Meus
queridos Amigos e Irmãos na Fé!
Concluindo as
celebrações natalinas, festejamos o Batismo de Jesus. Embora não precisasse ser
batizado, o Senhor quis se solidarizar com todo o povo que buscava o batismo de
João. Esta liturgia é momento favorável para relembrarmos e renovarmos nossos
compromissos batismais.
As leituras nos revelam o servo de Deus, fortalecido pelo Espírito
e enviado para proclamar a boa-nova da paz. Pelo batismo também nós recebemos o
Espírito que nos anima na missão e nos dá força para perseverar no bem.
Somos servos do Senhor a serviço da comunidade e responsáveis por
construir uma sociedade justa. Jesus é o servo fiel e o Filho amado e querido
do Pai. A prática da caridade e da justiça deve ser nosso diferencial diante de
Deus.
Em cada batizado que celebro, costumo
fazer três perguntas aos pais e padrinhos: Sabem o dia em que foram batizados? Quem (o padre) os batizou? São de Igreja, participando
de alguma Comunidade de Fé? Geralmente a reposta é “NÃO”. Quem não sabe o dia do
batizado, também não o celebra, pelo menos, consciente e livremente. Talvez por
tradição, ou porque é hábito da família. Sem uma Comunidade, que sustente os
compromissos batismais, a fé recebida no dia de nosso batismo esclerosa,
resseca, mofa. Já o Ano Nacional do Laicato é um insistente convite, de que arejemos nossa fé, cultivando-a e
por meio dela, anunciemos as maravilhas que os dons do Espírito Santo realizam
naqueles que se abrem a Ele. Esconder tais dons significa insensibilidade,
indiferença e até omissão. Eis a hora de assumirmos nossa fé, como dom precioso
que nos é dado desde o “Útero da Igreja”, a Pia ou Bacia
Batismal!
A festa do Batismo de Jesus revela para nós mais uma dimensão de sua encarnação. É a
manifestação pública da sua missão. Solidário com o povo, Jesus também entra
nas águas do Jordão para receber o batismo. O seu mergulho na água se liga com
seu mergulho na nossa humanidade. Jesus se faz solidário, e mais ainda, Servo e
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele assume nossa condição humana,
num ato solidário, que o leva até a Cruz. É uma caminhada que vai em direção à
Páscoa.
Podemos nos perguntar se, a partir do Batismo de Jesus, procuramos
entender e concretizar o nosso batismo. Se estivermos dispostos a “mergulhar” no projeto de Jesus para construir relações humanas
construtivas, a começar pela família, no aconchego do lar, na escola, no
trabalho, na Igreja, no mundo, com atitudes solidárias, ecumênicas.
A liturgia desta festa, que encerra o Tempo do Natal, recorda o batismo de Jesus, por João Batista, nas águas do rio
Jordão onde ele é manifestado como Filho amado do Pai. Solidário com os que
buscavam a conversão e a vida nova, ele se deixou batizar,
enquanto permaneceu em oração. Em sintonia com o povo e com Deus, Cristo ouviu
a voz do Pai que o consagrou para cumprir o seu plano de salvação.
Jesus havia acolhido o movimento de
João Batista, a voz profética que ressoa, após anos de silêncio. Sobre ele
desce a plenitude do Espírito Santo, a força do amor do Pai, para realizar a
sua vontade. Assim o Reino, que se manifesta através de seu ministério,
expressa o desígnio salvífico de vida plena para toda a humanidade. Quem o
segue no caminho do discipulado é impelido a trilhar o seu caminho de justiça e
de solidariedade.
Deus se revelou em Jesus,
confiando-lhe a missão de Servo e Filho amado. Pelo batismo, mergulhamos no
mistério da morte e da ressurreição de Jesus para vivermos a vida nova. Em
Cristo, recebemos o Espírito para a missão e fomos adotados/as como filhos e
filhas de Deus. Somos gerados a cada dia, pelo amor misericordioso e bondade
infinita do Pai, para renovarmos a nossa adesão e o nosso compromisso com o seu
Reino.
Iluminados e “banhados em Cristo, somos uma nova criatura! As coisas antigas já se
passaram, somos nascidos de novo”. Unidos a Cristo, o Ungido do Pai, nos
tornamos continuadores de sua missão profética, sacerdotal e régia. Ele nos
confirma no anúncio e testemunho da Boa Nova do Reino, pois “passou a vida fazendo o bem e curando a
todos os que estavam sob o poder do mal”.
Vamos abrir o ouvido do coração para
acolher a voz do Pai, que ressoa dentro de nós, e que declara nossa missão: Tu
és minha filha muito amada, tu és meu filho muito amado.
O Batismo é nosso segundo parto.
Primeiro partimos do útero de nossa mãe. Quando batizados, partimos do útero da
Igreja, preparando-nos à luz da fé que nele recebemos, para o parto definitivo,
que se debruça sobre a esperança de que morrendo, partindo do útero da terra,
veremos Deus como Deus é, e isso nos basta. Renovemos nossos compromissos
batismais, buscando viver nosso Batismo na relação com Deus, que nos adota como
seus de verdade, e com os outros, que se tornam nossos irmãos, para
santificar-nos. Todo batizado torna-se um ser divinizado, isto é, candidato à
santidade. Por isso não é nenhuma pretensão descabida, queremos ser santos.
Devemos, isso sim, esforçar-nos todos os dias, para sermos santos.
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço sempre amigo e fiel,
Pe. Gilberto kasper
(Ler Is
42,1-4.6-7; Sl 28(29) e Mc 1,7-11).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Janeiro de 2018, pp. 35-37.
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