COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
SEXTO
DOMINGO DO TEMPO COMUM
Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão,
tocou no leproso e disse:
‘Eu quero: fica curado!’” (cf. Mc 1,41).
Se puder escolher duas palavrinhas centrais que nos remetem à Palavra de Deus proclamada neste Sexto Domingo do Tempo Comum, seria: Compaixão e Dignidade! Trata-se de uma Compaixão Especial e de uma Dignidade Integral! Não uma dó apenas, e nem uma esmolinha a quem se encontra em
dificuldades, principalmente portadores de doenças contagiosas, incuráveis,
como a lepra! Tanto a Compaixão como a Dignidade implicam em compromisso. Da dó passamos a
comprometer-nos com a pessoa necessitada e sofredora.
O Profeta Eliseu indica o caminho a
Naamã que o procura para curá-lo de sua lepra. O Profeta não é milagreiro. Faz
com que o enfermo faça sua parte; participe do processo de sua própria cura. De
acordo com a página do Segundo Livro dos Reis, basta que Naamã se banhe sete
vezes no Rio Jordão para adquirir a cura. Mas Naamã, ao invés, esperava algo de
mão-beijada. Um milagre mais espetaculoso do que espetacular. Mas ouvindo seus
servos, Naamã fez o que Eliseu lhe sugeriu e curou da lepra.
Com frequência, também nós esperamos
as coisas acontecerem ou corremos atrás de coisas espetaculosas. O espetacular
é operado pelo próprio Criador, que deseja suas criaturas felizes e cheias de
saúde, realizando-se com a dignidade que lhes é conferida, por serem as
criaturas prediletas do próprio Deus. O grande espetáculo do milagre
Deus já operou; basta que nos demos conta disso e vivamos de acordo com a
Vontade de Deus para conosco, que não é outra, do que nossa própria felicidade
e realização plena. Ir ao Rio Jordão hoje, significa ir ao médico, confiar
nele, tomar os remédios e seguir suas orientações. Quem espera curas
milagreiras, sem participar do processo do restabelecimento da saúde, acaba
frustrado, porque Deus não é mágico e nós não somos suas petecas, porém suas
criaturas prediletas, convidadas a colaborar na administração das curas de
nossas enfermidades, sobretudo, da lepra do pecado!
O Evangelho de São Marcos determina uma das principais atividades
ministeriais da Missão de Jesus: com compaixão, devolver a dignidade aos enfermos, sobretudo aos excluídos da convivência social, por
causa de suas doenças contagiosas, como no caso da lepra. O processo da cura começa com a vontade da pessoa de querer a saúde!
O querer a cura, implica em ter fé, confiança e disponibilidade de
pedir: “Se
queres, tens o poder de curar-me”. Ao perceber a fé
de quem pede, Jesus imediatamente age com compaixão, respondendo: “Eu quero: fica curado!”. Muitos de nós,
ao sentirmo-nos curados, damos por encerrado o processo. Não é bem assim. Jesus
pede que as formalidades preceituais sejam cumpridas. Mais do que fazer
promessas e até mesmo cumpri-las depois, Jesus espera engajamento na Comunidade
de Fé, na Comunidade Eclesial, no Compromisso e no Testemunho de ternura, amor, compaixão e misericórdia para com os demais enfermos em nossas relações. Implica, também,
em zelarmos por uma melhor qualidade de vida. Sem nossa efetiva participação,
nada acontece. Somos os protagonistas de nossa própria saúde ou de nossas
enfermidades.
São Paulo, ao escrever sua Primeira
Carta à Comunidade de Corinto nos indica como melhor agir, para que também
nossas Comunidades gozem de saúde. A cura individual não combina com o
cristianismo. Somos responsáveis pela saúde da Comunidade à qual somos
inseridos. “Fazer
tudo para a glória de Deus... Procurar agradar a todos em tudo, não buscando
apenas o que é vantajoso para nós mesmos, mas para todos...”. Lembro-me bem dos três pecados paroquiais, que nosso saudoso Dom
Arnaldo Ribeiro, sempre elencava em suas Visitas Pastorais, e que precisam ser
superados: saudosismo, milindrismo e estrelismo. E a pior lepra a ser curada em nossas atividades ministeriais, pastorais e
missionárias é a inveja, ao lado de outras como: carreirismo,
competição entre agentes e clérigos, indiferença e insensibilidade com o
bem-estar da Comunidade, omissão, hipocrisia, fofocas caluniosas, falta de
transparência, para não dizer mentiras descabidas e a aguda falta de humildade!
O médico que cura as enfermidades de nossas Comunidades é o
próprio Cristo Jesus! Se não desviarmos
nosso olhar, nosso coração, nosso discurso, nossas atividades pastorais do Messias, seremos saudáveis e
protagonistas de Compaixão e de Dignidade num mundo que está simplesmente doente! Com a Campanha da
Fraternidade deste ano, possamos colaborar para com a FRATERNIDADE E SUPERAÇÃO DA
VIOLÊNCIA – Vós sois todos irmãos (cf. Mt 23,8).
Sejam todos muito abençoados. Com
ternura e gratidão, o abraço fiel.
Pe. Gilberto Kasper
(Ler 2 Rs
5,9-14; Sl 31(32); 1Cor 10,31-11,1 e Mc 1,40-45).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Fevereiro de 2018, pp. 46-49 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum (Fevereiro
de 2018), pp. 60-63.
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