir, e não buscar ser servidos.
Com o pão e o vinho (deste domingo),
apresentemos a Deus a vida e os desafios dos missionários (nossa oferta generosa, a
Coleta das Missões), que atuam nas mais diversas
realidades em nosso país e no mundo.
A Palavra deste domingo questiona diretamente a lógica humana do poder e
reprova, tenazmente, toda forma de soberba, opressão ou carreirismo
discriminatório. Provoca as instâncias que exercem poder sobre o significado de
sua existência: existem para o serviço a ser prestado ou para si mesmas?
Para o
cristão, ser grande significa colocar-se a serviço; trabalhar em prol dos
outros. A autoridade provém da humildade.
Diante de
toda concepção mundana de poder, a Liturgia nos propõe pelo menos duas
dimensões do exemplo de Jesus. A primeira: a do Servo de Javé, que carrega a
culpa de outros para torná-los justos. Isso reporta ao evangelho, quando Jesus
afirma que o “Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar sua vida em resgate para muitos” (cf. v. 45). A segunda: o que motiva a atitude desse servo. Ela aparece na
segunda leitura, na qual Cristo é o sumo sacerdote que se compadece das
fraquezas dos seres humanos e se permite ser um de nós, provado como nós.
Não são, portanto, o poder e o
destaque que tornam alguém grande aos olhos de Deus, mas o quanto cada um é
capaz de compadecer-se do outro e colocar-se a serviço dele.
A Palavra de Deus deste domingo nos orienta claramente e destina-se a pessoas
públicas, que se colocam a serviço por livre vontade, escolhidas, nomeadas ou eleitas. O certo é que tais pessoas aceitam servir, o que implica que saibam o que significa de verdade ser SERVO!
O serviço a que se refere o Evangelho
deste domingo é endereçado a grupos de pessoas no nível familiar, social, eclesial
e político. Elegemos no Primeiro Turno Deputados Estaduais, Federais e
Senadores. Oxalá saibamos estar atentos, exercendo nossa cidadania em relação à
Assembleia Legislativa e ao Congresso Nacional. As Casas de Leis, não são as
Casas dos Eleitos, antes são Casas do Povo. Uma vez eleitos, são obrigados a
tratar o povo com respeito, dignidade, transparência, verdade e justiça. Nenhum
Político tem o direito de virar as costas a quem quer que procure. E os que já
o fizeram, legislando apenas para os que consideram seus “eleitores”, tratem de
mudar e converterem-se em SERVORES DO POVO TODO, abominando a ideia de que sua autoridade lhes dá o direito de
sentirem-se os donos da verdade, da vontade
e do próprio Povo. É urgente que o povo seja
mais politizado, participativo, atento e usufrua de sua dignidade e
cidadania não poucas vezes subestimada,
surrada e ferida. Ninguém seja excluído da mesa començal dos direitos de um
cidadão, filho de um País tão rico de possibilidades, mas que descuida da
maioria de seus cidadãos em suas necessidades básicas. Nosso povo não precisa
de honrarias, privilégios, nomes de ruas e praças: precisa urgentemente de
cuidados básicos, que lhe devolvam a dignidade, o orgulho e a esperança de dias melhores.
Teremos um Segundo Turno para eleger o
Executivo de nossos Estados e País. Não continuemos “desencantados” como nas Campanhas em que ouvimos promessas até hoje não
cumpridas. Já surgem em diversos cenários, Candidatos para as eleições de 2020.
Não nos deixemos iludir, muito menos subestimar em nossa capacidade de
discernir. Estejamos atentos às propostas mais contundentes, reais, concretas e
justas para os próximos anos de nossa Nação. Costumo pensar que a capacidade de
alguém que se dispõe a servir não se mede pelos ataques ao adversário. Quem perde saliva e
tempo falando mal do outro, é incapaz de propostas concretas e reais de
governo. Isso serve também para nós, ministros ordenados: não existe atitude
mais feia, do que assumir a liderança de uma comunidade e rasgar sua história
que lá encontra. Falar mal do colega que sucede é mais feio ainda. Quem chega,
deve ter a capacidade de amar e acolher quem e o que
encontra já em andamento. Do contrário não
passa de alguém em busca de poder, prestígio e honra. Isso não é nada humano, é
antes feio. Daí meu exercício comigo mesmo e
diário:
Também por causa das
eleições de Segundo Turno, neste ano, é antecipado o Dia Nacional da
Juventude. Peçamos a Deus que
inspire os jovens do país, neste dia nacional da juventude, a construir uma
cultura de paz para a superação das muitas formas de violência presentes em
nossa sociedade.
Desejando-lhes
muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 53,10-11; Sl 32(33); Hb 4,14-16 e Mc 10,35-45)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Outubro de 2018, pp. 73-76 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de
Outubro de 2018, pp. 71-76.
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