COMENTANDO A PALAVRA DE DEUS
VIGÉSIMO
QUARTO DOMINGO COMUM
Meus queridos
Amigos e Irmãos na Fé!
O Mês da Bíblia que estamos
trilhando, instituído em 1971, tem como meta instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e difundir o
conhecimento das Sagradas Escrituras. Já dizia São Jerônimo que ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo. A implantação desse mês temático colaborou na aproximação do Povo de Deus com a Bíblia. Cresce a consciência e o esforço
para a necessária animação bíblica de toda a pastoral. Propondo o estudo e a
reflexão do Evangelho de Mateus para este mês, a
Igreja deseja reforçar a formação e a espiritualidade de seus agentes e fiéis,
no seguimento de Jesus Cristo.
Na caminhada litúrgica que fazemos nos
reunimos para celebrar o Vigésimo Quarto Domingo do Tempo Comum, em que a imagem
que perpassa o Evangelho de Mateus é Jesus como o mestre da justiça. Ele traz para a sociedade um
ensinamento e práticas centradas na justiça que gera relações novas e,
consequentemente, constrói o mundo novo.
Na sociedade que nos é dado viver, o
Livro do Eclesiástico propõe a superação da lei do olho por olho e dente por
dente. Ele sintoniza com as bem-aventuranças e com o que Jesus ensina no
Pai-Nosso. Rezar e viver o Pai-Nosso rompe com preconceitos e introduz na
prática do Reino. E a melhor coisa mesmo é perdoar as injustiças a fim de que
Deus perdoe os nossos pecados. E o autor é muito prático dizendo que acima de
tudo, é necessário pensar no fim, na destruição e na morte que nivelam a todos.
Aí cessam o rancor e a raiva. E o Eclesiástico ainda aconselha a seguir os
mandamentos, síntese do projeto no qual todos podem usufruir da vida fundada na
liberdade e no respeito mútuo.
Jesus no Evangelho de hoje parte de um
fato corriqueiro do seu tempo em que as pessoas podiam ser vendidas como
escravas em troca de suas dívidas. Adverte severamente a Pedro, fazendo-o
perceber que o perdão fraterno se apoia na misericórdia do Pai, que é gratuita
e sem limites. É graças a isto que Pedro e cada um de nós podemos fazer parte
da nova comunidade dos que creem. Os cristãos são filhos de Deus. Também no que
se refere ao perdão das ofensas eles precisam se assemelhar ao Pai que está nos
céus. Devem ter um coração grande como o dele e manifestar e viver um amor sem
limites.
Jesus ensina: “Pai, perdoa as nossas
ofensas, como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”. Na cruz, perdoando os
que o matam, mostra que o seu amor é imenso como o do Pai. Quando, com toda a
sinceridade, rezamos como ele nos ensinou, quando cultivamos os seus
sentimentos em relação a quem nos prejudicou, então poderemos considerar-nos
filhos de Deus.
Somente o perdão pode salvar uma
comunidade da ruína e esse perdão precisa ser contínuo e total. Se pusermos
limites, já não seremos capazes de perdoar nem teremos “entranhas de
misericórdia”.
Paulo procura ajudar a comunidade a
superar a desunião entre fortes e fracos, buscando a união, resgatando a
dignidade de todos, como filhos de Deus, com direitos e deveres iguais. Ainda
em nosso tempo, os que são economicamente privilegiados, os que detêm algum
“poder” político, eclesiástico ou social, se comportam fortes diante dos
fracos, covardemente. Na verdade são fracos diante dos que são fortes, porque
portadores de igual dignidade por serem filhos do mesmo Deus!
Falamos facilmente de perdão e
misericórdia, mas nem sempre perdoamos e somos misericordiosos. Em nossas
Comunidades, na relação eclesial, mais marcamos as pessoas cujos erros vieram à
tona (como se marcam bois) do que perdoamos incondicionalmente. Selamos tantas
vezes as pessoas com adesivos na testa, ou nos afastamos delas como se fossem
contagiosas por terem caído aqui ou acolá. Tal comportamento geralmente é de
pessoas que se sentem melhores, perfeitas e certinhas aos olhos dos outros, não
obstante escondam pecados, geralmente até mais graves!
Finalmente,
somos convidados a colocar-nos no lugar de Jesus sempre: calçar suas sandálias, pensar seus pensamentos, falar suas
palavras, agir seu imensurável amor por todos,
indistintamente!
Desejando-lhes muitas bênçãos, com
ternura e gratidão, o abraço amigo,
Padre Gilberto Kasper
(Ler Eclo
27,33-28,9; Sl 102(103); Rm 14,7-9 e Mt 18,21-35)
Fontes: Liturgia Diária da Paulus de
Setembro de 2017, pp. 55-58 e Roteiros Homiléticos da CNBB do Tempo Comum II (Setembro
de 2017), pp. 16-20.
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