COMENTANDO A
PALAVRA DE DEUS
PRIMEIRO
DOMINGO DO ADVENTO
Com o Primeiro Domingo do Advento iniciamos o Novo Ano Litúrgico, e nossa preparação para o Natal do Senhor! A liturgia nos
faz forte apelo à vigilância, para estarmos acordados e
atentos, pois o Senhor vem vindo e nos visitará. Abramos mente e coração para
acolher a graça e a paz que vêm da parte de Deus.
Deus se revela nosso Pai e redentor e
nos restitui a dignidade perdida. Também nos convida a estar atentos e
vigilantes para que, ao visitar-nos, nos encontre preparados. A exemplo de
Paulo, louvamos a Deus pela graça que nos concede em Jesus Cristo.
O povo reconhece estar distante dos
caminhos do Senhor e deseja a sua vinda. Fiquemos sempre atentos e preparados,
pois Deus quer nos visitar. Todos somos chamados à comunhão plena com Cristo.
O início do ano
litúrgico nos convoca a exercitar uma das grandes virtudes cristãs: a esperança. Mas embora
estejamos no seu começo, a liturgia, qual uma bússula, nos faz olhar para as
realidades do fim, como que nos ensinando a direção, apontando a meta e
orientando a nossa existência para Deus. Os cristãos são o povo da esperança, a confiança e o
otimismo em relação ao reinado de Deus e sua definitiva instauração com a
segunda vinda de Jesus tem, para nós, sabor de realização, plenitude e
salvação. Jesus, convocando à vigilância, nos alerta para que, por desatenção, não sejamos surpreendidos
enquanto dormimos. O sono, imagem da morte e da noite do pecado, conota falta
de comunhão com o Senhor, o Vigilante por excelência, que não foi tragado pelo sono da morte.
Mas realizar coisas, boas ações ou
orações, não diz tudo a respeito da vida cristã. Existem tantas pessoas que oram
e realizam boas coisas e talvez sejam até melhores do que nós naquilo que
fazem... Nossa experiência de fé é pautada na vida em Jesus Cristo. Mais do que
esperar Jesus, nós esperamos nele! As boas ações e a oração que fazemos são
frutos de uma comunhão com ele, índice de nosso vínculo batismal com o Senhor,
antecipação da vida futura que ele nos garante e nos reserva. É por isso que
somos povo da esperança, pois o fato de
estarmos tão intimamente ligados a ele, não só prolonga a sua ação salvadora no
mundo, mas antecipa aquilo que para nós está reservado na vinda do Filho de
Deus. Na aurora de um novo dia, como porteiro, nos postamos no limiar desse
novo tempo que Jesus inaugurou. Vigiar é esperar com alegria e confiança as realidades futuras que já vivemos,
permitindo que chegue ao mundo pela porta do nosso agir e da nossa oração o Desejado das nações.
Embora os tempos continuem difíceis e
desafiadores, quiçá mais complexos, não estão nos faltando a atenção aos
crucificados de hoje, às perseguições e injustiças, mas também à vida que
insiste e resiste, bem como aos sinais que nos anunciam a chegada do Filho de Deus? O mandato do
Senhor continua válido: “o que vos digo, digo a todos: Vigiai!”. Entendemos isso a partir da nossa
comunhão com ele, sempre perseverantes na oração e no bem que devemos fazer por
causa dessa comunhão, sem perder a alegria e a confiança que marcam nossas
vidas e a nossa missão.
Mas como fazemos o exercício da espera? Como a esperança acontece em nós e
por quê? A quem aguardamos? Todas essas questões nos ajudam a compreender a
comunidade e a nossa própria vida, como existência pautada pela expectativa. A vigilância é a couraça da esperança. Vigia quem espera confiante e alegre, pela vinda do
Senhor, quem trabalha pela construção de um mundo melhor, quem exercita o amor
pelo próximo, sobretudo o mais desvalido, quem “sintoniza” sua vida na
frequência do Evangelho e do Espírito de Deus, quem promove a paz e a justiça e
quem não descura da vida de oração e de busca pelo Senhor. Desde a sua origem a
Igreja repete a súplica pela vinda dele – Maranatha! – e pelo Reino, na oração do
Pai Nosso. A Igreja nasceu suplicando e desejando o Reino porque experimentou e
vive da Páscoa de Jesus, penhor das realidades definitivas.
