COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
DÉCIMO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos Amigos e
Irmãos de Fé!
A comunidade, a casa de Jesus, comprometida com o bem e a
fraternidade, vive em tempos de ganância, violência, corrupção, impunidade,
enfim, um rosário de coisas que fazem o povo sofrer. E, ainda, tantas vezes, é
vítima de calúnias e suas lideranças são ameaçadas, perseguidas e até mortas
violentamente.
A Palavra de Deus do Décimo Domingo do Tempo
Comum vem ao encontro das comunidades e as motiva a
continuarem na luta e a melhorarem as condições de moradia, de emprego, de
salários e de pão para todos. A Palavra ajuda a identificar os
responsáveis por essa triste situação de fome, de injustiças, de violência e de
agressão à vida. Deus mesmo não quer o mal e muito menos compactua com ele.
Jesus veio para amarrar satanás e tirar do seu poder o povo explorado,
injustiçado e sem dignidade e liberdade.
Jesus constitui uma nova família com
os que fazem a vontade de Deus e entram no seu projeto de vida, aceita viver a
fraternidade, romper os padrões envelhecidos e carcomidos pelo tempo que não
mais se colocam a serviço do bem comum da população: a nossa comunidade.
Quem pratica o mal não se encontra
mais no lugar que lhe foi designado e confiado na criação. Deus o procura e
chama... E não o encontra. Onde estás?
Está, portanto, fora do lugar, longe do projeto original e distante da bênção
de Deus, que é vida e paz para todos. O local previsto e preparado por Deus não
é o pecado, o orgulho e a dominação, que distanciam os homens uns dos outros.
Os que pecam se sentem nus, como os escravos, despojados da liberdade e da
dignidade humana.
Ao se deixar conduzir pelo egoísmo, o
homem destrói a si mesmo e abala a ordem da natureza, que se revolta, perde a
fertilidade, chama catástrofes, produz cardos e espinhos...
A verdade continua a mesma: quem julga
poder proclamar sua independência diante de Deus, quem pretende construir seu
próprio mundo, quem se isola em seu egoísmo não considera Deus como seu amigo,
mas como um adversário a ser temido, evitado, mantido à distância. Ouvi o barulho dos teus passos no jardim e
tive medo: ou seja, a presença de Deus incomoda, coloca ruídos na
consciência e atrapalha o sossego do paraíso. Deus criou os homens para se
ajudarem. O pecado, ao contrário, os desune, os afasta uns dos outros e os
torna inimigos.
Colocados, neste domingo, frente a
frente ao Evangelho, concluímos como é importante cada um descobrir e assumir a
sua missão, contribuindo com a sua parte na construção de uma nova sociedade,
que é a família
de Jesus, cujo espelho é a comunidade litúrgica, a verdadeira mãe e irmã
do Senhor, onde se cultiva o bem, se vive a fraternidade, se partilha os bens e
se luta para melhorar a qualidade de vida de todos e para todos. Essa convicção
da missão ajudará a sair do comodismo, a vencer críticas e superar todo tipo de
dificuldades.
O grande convite da Palavra de Deus proclamada neste Décimo Domingo do Tempo Comum é a retomada de nossa identidade, como criaturas prediletas e
amados de um Criador louco de amor por nós. Afogados no consumismo, no egoísmo,
no individualismo e no hedonismo de nosso tempo, somos desafiados a testemunhar
uma comunidade humana mais configurada com nosso Criador. Jesus é nossa
referência: ele nos deixa a receita aparentemente simples, mas que no hodierno
de nossas relações nos desafia: o amor gratuito! Com quanta facilidade dividimos, mentimos, enganamos a nós mesmos
e aos outros. Gosto de dizer que não existem pessoas feias, mas têm as se
tornam feias pelas atitudes de egoísmo e de indiferença para com os que mais
precisam de nosso testemunho, de nossa solicitude, nem sempre à disposição de
quem está próximo e muito menos de quem não conhecemos, mas sofrem.
Celebramos no mês de Junho, inúmeras
festas: as Festas Juninas, que ressaltam os três Santos mais comemorados: Santo
Antônio, São João e São Pedro; o 110º Aniversário de Criação de nossa Diocese e
sua Elevação à Arquidiocese; o Aniversário de nossa Cidade, as celebrações do
Sagrado Coração de Jesus e Coração Imaculado de Maria. Incontáveis são as
Quermesses e Comemorações com fins lucrativos. São, também, incontáveis as
Celebrações que se utilizam da Liturgia, para explorar a dimensão
psico-emocional das pessoas. Muito barulho, muito “desopilar de fígado” e pouco
compromisso com a promoção da dignidade de nossos irmãos em dificuldade. A missionariedade e o discipulado de nossas
Comunidades de Fé, Oração e Amor esperam de cada um, compromisso concreto de conversão, coerência entre o que rezamos, cantamos, celebramos e vivemos! Enquanto não assumirmos uma Teologia da Ternura, pouco faremos
para que nossa cultura de morte se transforme em verdadeira Cultura de Vida!
Iniciamos, neste domingo, a preparação
da Celebração do
Padroeiro de nosso Espaço Cultural de Espiritualidade, Santo Antoninho. Nossa festa será
a liturgia bem celebrada, a bênção e distribuição de pães aos nossos irmãos
menos favorecidos e a visita sacerdotal às pérolas de nossa Reitoria: os enfermos e os idosos, que já não conseguem
celebrar conosco em nossa Igrejinha, neste dia 13 de Junho. Assim seremos para
eles A Igreja do Ir, levando-lhes o
alimento sacramental: o Viático – Jesus em Viagem, o pão bento, nossa
ternura, carinho e gratidão pela vida que dedicaram, enquanto puderam, à nossa
amada Santo Antoninho!
Desejando-lhes abundantes bênçãos, com ternura e gratidão, o
abraço amigo e fiel,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Gn
3,9-15; Sl 129 (130); 2 Cor 4,13-5,1 e Mc 3,20-35)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Junho de 2018, pp. 41-44 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Junho
2018), pp. 23-27.
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