Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor.
se clamar por mim em qualquer provação,
eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre”.
O Senhor é nossa salvação e está sempre
pronto a ouvir e atender nossos clamores. Ele nos convida a participar da
construção do reino de Deus e nos oferece a possibilidade de receber seus dons,
ouvir sua palavra e experimentar seu amor para com toda a humanidade.
Nossos pensamentos estão, às vezes, muito longe dos
pensamentos de Deus. As parábolas de Jesus nos deixam inquietos precisamente
porque mostram que a bondade e a justiça divinas superam nossos cálculos
mesquinhos.
Sempre é tempo de conversão, de buscar o Senhor. O cristão
deve surpreender pela sua bondade com os mais fracos. A preocupação principal
do evangelizador é dedicar-se à comunidade para que ela viva conforme o
evangelho.
A eucaristia nos dá ocasião de agradecer a Deus pelos dons
recebidos e apresentar os frutos que a semente da palavra produziu em nós.
A Palavra de Deus do Vigésimo Quinto
Domingo do Tempo Comum nos faz uma pergunta muito pertinente: “Você está com ciúme porque estou sendo generoso?”
As situações de ciúme e de
inveja são muito percebidas e sentidas em nossas relações, as
mais diversas: pessoais, familiares, eclesiais, sociais, políticas e de mercado
de consumo...
O Evangelho deste domingo nos leva a pensar no trabalho, na
oportunidade de emprego, no sustento da família e na vida digna para todos.
Angustia ao coração humano e sensível, muito mais à consciência dos cristãos, a
multidão de desempregados, as pessoas que passam fome, a falta de moradias
dignas, as injustiças políticas e sociais e do outro lado, o número
privilegiado de pessoas ricas e poderosas que pouco se importam com os que não
têm pão, casa e emprego. É uma divisão complicada e fere profundamente o
coração humano.
A liturgia deste Vigésimo Quinto
Domingo do Tempo Comum – no Dia da Bíblia - nos ajuda a fazer uma reflexão sobre
essa situação e nos aponta caminhos na perspectiva do patrão que saiu a
contratar operários, desde a primeira hora, para trabalhar na sua vinha. Porém
a liturgia corre o risco de ser lida e entendida de uma maneira espiritualista.
Mas ela tem sérias implicações econômicas, políticas e sociais. A vinha,
símbolo do povo de Israel, tem a missão de garantir vida e segurança para
todos. O Senhor cerca e cuida dela para que produza frutos.
Mas que frutos e para quem? A história da Igreja e dos
cristãos é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar
trabalhadores para a sua vinha. Vinha são os espaços dignos e alimentos
necessários para os filhos e filhas de Deus. A Igreja e a comunidade têm a
missão de cuidar dessa vinha para que produza justiça, liberdade e pão para
todos.
Recordamos o apóstolo e evangelista São
Mateus que apresenta Jesus como o Mestre da Justiça. Lemos seu Evangelho neste ano do calendário
litúrgico.
Para uma melhor compreensão da parábola do patrão justo, é
bom ler Mateus
de 19,30 até 20,16. Existe uma moldura para essa parábola: “Muitos
primeiros serão últimos e últimos serão primeiros”. O versículo
inicial anuncia a inversão de valores, e o final explica a relação correta
entre Deus e a humanidade. É no trabalho cotidiano que Deus se revela e nós
demonstramos nosso empenho pela justiça.
Deus não é injusto ao ser generoso. A bondade de Deus ultrapassa
os critérios humanos. Lembro-me ao meditar a Palavra deste domingo, de uma
frase que marcou muito minha vida, proferida sempre por minha saudosa mãe: “Meu Filho, o
combinado não sai caro!...”, querendo ensinar-me que devo sempre cumprir com o prometido, e fazer até mesmo
mais do que prometi, quando estiver ao meu alcance. Isso não nos parece claro
no Evangelho? O que importa não é o quanto fazemos, mas o como fazemos.
Deus ultrapassa todas as nossas limitações e o nosso jeito
de entender a vida. Tanto quanto as
nuvens estão longe de nosso chão, assim são nossos planos de Deus com relação à
nossa estreiteza de visão e de projetos. Mas Deus se deixa encontrar, está em
nossos caminhos para transformá-los em caminhos de Deus. Isaías nos revela que
Deus nos convida a abandonar nossas maquinações e assumir a generosidade de
Deus. Assumindo o projeto de Jesus, nossos caminhos se aproximarão do caminho
do único “Patrão” que devemos ter. “Patrão” que é o Pai de Jesus, Pai Nosso!
Ciúme e Inveja atrapalham
relações harmoniosas entre as pessoas. Um bom exercício para nós, nesta Vigésima Quinta Semana do Tempo Comum,
poderia ser uma profunda revisão, desde as entranhas de nossa intimidade, o
quanto temos sido generosos com os outros e o
quanto temos prejudicado os outros em suas atividades pessoais, familiares,
sociais, eclesiais (principalmente em nossas Comunidades e, sobretudo entre nós
clérigos, já que não conheço pior dano do que a Inveja Clerical),
políticas (quantos horrores ouvimos entre nossos políticos!..., dos interesseiros,
que somam lamentavelmente a maioria, já que honestos dificilmente sobrevivem ao
sistema corrupto e diabólico de nossa falsa democracia), profissionais
e tantas outras atividades, até mesmo na esfera do voluntariado?
Concluo minha reflexão com Santo Agostinho: “A esperança tem
duas filhas, lindas, a raiva e a coragem. Raiva do estado das coisas e coragem
para mudá-las!”. Não nos falte a Esperança
de que podemos mudar as coisas, se quisermos e usar da coragem que o Senhor nos confere!
Desejando
a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 55,6-9; Sl 144(145);
Fl 1,20-24.27 e Mt 20,1-16).
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