É preciso dispor-se a ser
evangelizado. Quem está em processo de Evangelização se torna evangelizador. O
encontro com o Verbo encarnado impulsiona a anunciar a outros a feliz
experiência.
A corresponsabilidade na obra
evangelizadora deve suscitar nos batizados a percepção das necessidades na
sustentação dessas atividades, levando-os à solidariedade através da
contribuição para que a Igreja tenha recursos para evangelizar e manter seus
organismos e pastorais nos níveis: paroquial, diocesano e nacional (CNBB e suas
subsedes Regionais – 17). A solidariedade de todos contribuirá para que a
evangelização possa atingir as regiões mais desprovidas de recursos
financeiros, como a Amazônia ou as periferias das grandes cidades.
Sendo o Advento uma especial preparação para a Solenidade do
Natal do Senhor, o convite é de alegre vigilância e profunda esperança nele! Um dos exercícios muito proveitosos e
práticos para o Advento parece simples, mas não é: Não falar mal de
ninguém neste rico tempo! Pode parecer
simples, mas trata-se de um exercício muito difícil, embora santificador. Mesmo
sabendo ou constatando erros nos outros, guardar para si, no silêncio do
coração, em segredo, sem espalhar a ninguém o erro cometido. Tentemos todos os
dias, até o Natal, Não falar nadinha de mal
sobre ninguém!
O outro exercício está ligado à Coleta para a
Evangelização realizada no Terceiro Domingo do Advento – GAUDETE, O Domingo Rosa – Domingo da Alegria! Neste primeiro domingo receberemos um pequeno envelope a ser
devolvido no domingo da Coleta. Que valor colocaremos neste envelope? Eis o
segundo exercício do Advento: pensando nos irmãos em dificuldades, dispor-nos a partilharmos da nossa pobreza em favor de uma Evangelização mais eficaz. Portanto, no envelope,
deveremos depositar nossos exercícios penitenciais deste rico tempo de vigilância e conversão! Deixar de
consumir e o resultado de tal renúncia será o resultado de nossa doação. Não
consumir algum refrigerante, guloseimas, outros prazeres somados, deveriam se
converter em frutos saborosos de nossa participação consciente nesta Coleta!
Finalmente,
possamos pensar em ser mais presença do que dar presentes neste Natal. E, se quisermos dar algum
presente, evitemos a “cultura do consumo”, pensando em quem precisa mais do que
nós. Um belo gesto concreto seria tornar-nos, quem sabe, colaboradores do FAC – Fraterno Auxílio Cristão, destinando uma pequena parcela de nossos presentes natalinos aos mais surrados pela vida:
nossas Famílias em situação vulnerável do
Núcleo Dom
Hélder Câmara, nossas crianças, adolescentes e
jovens em situação de risco do Núcleo Dom Bosco. Ligue já para o FAC e seja um
sócio colaborador, oferecendo seu presente de Natal ao verdadeiro
aniversariante estampado no rosto de nossos pobrezinhos assistitos: (16)
3237-0941/3237-0941. Ou então faça-nos uma
visita, de segunda a sexta-feira entre 8 e 17 horas: Rua Barão do
Amazonas, 881 – Centro de Ribeirão Preto!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com ternura e gratidão o abraço
amigo,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 63,16-17.19; 64,2-7; Sl 79(80); 1Cor 1,3-9 e Mc 13,33-37).
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Dezembro de 2017, pp. 21-24 e
Roteiros Homiléticos da CNBB para o Tempo do Advento (Dezembro de 2017), pp.
7-10.
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