terça-feira, 19 de setembro de 2017

XXV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Meus queridos Amigos e Irmãos na Fé!
“Eu sou a salvação do povo, diz o Senhor.
se clamar por mim em qualquer provação,
eu o ouvirei e serei seu Deus para sempre”.

            O Senhor é nossa salvação e está sempre pronto a ouvir e atender nossos clamores. Ele nos convida a participar da construção do reino de Deus e nos oferece a possibilidade de receber seus dons, ouvir sua palavra e experimentar seu amor para com toda a humanidade.
          Nossos pensamentos estão, às vezes, muito longe dos pensamentos de Deus. As parábolas de Jesus nos deixam inquietos precisamente porque mostram que a bondade e a justiça divinas superam nossos cálculos mesquinhos.
          Sempre é tempo de conversão, de buscar o Senhor. O cristão deve surpreender pela sua bondade com os mais fracos. A preocupação principal do evangelizador é dedicar-se à comunidade para que ela viva conforme o evangelho.
          A eucaristia nos dá ocasião de agradecer a Deus pelos dons recebidos e apresentar os frutos que a semente da palavra produziu em nós.
          A Palavra de Deus do Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comum nos faz uma pergunta muito pertinente: “Você está com ciúme porque estou sendo generoso?” As situações de ciúme e de inveja são muito percebidas e sentidas em nossas relações, as mais diversas: pessoais, familiares, eclesiais, sociais, políticas e de mercado de consumo...
          O Evangelho deste domingo nos leva a pensar no trabalho, na oportunidade de emprego, no sustento da família e na vida digna para todos. Angustia ao coração humano e sensível, muito mais à consciência dos cristãos, a multidão de desempregados, as pessoas que passam fome, a falta de moradias dignas, as injustiças políticas e sociais e do outro lado, o número privilegiado de pessoas ricas e poderosas que pouco se importam com os que não têm pão, casa e emprego. É uma divisão complicada e fere profundamente o coração humano.
          A liturgia deste Vigésimo Quinto Domingo do Tempo Comumno Dia da Bíblia - nos ajuda a fazer uma reflexão sobre essa situação e nos aponta caminhos na perspectiva do patrão que saiu a contratar operários, desde a primeira hora, para trabalhar na sua vinha. Porém a liturgia corre o risco de ser lida e entendida de uma maneira espiritualista. Mas ela tem sérias implicações econômicas, políticas e sociais. A vinha, símbolo do povo de Israel, tem a missão de garantir vida e segurança para todos. O Senhor cerca e cuida dela para que produza frutos.
          Mas que frutos e para quem? A história da Igreja e dos cristãos é como a história do patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha. Vinha são os espaços dignos e alimentos necessários para os filhos e filhas de Deus. A Igreja e a comunidade têm a missão de cuidar dessa vinha para que produza justiça, liberdade e pão para todos.
          Recordamos o apóstolo e evangelista São Mateus que apresenta Jesus como o Mestre da Justiça. Lemos seu Evangelho neste ano do calendário litúrgico.
          Para uma melhor compreensão da parábola do patrão justo, é bom ler Mateus de 19,30 até 20,16. Existe uma moldura para essa parábola: “Muitos primeiros serão últimos e últimos serão primeiros”. O versículo inicial anuncia a inversão de valores, e o final explica a relação correta entre Deus e a humanidade. É no trabalho cotidiano que Deus se revela e nós demonstramos nosso empenho pela justiça.
          Deus não é injusto ao ser generoso. A bondade de Deus ultrapassa os critérios humanos. Lembro-me ao meditar a Palavra deste domingo, de uma frase que marcou muito minha vida, proferida sempre por minha saudosa mãe: “Meu Filho, o combinado não sai caro!...”, querendo ensinar-me que devo sempre cumprir com o prometido, e fazer até mesmo mais do que prometi, quando estiver ao meu alcance. Isso não nos parece claro no Evangelho? O que importa não é o quanto fazemos, mas o como fazemos.
          Deus ultrapassa todas as nossas limitações e o nosso jeito de entender a vida.  Tanto quanto as nuvens estão longe de nosso chão, assim são nossos planos de Deus com relação à nossa estreiteza de visão e de projetos. Mas Deus se deixa encontrar, está em nossos caminhos para transformá-los em caminhos de Deus. Isaías nos revela que Deus nos convida a abandonar nossas maquinações e assumir a generosidade de Deus. Assumindo o projeto de Jesus, nossos caminhos se aproximarão do caminho do único “Patrão” que devemos ter. “Patrão” que é o Pai de Jesus, Pai Nosso!
          Ciúme e Inveja atrapalham relações harmoniosas entre as pessoas. Um bom exercício para nós, nesta Vigésima Quinta Semana do Tempo Comum, poderia ser uma profunda revisão, desde as entranhas de nossa intimidade, o quanto temos sido generosos com os outros e o quanto temos prejudicado os outros em suas atividades pessoais, familiares, sociais, eclesiais (principalmente em nossas Comunidades e, sobretudo entre nós clérigos, já que não conheço pior dano do que a Inveja Clerical), políticas (quantos horrores ouvimos entre nossos políticos!..., dos interesseiros, que somam lamentavelmente a maioria, já que honestos dificilmente sobrevivem ao sistema corrupto e diabólico de nossa falsa democracia), profissionais e tantas outras atividades, até mesmo na esfera do voluntariado?
          Concluo minha reflexão com Santo Agostinho: “A esperança tem duas filhas, lindas, a raiva e a coragem. Raiva do estado das coisas e coragem para mudá-las!”. Não nos falte a Esperança de que podemos mudar as coisas, se quisermos e usar da coragem que o Senhor nos confere!
Desejando a todos muitas bênçãos, com ternura e gratidão, o abraço amigo e fiel,
Pe. Gilberto Kasper
(Ler Is 55,6-9; Sl 144(145); Fl 1,20-24.27 e Mt 20,1-16).

Fontes: Liturgia Diária da Paulus de Setembro de 2017, pp. 72-75 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro/2017), pp. 21-26.



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