COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
VIGÉSIMO
QUARTO DOMINGO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
O Mês da Bíblia que estamos
trilhando, instituído em 1971, tem como meta instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e difundir o
conhecimento das Sagradas Escrituras. Já dizia São Jerônimo que ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo. A implantação desse mês temático colaborou na aproximação do Povo de Deus com a Bíblia. Cresce a consciência e o esforço
para a necessária animação bíblica de toda a pastoral. Propondo o estudo e a
reflexão do Evangelho de Marcos para este mês, a
Igreja deseja reforçar a formação e a espiritualidade de seus agentes e fiéis,
no seguimento de Jesus Cristo.
Na caminhada litúrgica que fazemos nos
reunimos para celebrar o Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum, em que a imagem
que perpassa o Evangelho de Marcos é Jesus como o Messias. Ele traz para a sociedade um ensinamento e
práticas centradas na justiça que gera relações novas e, consequentemente,
constrói o mundo novo.
Na sociedade que nos é dado viver,
proclamamos hoje uma página de Isaías. No terceiro “canto do servo”, ainda que
se sinta perseguido, o profeta mantém-se confiante, pois sabe que a seu lado
está Deus, que o auxilia. Com esta certeza, ele consegue levar em frente sua
missão, apesar dos obstáculos que encontra.
Jesus no Evangelho de hoje quer saber
dos discípulos qual é a compreensão deles acerca de sua identidade, de sua
pessoa. A resposta vem por meio da profissão de fé que Pedro faz em nome do
grupo. Depois disso, Jesus faz a primeira predição de sua paixão e morte. Em
seguida, convida os discípulos a segui-lo no caminho da cruz. Apesar de
proclamá-lo como o Messias, Pedro coloca-se como obstáculo à missão do Mestre,
pois, assim como os outros do grupo, ainda não tinha conseguido compreender
verdadeiramente o messianismo de Jesus.
Tiago mostra-nos que há uma “fé viva”
e uma “fé morta”. A primeira produz “frutos do bem”, a segunda não produz
nenhuma ação concreta, é simplesmente um ato intelectual de adesão a uma ideia.
Desejos e boas palavras não defendem o indigente do frio nem saciam sua fome.
Na vida da comunidade, sobretudo, no
contexto social e político, ainda reina a pedagogia de Pedro que consiste em
querer resolver as diferenças em conchavos, à parte. Precisamos assumir a
pedagogia de Jesus, em dizer as coisas abertamente e corrigir o erro
imediatamente. Jesus não fecha o olho ou relativiza o problema, nem adia o
conflito, mas o enfrenta e faz com que o outro assuma seus atos. Diz o que deve
ser dito, nem que doa. Dessa forma, possibilita que os companheiros cresçam e
se tornem maduros.
Não dá para seguir Jesus e querer
ficar somente com o que agrada. Seguir Jesus significa enfrentar e superar os
conflitos, e os sofrimentos inerentes de quem entrega a sua vida.
Por isso, a primeira condição para o
seguimento de Cristo é a renúncia de si mesmo, negar a si mesmo, correr o risco de perder a própria vida. Quem quiser controla-la irá perdê-la.
Morrer para si, concretamente,
significa enfrentar, “como profeta, as realidades que contradizem o Reino de
Deus” (cf. Evangelii Gaudium do Papa Francisco, n. 53-99), e dizer não: “Não a uma economia da exclusão. Não à cultura do
descartável. Não à globalização da indiferença. Não ao fetichismo do dinheiro.
Não à especulação financeira. Não à desigualdade social que gera violência. Não
à fuga dos compromissos. Não ao pessimismo estéril. Não ao mundanismo
espiritual. Não à guerra entre nós”.
É assim, vivendo esse compromisso,
diria o apóstolo Tiago hoje, que mostraremos a nossa fé pelas ações.
Finalmente, somos convidados a
colocar-nos no lugar de Jesus sempre: calçar suas sandálias, pensar seus pensamentos, falar suas
palavras, agir seu imensurável amor por todos,
indistintamente!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Is 50,5-9;
Sl 114(115); Tg 2,14-18 e Mc 8,27-35)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Setembro de 2018, pp. 59-62 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum de
Setembro de 2018, pp. 37-41.
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